Capítulo 03

Sheila estava no seu quarto, perdida nas suas lembranças, não conseguindo dormir…

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— Por que tem sempre que estar com ele? - perguntou irritado.

— É meu trabalho, Junior. Vou viajar e estarei de volta, em três dias.

— Toda vez, diz a mesma coisa... quando vê, se passa mais de uma semana. - lembrou ele.

— Você também viaja e não digo nada, porque sei que é o seu trabalho. - argumentou ela.

— Só que não durmo com o meu chefe. - disse com antipatia e em duplo sentido.

— Nem eu. E meça as suas palavras. - disse ela, entendendo o que ele quis dizer. – Durmo na casa, em hotéis com "mio papà". - "meu pai", disse ela. – Sabe muito bem, que Gigio está além de ser meu chefe.

— Esse italiano fica sempre entre nós… e sei que ele não aprova nossa relação.

— Ele só acha, que não dá muita atenção para o nosso namoro. - disse ela, chateada.

— Como vou dar atenção?! Quando acontece de passarmos mais tempo juntos, ele arruma uma viagem pra te manter longe de mim. - disse a abraçando.

— Não fala assim, foi só uma coincidência. Vou ficar me sentindo culpada. - ela o encarou.

— Vou sentir a sua falta, Bebê. - disse Junior, a beijando.

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Sheila soltou um suspiro, também sentindo falta dos momentos em que viveram juntos…

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— Onde esteve até agora, Junior?! - perguntou zangada, estando na casa dele.

— Depois do jogo, o pessoal quis comemorar nossa vitória. Como sou o capitão do time, não poderia ficar de fora. - explicou tentando acalma-la.

— Já ouviu falar em ligação, mensagem? - perguntou vendo-o acariciar os seus cabelos.

— Não fique brava comigo, Bebê… - disse ele, a agarrando e encostando-a na pia.

— Nem vem… pode me soltar. Fiquei até agora, que nem uma tonta te esperando. Meus amigos me chamaram para sair e não fui, achando que você chegaria cedo.

— Se arrepende de não ter ido com eles? - perguntou ele, colocando-a contra parede.

— Me arrependo. Poderia estar me divertindo…. - ela tentava se soltar.

— Podemos nos divertir agora. - disse a beijando.

— Não começa, Junior… - disse ela, vendo-o beijar seu pescoço. – Sei que não vai seguir até o fim…

— Combinamos que faríamos, só depois do casamento.

— Esse combinado foi somente seu. - disse ela, chateada.

— Mas podemos brincar e sei que você adora. - ele falou no ouvido dela, fazendo-a se arrepiar.

— Não quero. - disse ela, o empurrando.

— Vamos ver se não… - disse ele, a prendendo em seus braços, beijando-a com intensidade.

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Giovanni entrou no quarto, vendo-a sentada na cama, com o olhar longe, enquanto a chamava e ela não ouvia.

— Acorda, "piccola''. - "pequena ", disse ele, indo até ela.

— "Che paura", Gigio. - "que susto", disse ela, saindo de seus pensamentos.

— Sonhando acordada… "sonno perduto"? - "perdeu o sono", perguntou a aninhando em seus braços.

— Como será daqui pra frente, Gigio?! - perguntou ela, temerosa.

— "Come questo"? - "como assim", perguntou ele.

— Vou estar num lugar totalmente diferente, distante de todos que conheço.

—Mas terá "tuo fratello" e eu estarei sempre contigo. - "seu irmão", disse ele, acariciando seus cabelos.

— Vou ter que refazer minha vida…

— Tudo por causa daquele "maledetto''.

— Também tive culpa, Gigio. Deixei essa relação se arrastar por anos.

— Se não quer uma relação, nunca assuma um compromisso.

— Assim como você!? - comparou ela, o encarando.

— "Mai promesso amore a una donna". - "nunca prometi amor para uma mulher", disse ele.

— Uma não… várias. - completou ela, rindo.

— "Mio cuore è solo tuo". - "meu coração é só seu", disse ele, a beijando.

Sheila terminaria o ano entregando o seu trabalho que realizou por anos em São Paulo e seguiria iniciando uma nova etapa da sua vida, em Minas Gerais. Não queria despedidas, pois se sentiria pior. Resolveu agir como se fosse fazer uma viagem de negócios e que logo, estaria de volta.

Era final de semana… Sheila acordou em meio a caixas espalhadas pelo quarto. Abriu a janela e avistou um lindo jardim na frente da casa. A rua estava vazia, ainda era cedo e o dia estava ensolarado.

Desceu até a cozinha, encontrando a sua cunhada Lia, preparando o café da manhã.

— Dormiu bem, à noite? - perguntou a sua cunhada, terminando de passar o café.

— Dormi vencida pelo cansaço. Vou me adaptando aos poucos. - disse Sheila, pegando uma xícara.

— Os médicos não disseram pra esquecer o café puro? - lembrou sua cunhada.

— Disseram. - ela sorriu. - Mas com este cheirinho… é impossível.

— E o que vai fazer hoje? Seu irmão disse que vem mais tarde, para te levar pra conhecer a marmoraria.

— Estava pensando em ir até o shopping… Preciso habilitar uma nova linha no meu celular e comprar um livro. - disse ela, pegando uma torrada. – Vou ver se o Fabio consegue me encontrar lá.

— Nada de tomar seus remédios agora... Sabe que não pode misturar com cafeína. - disse Lia, antes dela atravessar a porta.

Sheila subiu até o banheiro, para fazer a sua higiene pessoal, tomando um banho para despertar e se arrumou, colocando uma bermuda e um top branco, vestiu um casaco branco por cima e uma sandália de salto. Deixou os seus cabelos soltos e passou apenas um protetor labial.

Pediu um carro de aplicativo, pois ainda não sabia andar na cidade e foi para o shopping.

As lojas estavam abertas quando chegou e a movimentação era grande, na qual Sheila não tinha previsto.

Apreensiva, passou a mão na sua pulseira que ficava no pulso direito, como era de costume e aos poucos tentava se acalmar. Esperou o fluxo de pessoas passarem e depois entrou, andando sempre onde tinha menos movimento.

Conseguiu resolver tudo, em um pouco mais de uma hora. Mandou mensagem para seu irmão, dizendo que estava livre e que a avisasse quando estivesse indo encontrá-la.

O movimento começou a se intensificar ainda mais, pois estava no horário do almoço. Como tinha pavor de multidão, resolveu ir para fora do shopping esperar seu irmão.

Ao atravessar a porta de saída, seu celular começou a tocar dentro de sua bolsa. Sheila não percebeu que parou próximo a alguns degraus, enquanto abria a bolsa para pegar seu celular. Quando conseguiu, sentiu sendo empurrada para frente e se desequilibrou no salto que usava, vendo que iria direto com a cara no chão.

Neste momento, um rapaz a puxou pelos braços, amortecendo sua queda no colo dele.

Eles se olharam por uma fração de segundos e Sheila atordoada com a situação, começou a lhe faltar o ar, enquanto ele a colocava de volta ao chão.

— Deveria prestar mais atenção por onde anda, ao invés de ficar pendurada no celular. - reclamou o rapaz, sem perceber que ela estava ofegante, perdendo a respiração.

Sem conseguir responder, Sheila procurou rapidamente por sua bombinha inspirando por várias vezes, até seu ar voltar. Ainda incrédula com o que tinha ouvido e vendo ele apenas a encarando como se fosse o dono da razão, explodiu…

— Antes de julgar, deveria ter visto o que aconteceu.  - disse ela, ainda com a voz fraca.  – Eu não estava no celular…

— E o que ele fazia na sua mão?  - perguntou cruzando os braços. 

— Não que seja da sua conta... Meu celular estava tocando e iria atender…

— Estava ao telefone. - afirmou ele.

— "Non ero". - "não estava", disse ela, irritada.  – Nem consegui atender, quando fui empurrada…

— Porque parou no meio da porta e não olhou pra onde estava indo.

— Agora a "colpa mia"!?  - "culpa é minha", disse desacreditada.

— Minha é que não foi.  - ele percebeu que ela falava em italiano.  – Aliás, estou esperando…

— O quê?  - indagou sem entender.

— Um pedido de desculpas ou um obrigado, por ter te ajudado…

— "Aspetta seduto"...  - "espera sentado", disse ela, segurando seu nervosismo.

— Cadê a sua educação? Deixou em casa…  - ele a encarava, sério.

— Docinho!…  - acenou uma morena para o rapaz, na porta do shopping.

— Já estou indo.  - respondeu ele, sem desviar o olhar.

— Tá mais pra azedo… "scontroso"!  - "rabugento", disse Sheila, percebendo que ele havia escutado.  

— "Che brutta cosa"...  - "que coisa feia", disse vendo-a espantada, por ele falar em italiano. – Não vai se desculpar?!...

— "Asla".  - "nunca", disse ela em turco.  – E não vou ficar aqui, com esta discussão que não vai levar a nada.  - ela o encarou mais uma vez, antes de sair.

Parando próximo a um ponto de táxi e ao olhar para trás, Sheila viu que o rapaz não estava mais. Pegou seu celular e viu que a ligação era do seu irmão, retornando em seguida.

Combinaram de se encontrar ali mesmo, então ela ficou esperando e voltou o pensamento para o que tinha acabado de acontecer.

Nervosa com a lembrança, passou a mão no seu pulso e percebeu que estava sem a sua pulseira, ficando ainda mais desesperada.

Olhou no chão onde estava parada, revirou sua bolsa e não achou. Voltou refazendo o caminho por onde passou, entrou nas lojas e nada de ter encontrado.

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Sonia

Sonia

Poderia ter colocado só português, já que ela fala italiano. Mas prá quê inventar moda aff

2024-07-27

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