Sheila ficou parada por alguns segundos, secou suas lágrimas, respirou fundo e ao se virar, deu de cara com Ricardo, a segurando e tendo seus rostos muito próximos.
Sheila — "Che paura"! - disse "que susto"! com o coração acelerado.
Ricardo — Achei que ficaria a noite toda no celular. Depois ainda acha ruim quando eu digo que não presta atenção, quando está no telefone. - debochou, sem tirar os olhos dela.
Sheila — Não vou te dar o gostinho de voltar nesse assunto. - tentou sair de perto, mas ele continuou na sua frente.
Ricardo — Deixou alguém em São Paulo, à sua espera? - sua pergunta soou maliciosa.
Sheila — Estava ouvindo minha conversa? - perguntou indignada.
Ricardo — Por um acaso, escutei uma confissão de amor… - disse lhe dando um sorriso sínico.
Sheila — Mesmo não sendo da sua conta, falava com meu primo.
Ricardo — Me tira uma curiosidade… O que significa, "Asla"?
Sheila — Nunca.
Ricardo — Sério isso?!… Te trouxe até aqui comigo e custa dizer...
Sheila — Mas eu disse… "Asla" significa "nunca", em turco.
Ricardo — Também fala em turco? - perguntou espantado.
Sheila — Não. Só conheço algumas palavras.
Ricardo — Graças a Deus! - disse baixinho. – Vem, vamos entrar! - segurou na mão dela.
Sheila — O que está fazendo? - perguntou confusa.
Ricardo — Você está de salto e o caminho é todo de cascalho… seu salto pode ficar preso e corre um grande risco de cair. - respondeu a segurando com mais firmeza.
Sheila — "Aspettare". - disse "espera", olhando para a entrada. – Todas aquelas pessoas, também vão entrar? - perguntou esfregando seu pulso direito, da mão que ele segurava.
Ricardo — A maioria gosta de ficar conversando do lado de fora. - respondeu puxando-a, para que ela começasse a andar.
Sheila — E lá dentro,... é muito movimentado? - perguntou parando novamente.
Ricardo — Mais ou menos. Vamos ficar na parte de cima, numa mesa mais reservada. O movimento maior fica embaixo. - calmamente, tentou tranquilizá-la.
Começaram a caminhar com mais segurança, mas quando chegaram na porta, Sheila travou. Ricardo percebeu ela exitar, então, a encarou com firmeza em seus olhos.
Ricardo — Vamos fazer o seguinte… se achar que não está legal, é só me dizer e a gente volta… pode ser?
Sheila— Mas a Rafaella estava tão animada…
Ricardo — Não tem problema. Ela está entre amigos. São pessoas legais, vai gostar de conhecer. - sorriu pela primeira vez. – Confie em mim… não vou te deixar sozinha. - a viu aceitar.
Enquanto Ricardo falava, Sheila não percebeu que estavam dando um passo de cada vez. E quando ele terminou de falar, estavam dentro do barzinho. Ricardo a puxou para mais perto, andando na frente dela, formando um escudo até chegarem no andar de cima, encontrando os seus amigos.
Todos perceberam eles chegando de mãos dadas, olhando entre si para saber se alguém estava entendendo o que acontecia naquele momento. Ricardo logo apresentou Sheila a todos...
Beto, o mais velho da turma com vinte e seis anos, namorado de Thiana, vinte e quatro anos.
Serginho, com vinte e três anos, namorado de Renata, também com vinte e três anos.
Sentaram um ao lado do outro e todos foram se conhecendo um pouco mais. A tensão que Sheila teria sentido no início, estava aliviando.
Serginho — Estamos conversando e vocês não pediram nada até agora… O que vai querer beber, Sheila? Sabemos que Ricardo vai de suco.
Sheila — Não bebe nada alcoólico? - perguntou espantada..
Ricardo — Nada.
Sheila — Tá de brincadeira!? - disse não acreditando. – Mas já bebeu?!
Ricardo — "Asla". - disse vendo-a surpresa, com sua expressão. – Também não gosto que bebam… Mas como não tenho este direito, façam o que quiserem.
Sheila — Eu vou querer um chopp, bem gelado. - respondeu imaginando o gosto, depois de meses sem beber.
Beto — Aqui eles só tem cerveja.
Ricardo — Melhor escolher um suco.
Sheila — Pode ser uma cerveja bem gelada e muitos guardanapos.
Serginho — Não entendi pra que os guardanapos?! - disse intrigado.
Thiana — Talvez ela queira pedir algo pra comer.
Sheila — Pode ser uma porção de fritas, pra acompanhar. - disse aproveitando a ideia.
Beto — Vamos lá, me ajudar a trazer as bandejas. - levantou, puxando Ricardo.
Ricardo — Já volto! Está indo bem! - disse no ouvido dela, enquanto se levantava.
Todos na mesa, se olharam e ficaram novamente sem entender. Serginho ficou curioso em querer saber para que serviria os guardanapos, mas viu que Sheila iria fazer suspense.
Enquanto esperavam os pedidos, Beto não se aguentou de curiosidade, puxando o assunto com o seu amigo...
Beto — Que loucura é essa, Ricardo!... Como pode, a garota que discutiu com você no shopping, que vimos abraçada com seu vizinho, que pensávamos que eles eram amantes e, na verdade, é irmã do sócio do seu pai e agora, está aqui na nossa mesa.
Ricardo — Não tenho nem o que acrescentar, nesse seu resumo. - ele sorria, vendo a cara de espanto do seu amigo.
Sheila estava ficando mais à vontade, com a conversa sobre trabalho, estudos… até que chegaram no ponto da sua vida íntima, pois queriam saber se ela havia deixado um amor em São Paulo. Neste momento, Ricardo e Beto chegaram e o rumo da conversa mudou.
Sheila — Vou mostrar como uma verdadeira paulista, transforma sua cerveja em chopp. - disse vendo todos ficarem curiosos.
Renata — Até parece! - disse duvidando.
Sheila — Quem aqui consegue diferenciar o gosto da cerveja para o chopp? - perguntou enquanto pegava um copo e começava a fazer rolinhos nos guardanapos.
Serginho — Eu sou um degustador nato. - respondeu animado para a experiência.
Sheila pediu para Beto colocar as cervejas nos copos e foi colocando os rolinhos, deixando uma ponta para fora. Com essa ponta, era pra segurar e fazer movimentos de vai e vem, pra cima e pra baixo, formando uma espuma, deixando descansar por um minuto. Logo após, pediu pra eles beberem e sentirem a diferença.
Serginho — Não. Você tá de sacanagem… - disse abismado.
Sheila — Percebem que a cerveja fica mais leve. Isto é o que acontece, quando se põe os guardanapos… daí vem a transformação em chopp.
Beto — Sensacional!... - disse puxando os aplausos, chamando atenção de quem estava ao redor.
Duas garotas estavam sentadas atrás deles, os observando há um bom tempo e fazendo ligações a cada movimento na mesa onde todos estavam.
Quando os aplausos terminaram, surgiu uma garota aplaudindo, atrás do Ricardo.
Vanessa — Olá, docinho! - disse a morena, pondo as mãos nos ombros dele. – Uma festa e não me convidaram?! - perguntou desapontada. – O que estamos comemorando? - interrogou observando o silêncio de todos.
Ricardo — Não estamos comemorando nada. - respondeu retirando as mãos dela dos seus ombros.
Vanessa — Não vão me apresentar, a garota nova da turma?! - disse com um sorriso falso.
Sheila sentiu aquela mulher a fuzilando com o olhar e lhe devolveu o mesmo, com Ricardo as apresentando.
Vanessa — Ah... Não é a garota do shopping? - perguntou com cara de espanto.
Sheila — "Me stessa"... "eu mesma". - afirmou com um gesto de cabeça, a encarando.
Vanessa — Engraçado… nós juramos que você estava com o seu amante. - disse maldosa.
Sheila — Meu irmão. - respondeu, começando a se irritar.
Vanessa — Ah… Então você é a irmã do sócio, do pai do docinho?!
Rafaella — Mas que porcaria de docinho, que esta garota tanto fala? - perguntou achando aquilo ridículo.
Sheila — "Lei chiama suo fratello così". - disse "ela chama seu irmão assim", rindo baixinho.
Vanessa — Então automaticamente, você é a garota que meu docinho odiava, sem nem mesmo te conhecer. - revelou vendo eles se olharem.
Ricardo — Já chega! - disse levantando e puxando a garota para o andar debaixo.
O clima ficou meio tenso, mas Sheila quebrou o silêncio, deixando o clima ainda mais pesado.
Sheila — Alguém poderia me explicar, por que sou tão odiada por ele? - perguntou querendo entender.
Todos ficaram quietos com a pergunta, então Rafaella resolveu explicar, dizendo que na verdade, Ricardo ficou chateado, porque desistiu de fazer a faculdade que queria, para satisfazer a vontade do pai, que era administração, para poder tomar conta da empresa. Mas quando seu pai fez sociedade com Fabio e tinha uma irmã que era formada e trabalhava com ele há anos, Ricardo ficou de lado, pois não iria mais assumir o cargo que ele nem ao menos queria.
Thiana — Não liga para o que Vanessa disse... Aquela garota gosta de criar uma discórdia.
Renata — Até agora, não sei o que Ricardo ainda faz com essa garota. - disse desaprovando.
Serginho — É só para passar o tempo, meu amor! Sabe que Ricardo não se envolve com ninguém.
Sheila — Com uma companhia dessa, eu preferia ficar sozinha. - disse erguendo seu copo, fazendo um brinde.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Katia Cilene
gostando muito da sua história
2022-11-19
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