Casa nova

Era sexta a noite, saí do trabalho preocupada com o Antony, não o via desde o almoço na quarta-feira. Depois do incidente no domingo envolvendo três mulheres e o Antony praticamente nu na minha frente ele me jurou que não traria mais mulheres para a pensão, então algumas noites dormiria fora de casa.

O problema era que ele saiu na quarta e não voltou mais, eu já estava pensando mil coisas, e se ele tivesse se metido em confusão? Se um marido o pegou dentro do armário da esposa, ou se foi sequestrado ou morto? Então decidi, se o Antony não aparecesse até o sábado de manhã eu iria na polícia.

Estava na banheira tentando dissipar os pensamentos ruins sobre onde o meu irmão poderia estar, quando ouvi o Antony entrar gritando o meu nome na sala. Me enrolei na toalha e saí correndo ao seu encontro.

— Antony, o que houve? — Corri em direção a ele inspecionando o seu corpo atrás de algum ferimento. — Alguém te feriu?

— Não maninha, estou bem, estou ótimo. — Ele gritava eufórico. — Eu finalmente tenho o conteúdo do meu novo livro e você vai gostar, pode até me ajudar a escrever.

— Eu? Te ajudar a escrever? — Eu sempre lia os manuscritos do Tony, e até dava alguns pitacos, corrigia algumas coisas, mas tínhamos ideias totalmente diferentes, não entendia como eu ia ajuda-lo a escrever um suspense policial.

— Sim! — Ele nos levou até o sofá e nos sentamos. — Quero escrever um suspense policial que contém algumas histórias de amor.

Histórias de amor? E no plural? O que houve com o Antony?

— Me explica isso!

— Bom, depois que saímos do restaurante na quarta, eu caminhei pelas ruas como sempre faço, atrás de inspiração. Então vi um homem parado dentro de uma loja de chapéus femininos, eu quase surtei quando vi o sujeito. — O Antony se levantou empolgado. — Eu o vi a muitos anos atrás no jornal, ele era um traficante de mulheres ele as enganava e levava pra serem prostituídas, meu primeiro livro de sucesso foi inspirado nele.

Na hora me lembrei da história, o Antony ainda estava na faculdade e todos os jornais falavam sobre a prisão desse homem, ele seduzia mulheres e as levava para bordéis, uma das mulheres conseguiu escapar e o denunciou, ele ficou muitos anos na cadeia.

— Corri até ele, e o contei do meu livro, ele ficou feliz. — O Antony ria e pulava de empolgação. — Ele me disse que se casou com a mulher que o denunciou, da pra acreditar? Eles se perdoaram e se apaixonaram, era incrível! E me disse que estavam tentando engravidar e que haviam perdido um filho recentemente, que só faltava isso pra que a sua alegria fosse completa.

— Minha nossa!

— Depois a noite, eu estava com uma mulher no bordel e ela me contou que estava preocupada com a sua irmã, pois alguém havia raptado o seu sobrinho, ainda bebê.

— Minha nossa, que tristeza!

— Sim, e não foi só isso, na quinta eu encontrei com um policial, almoçamos juntos. — Isso era bem comum para o Antony, ele costumava sair, beber, ou comer com policiais só pra ouvir suas histórias e se inspirar. — Ele estava investigando o caso de um bebê que estava desaparecido e foi encontrado morto, não sabia a causa. E ele me contou que estava tendo um caso com a mãe do bebê e se dizia apaixonado. — O Antony sorria das histórias, enquanto eu achava tudo muito esquisito.

— Ok, e então qual vai ser a sua história?

— Vou criar a história de um casal criminoso, o homem é um ladrão, e sua esposa perdeu um filho e não consegue mais engravidar, ele então para vê-la feliz, sequestra bebês, mas ela não tem leite, e enjoa rápido do bebê, e o abandona para a morte, eles fazem isso muitas vezes, até que ela acha o bebê perfeito, e o sequestra, mas a polícia os persegue, enquanto isso o policial se apaixona pela mãe desse bebê especial e um romance proibido acontece. — Ele fala super empolgado. — Ainda não pensei em como vai terminar, mas vou começar a escrever amanhã.

— Nossa, é uma história e tanto. Mas no que vou te ajudar?

— Não sei nada sobre o amor, nunca li, nem senti nada assim. Então vai me ajudar a criar um amor doentio e um proibido. Já deve ter lido algo assim.

— Ok! Vamos escrever juntos, vai ser divertido.

— Vá se vestir, vamos sair para comemorar! — Me levantei e ia correr para o quarto, quando ele me puxou. — Ahh, tem mais uma coisa, comprei a casa, assinei hoje os papéis, amanhã de manhã vou te levar pra ver, e depois comeco a escrever, vai ter que cuidar da mudança e contratar empregados sozinha.

Eu pulei e abracei o Tony de alegria, finalmente teríamos uma casa só nossa. Enquanto estávamos assim felizes, a senhora Hammer bateu irritada em nossa porta.

O Antony abriu e ela entrou sem cerimônia, quando me viu na sala só de toalha e com o rosto vermelho de tanto que pulei e sorri, interpretou tudo errado.

— Oras, eu vim aqui justamente reclamar de sua pouca vergonha senhor Linx, mas vejo que é pior do que pensei, os dois são promíscuos e incestuosos. — Gritou!

— O que? — Eu gritei de volta. — Está louca?

— Nunca estive tão lúcida. — Ela continuava gritando. — Quero os dois fora daqui até segunda. Ou eu chamo a polícia. — Disse e saiu batendo a porta.

— Essa agora! — Me virei para o Antony. — Tudo isso é culpa sua. E agora?

— Bom, já temos a casa. Agora vamos apressar a mudança. — Ele disse na maior calma. — Vamos comemorar outro dia, agora vamos empacotar as nossas coisas, nos mudamos amanhã.

Fomos para os nossos quartos e começamos a empacotar tudo, liguei para a Mag, Mel e Tom, pedindo que fossem nos ajudar, ainda teria que comprar móveis e contratar empregados, tudo isso em dois dias e no fim de semana. Maldito Antony.

No dia seguinte levamos as nossas bagagens para a nova casa, era uma casa imensa e muito bonita. Tinha dois andares, uma área verde linda, garagem pra dois carros.

— Essa é a casa? — Perguntei espantada.

— Sim, não gostou?

— É linda, mas porque uma casa tão grande? Somos apenas dois.

— Bom. — O Tony suspirou. — Pensei bastante sobre isso. Não quero nunca mais ficar longe de você. — Ele fez um carinho no meu rosto. — E como você quer casar e ser mãe, eu pensei que tendo uma casa grande, não teria necessidade de se mudar. Serei um bom tio e um cunhado legal.

Abracei o Antony.

— Sim, obrigada por isso. Vamos ficar sempre juntos, eu prometo.

Em pouco tempo os meus amigos chegaram, fomos numa loja de móveis e eletrodomésticos e compramos algumas coisas principais, a casa já vinha com mesa e cadeiras de jantar, alguns sofás, armários, camas, então basicamente só os eletros, fogão, geladeira, enfim coisas básicas de uma casa. Voltamos e juntos começamos a arrumar tudo.

O Antony tratou de arrumar o seu escritório e se trancou lá pra começar a escrever o seu livro, enquanto eu e meus amigos arrumavamos a casa inteira. Terminamos quase a noite, só paramos pra almoçar num restaurante que havia no final da rua e trouxemos uma quentinha pro Tony. Ao final a casa ficou bem bonita e aconchegante. Eu estava muito feliz em nosso novo lar.

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