Fabio chegou, vendo sua irmã desesperada e tentou acalmá-la, mas sem sucesso. Sheila começou a chorar e ele a abraçou para confortá-la.
O rapaz que havia tido a discussão com ela, estava sentado com os amigos e viu ela abraçada com Fábio, que coincidentemente o conhecia.
— Aquele ali não é o sócio do seu pai, Ricardo? - perguntou o seu amigo, que estava ao seu lado.
— É ele mesmo. - respondeu pensativo.
— E aquela não é a garota, que você estava conversando lá fora?
— A própria. - replicou os observando, vendo uma intimidade entre eles.
— Mas o cara não é casado? - perguntou o amigo, ao recordar.
— Sim. E muito bem casado. - respondeu, vendo que ela estava chorando e parecia nervosa. – Este mundo tá virado, Beto… por isso, que não acredito nessa história de amor. - disse ainda mais convicto de suas decisões.
— Como assim, não acredita no amor, docinho?! E o que estamos fazendo juntos? - perguntou a morena, chateada com o comentário.
— Nunca disse que me envolveria com você ou qualquer outra garota por amor… Isso está fora dos meus planos. - afirmou terminando o assunto, enquanto observava eles indo embora.
Fabio saiu com sua irmã, indo até a marmoraria, mas percebeu que ela não teria ânimo para conhecer o local, então decidiu voltar pra casa.
Sheila não quis almoçar e foi direto para o seu quarto. Tentou descansar para relaxar, mas não conseguia.
No final da tarde, sua cunhada avisou que tinham visitas. Augusto, sócio do seu irmão, foi com sua família para lhe dar as boas vindas.
Fabio foi até a cozinha pegar o café para servir a todos e Ricardo foi ajudá-lo.
— Fui ao shopping hoje, encontrar uns amigos. - comentou Ricardo. – E por acaso, te vi passando…
— Sim, eu fui até lá. - disse pegando a bandeja com as xícaras. – Traz a garrafa do café, por favor! - pediu, voltando pra sala. – Passei um perrengue, que tá difícil até agora…
Eles colocaram tudo em cima da mesinha de centro, para que todos se servissem.
— Pode ficar tranquilo, que eu não digo nada. - disse Ricardo, percebendo que ele ficou sem entender.
Mesmo Sheila estando desanimada, mas tentando não demonstrar, desceu até a sala com sua cunhada, vendo todos reunidos.
— Finalmente vou conhecer esta "ragazza", tão esperada… - "garota", disse Augusto com seu sotaque italiano, indo ao seu encontro. – Prazer em conhecê-la! - ele lhe deu um beijou no rosto.
— " Il piacere è tutto mio". - "o prazer é todo meu", disse ela, com um sorriso, que logo desapareceu ao olhar para trás.
Ricardo ficou confuso no primeiro momento, mas não deixou transparecer.
Sheila ficou perplexa, quando viu o rapaz com quem havia discutido.
— Ela "parla" italiano. - " fala", disse Augusto, admirado.
Augusto, sócio da marmoraria, fez as honras de apresentar sua família. Sua esposa Helena, decoradora e sempre trabalhava com seu marido nos projetos.
Seu filho Ricardo, o mais velho de vinte e três anos, sempre trabalhou com seu pai e estava cursando a faculdade de administração.
E sua filha caçula Rafaella, dezoito anos, estava terminando o ensino médio e se preparando para qual curso da faculdade escolher. Com um sorriso encantador, simpatizou com Sheila, puxando-a para conversar.
Ricardo analisou e foi juntando as peças, percebendo que tinha cometido um grande engano. Pois a garota que teria visto com Fabio, era somente a irmã.
— Me diz uma coisa, Fabio… como pode sua irmã não se parecer em nada com você? - perguntou Rafaella, intrigada.
— A questão é que eu nasci de noite e ela de dia... por isso, sou moreno e ela branca. - respondeu ele, fazendo todos rirem.
Fabio, com trinta e cinco anos, é o segundo mais velho dos quatro irmãos, que começou a relembrar de histórias que passaram juntos.
— Já chegaram a pensar que éramos casados. Mas nosso tom de pele nem é tão diferente assim. - comentou Sheila, sendo observada por Ricardo, enquanto pegava uma xícara de café.
— Ela me deixa em situações difíceis até hoje. - afirmou Fabio, dando um tapinha na mão da sua irmã, fazendo-a soltar a xícara.
Ricardo observou a reação deles, achando estranho. Ficou prestando atenção no que sua irmã perguntava para Sheila, como idade, amigos, família…
— Está cursando alguma faculdade? - perguntou fazendo-a olhar para ele.
— Sou formada em administração e exerço a profissão faz três anos. Trabalho com meu irmão na marmoraria desde os quatorze anos e conheço tudo sobre mármores e granitos desde a minha infância. - respondeu, vendo-o ficar sem palavras.
— Meu irmão está cursando administração faz um ano. - disse Rafaella, pensativa. – Você poderia dar algumas dicas pra ele… - afirmou sorrindo. – Mesmo ele não gostando de te conhecer. - disse ela, sem pensar.
— Rafaella! - Helena olhou pra sua filha, a repreendendo.
— Ops!... Desculpa, falei sem pensar. - disse constrangida, deixando transparecer sua ingenuidade.
— Não se preocupe… Tem pessoas que não gostam de mim à primeira vista… e nem na segunda. - disse Sheila, fazendo-a rir.
— Me desculpem, mas tenho um compromisso com meus amigos e ainda vou me arrumar. - disse Ricardo, se levantando.
— Ah, poderia nos levar junto, maninho! - pediu Rafaella de imediato.
— Gostei. Uma ótima ideia, filha. - afirmou Augusto, vendo o olhar de reprovação do seu filho.
— Concordo. Afinal, Sheila está chegando agora e não conhece ninguém na cidade. - completou Helena. – Vai ser bom ela se enturmar com a galera. - disse rindo da expressão que usou.
— Não acho que seria uma boa ideia. - respondeu Sheila, vendo Ricardo ficar calado.
— Claro que vai. Assim você não fica pensando no… - ao ver a expressão de sua irmã, achando desnecessário o comentário, Fabio se calou.
— Bom, eu vou sair dentro de quarenta minutos… - disse Ricardo, olhando para seu relógio. – Se não estiverem prontas lá fora, eu saio sem avisar.
— Pode usar meu carro, filho. - ofereceu Augusto. – Não vai dar pra levar as duas na sua moto. - disse vendo seu filho confirmar com o polegar, sem olhar pra ele.
Rafaella saiu correndo animada para sua casa, para se arrumar.
Sheila olhou para seu irmão e cunhada, vendo que eles estavam tentando animá-la. Então, subiu e foi escolher sua roupa, fez uma maquiagem leve e calçou um sapato de salto alto preto. Conferiu sua bolsa, tendo celular, documento, carteira, bombinha e sentiu falta de sua pulseira ao tocar seu pulso.
Desceu e ficou na varanda do lado de fora da casa, faltando ainda dez minutos para o prazo que Ricardo tinha dado. Rafaella veio ao seu encontro, faltando cinco minutos.
E pontualmente Ricardo apareceu, indo tirar o carro da garagem, enquanto Sheila ficou admirando a beleza do jovem.
Elas foram até o carro e Rafaella rapidamente entrou, sentando no banco de trás, deixando Sheila ir na frente com seu irmão.
— Acho melhor Rafaella vir na frente. - disse ela, antes de entrar no carro.
— Eu não mordo… - ele se abaixou para encará-la. – … só quando me pedem.
— Hahaha… engraçadinho! - ela entrou, fazendo careta. – Depois não quero que sua namoradinha venha pra cima de mim.
— Meu irmão não se apega aos casinhos dele. - disse Rafaella, rindo.
— Não tenho relacionamentos… apenas encontros. - reforçou ele.
— "Mio Dio"!... Isso é mal de italiano ou agora todos os homens pensam assim?!… - "meu Deus", disse Sheila, pensativa.
— Não consegui entender o que você disse. - falou Ricardo, ouvindo-a falar baixinho.
— Deixa pra lá. - disse ela encerrando, enquanto ele dirigia.
Sheila estava apreensiva, por meses esta era a primeira vez que estava saindo à noite sem seus amigos e familiares. Estava com pessoas que não sabiam nada um dos outros.
O nervoso começou a aparecer e ela esfregava seu pulso, tentando imaginar sua pulseira para poder se controlar. Ricardo a observava, vendo ter as mesmas reações do shopping. Sabia que tinha algo errado e tentava encontrar um meio de poder entender.
Chegaram em frente a um barzinho, dois ambientes com vista aberta. Várias mesinhas espalhadas pelo interior do ambiente e muitas pessoas do lado de fora.
Ricardo saiu do carro, entregando a chave para o manobrista. Rafaella também desceu animada, mas Sheila continuava dentro do carro.
— Quer que eu abra a porta para a madame? - perguntou Ricardo, irônico, se abaixando na janela.
— "Grazie molte"! - "muito obrigada", respondeu saindo. – Tenho mãos para isto…
— Será que o pessoal está lá dentro? - perguntou Rafaella, indo para a entrada.
— Vamos?! - perguntou Ricardo, vendo-a parada feito uma estátua.
— "Può andare"… - "pode ir", disse esfregando seu pulso. – Encontro vocês lá dentro.
Sheila viu ele dar de ombros, não se importando, então virou pra rua e ficou sem saber o que fazer…
Logo seu celular tocou, era Lucas, parecendo adivinhar que Sheila estava precisando dele naquele momento.
— Como está, baixinha? - perguntou usando o apelido carinhoso entre eles.
— Apavorada! - respondeu com lágrimas no olhar.
— Calma! Onde você está? - perguntou preocupado.
— Em frente a um barzinho. Vim com os filhos do senhor Augusto.
— Então tenta se divertir um pouco. Faz tempo que não faz isso.
— Não é a mesma coisa, Lucas! Não tem ninguém que eu conheça…
— Chegou a hora de conhecer pessoas diferentes.
— E se "ho una crisi"? - "eu tiver uma crise", perguntou ela.
— Segura seu amuleto… É como se eu estivesse ao seu lado.
— Esqueci a pulseira em casa. - ela mentiu, não querendo preocupa-lo ainda mais.
— Hoje é o dia de testar, já que está sem ela. Confio em você e sei que consegue superar.
— "Va bene". - "está bem", disse ela. – "Grazie"… qualquer coisa te ligo.
— A hora que quiser. Te amo, baixinha!
— Ti amo! - ela desligou, guardando o celular na bolsa.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Katia Cilene
estou gostando, vamos ver no que vai dar
2022-11-19
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