Meu nome é Guilherme e tenho 24 anos, me formei alguns meses atrás na faculdade de História e estou muito apreensivo, fui chamado pela minha antiga escola a lecionar no lugar de um professor antigo que de acidentou. Fiquei muito triste pelo Senhor Silvio mas não consigo esconder a alegria que sinto por ter sido recomendado pra tal função.
Enquanto caminho até a escola me pego pensando em como minha vida mudou de uma hora pra outra, meus pais se acidentaram a dois anos atrás e infelizmente faleceram. Minha mãe sempre pensou muito sobre o meu futuro e deixou dinheiro mais do que suficiente pra minha faculdade, a casa em que moro foi um presente do meu avô para os meus pais quando eles se casaram, ele faz questão de vir com a minha avó toda semana se certificar de que eu estou bem e que tenho comida na geladeira.
Me sinto muito sozinho desde que terminei com a Roberta (na verdade ela que terminou comigo), não tenho muitos amigos, o único em que eu confio de verdade é o Igor, ele é o meu melhor amigo desde quando eu tinha 5 anos, se mudou pra cada ao lado da minha e desde então nunca me deixou de lado (como certas pessoas). Os pais do Igor vem sempre na minha casa me convidar para seus projetos em família e mostrar que se eu precisar de algo, posso contar com eles, eu agradeço por ter conhecidos aqui, mas as vezes eu só quero ficar sozinho.
Não tenho hobbies, a única coisa que gosto de fazer é academia, ir treinar é um escape pra mim, minha companhia sou eu mesmo e confesso que sinto muita falta dos meus pais, as vezes meus avós me dizem que preciso de mais amizades mas sinceramente não preciso perder mais ninguém. O luto é uma coisa horrível.
Meu pai era professor, não de história, ele era professor de matemática, um dia, não me lembro por qual razão, ele me levou pra uma de suas aulas, ele dava aulas em universades, era um dos primeiros dias de aula e eu olhei com bastante atenção cada rosto de cada aluno que estava ali. Grande maioria deles olhavam meu pai com entusiasmo e curiosidade e ao olhar meu pai eu via que seus olhos brilhavam, ele amava ser professor, dizia que o conhecimento era a única coisa que ninguém poderia tirar de alguém. Naquele dia eu soube que queria olhares como aqueles em mim, queria espalhar conhecimento, mas não de matemática, Deus me livre, nunca gostei de exatas.
Comecei desde pequeno ajudando alguns amigos meus com seus deveres de casa, Igor tinha 100% de frequência. Não porque ele gostava, a verdade é que a mãe dele obrigava, ele era péssimo nos estudos mas era um ótimo amigo então eu fazia isso por ele. Não demorou muito até que a mãe dele, Dona Paula começasse a espalhar para o bairro inteiro que eu era um ótimo professor, eu fiquei com vergonha no começo, tinha apenas 10 anos, mas com o tempo passei a receber por isso, pouco mas recebia. E ver todas as mães daqueles valentões idiotas da escola quase me implorar em por ajuda era uma motivação e tanto.
Quando eu era mais novo eu não era um exemplo de beleza, usava um aparelho ridículo, era magrelo e pra ajudar ainda tinha um óculos enorme no meu rosto. Com o tempo (e o bullying que eu vinha sofrendo), minha mãe decidiu dar uma amenizada no meu sofrimento e me deu lentes de contato, nunca fiquei tão feliz antes, quanto aos dentes tortos, o aparelho resolveu com o tempo e já no fim do ensino médio o corpo foi se modificando com a academia.
Saio dos meus pensamentos assim que chego no portão da escola, entro e vou até o lugar que acredito que seja a diretoria.
Guilherme: Bom dia, tudo bem?
Recepcionista: Bom dia, posso te ajudar?
Guilherme: Sou o Guilherme, vou ficar no lugar do Professor Silvio enquanto ele está se recuperando.
Recepcionista: Ah sim, já me avisaram sobre você, a diretora Joana está te esperando na sala dela. É naquela porta ali.
Ela me indica a direção e assim eu sigo, eu já conhecia o Professor Silvio de outra escola mas a diretora não faço idéia de quem seja. Bato na porta e ela diz pra eu entrar.
Guilherme: Bom dia, sou Guilherme, o substituto.
Joana: Sei bem quem é, segundo o Silvio você foi por anos seu melhor aluno de história e não satisfeito resolveu se formar nisso.
Guilherme: Exatamente.
Joana: Certo, hoje estou com o dia cheio então vou ser rápida. Esse é o seu horário e aqui está as matérias que cada turma estava estudando com o Silvio, não me importo se não quiser tocar no mesmo assunto já hoje, desde que o conteúdo seja visto em algum momento desse semestre, comece por onde achar melhor. Alguma dúvida?
Guilherme: Bom, tenho sim, mas só sobre lançamento de notas e as questões mais burocráticas, como vocês está ocupada hoje posso ver com alguma outra pessoa.
Joana: Gostei de você, entendeu direitinho, amanhã pode retornar aqui com suas dúvidas e vou esclarecer tudo. Eu tenho que ir mas antes uma coisa. Não me importo se você vai fazer os alunos escrevem uma página ou dez no caderno, só exijo que a cada mês você aplique uma prova e que seus alunos tenham um bom resultado, colégios particulares como esse tem pais chatos a todo o momento nos cobrando. Então vou repetir: não me importa o método, somente o resultado. Entendido?
Eu fico um pouco assustado, ela já deixou claro que vou ser cobrado por um bom serviço mas o salário não é nada ruim então imaginei isso.
Guilherme: Entendi perfeitamente.
Ela se levanta da mesa e sai carregando uma bolsa, eu pego meu horário e vejo que tenho a primeira aula às 7:30, vejo a matéria, repasso ela na minha cabeça e saio da sala.
Recepcionista: Se precisar de algo pode vim até aqui, A Joana me disse que vai ser o professor substituto, seja bem vindo.
Guilherme: Muito obrigado, sabe me dizer se as salas tem quadros?
A mulher ri e no mesmo instante vejo o quanto minha pergunta foi idiota, é uma escola, claro que tem.
Recepcionista: Tem sim, você pode pegar os pincéis aqui mesmo comigo.
Vou até ela, pego o material que preciso e pergunto a direção da primeira sala, então começo meu primeiro dia de trabalho.
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Atualizado até capítulo 103
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