Sheila estava no seu quarto, perdida nas suas lembranças, não conseguindo dormir…
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Junior — Por que tem sempre que estar com ele? - perguntou irritado.
Sheila — É meu trabalho, Junior. Vou viajar e estarei de volta, em três dias.
Junior — Toda vez, diz a mesma coisa... quando vê, se passa mais de uma semana.
Sheila — Você também viaja e não digo nada, porque sei que é o seu trabalho.
Junior — Só que não durmo com o meu chefe. - disse com antipatia e em duplo sentido.
Sheila — Nem eu. E meça as suas palavras. Durmo em hotéis e na casa com "mio papà". - disse "meu pai". – Sabe muito bem, que Gigio está além de ser meu chefe.
Junior — Esse italiano fica sempre entre nós… e sei que ele não aprova nossa relação.
Sheila — Ele só acha que você não dá muita atenção para o nosso namoro. - disse chateada.
Junior — Como vou dar atenção?! Quando acontece de passarmos mais tempo juntos, ele arruma uma viagem pra te manter longe de mim. - disse a abraçando.
Sheila — Não fala assim, foi só uma coincidência. Vou ficar me sentindo culpada. - disse o encarando.
Junior — Vou sentir a sua falta, Bebê. - disse a beijando.
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Sheila soltou um suspiro, também sentindo falta dos momentos em que viveram juntos…
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Sheila — Onde esteve até agora, Junior?! - perguntou zangada, estando na casa dele.
Junior — Depois do jogo, o pessoal quis comemorar nossa vitória. Como sou o capitão do time, não poderia ficar de fora. - explicou tentando acalmá-la.
Sheila — Já ouviu falar em ligação, mensagem? - perguntou vendo-o acariciar os seus cabelos.
Junior — Não fique brava comigo, Bebê… - ele a agarrou, encostando-a na pia.
Sheila — Nem vem… pode me soltar. Fiquei até agora, que nem uma tonta te esperando. Meus amigos me chamaram para sair e não fui, achando que você chegaria cedo.
Junior — Se arrepende de não ter ido com eles? - perguntou colocando-a contra parede.
Sheila — Me arrependo. Poderia estar me divertindo…. - disse tentando se soltar.
Junior — Podemos nos divertir agora. - ele começou a beijá-la.
Sheila — Não começa, Junior… - disse vendo-o beijar seu pescoço. – Sei que não vai até o fim…
Junior — Combinamos que faríamos, só depois do casamento.
Sheila — Esse combinado foi somente seu. - disse chateada.
Junior — Mas podemos brincar e sei que você adora. - falou no ouvido dela, fazendo-a se arrepiar.
Sheila — Não quero. - disse o empurrando.
Junior — Vamos ver se não… - a prendeu em seus braços, beijando-a com intensidade.
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Giovanni entrou no quarto, vendo-a sentada na cama, com o olhar longe, enquanto a chamava e ela não ouvia.
Giovanni — Acorda, "piccola''. - disse "pequena ", indo até ela.
Sheila — "Che paura", Gigio. - disse "que susto", saindo de seus pensamentos.
Giovanni — Sonhando acordada… "sonno perduto"? - disse "perdeu o sono", a aninhando em seus braços.
Sheila — Como será daqui pra frente, Gigio?! - perguntou temerosa.
Giovanni — "Come questo"? - disse "como assim".
Sheila — Vou estar num lugar totalmente diferente, distante de todos que conheço.
Giovanni — Mas terá "tuo fratello" e eu estarei sempre contigo. - disse "seu irmão", acariciando seus cabelos.
Sheila — Vou ter que refazer minha vida…
Giovanni — Tudo por causa daquele "maledetto''.
Sheila — Também tive culpa, Gigio. Deixei essa relação se arrastar por anos.
Giovanni — Se não quer uma relação, nunca assuma um compromisso.
Giovanni — Assim como você!? - disse o encarando.
Sheila — "Mai promesso amore a una donna". - disse "nunca prometi amor para uma mulher".
Sheila — Uma não… várias. - completou rindo.
Giovanni — "Mio cuore è solo tuo". - disse "meu coração é só seu", a beijando.
Sheila terminaria o ano entregando o seu trabalho que realizou por anos em São Paulo e seguiria iniciando uma nova etapa da sua vida, em Minas Gerais. Não queria despedidas, pois se sentiria pior. Resolveu agir como se fosse fazer uma viagem de negócios e que logo, estaria de volta.
Era final de semana… Sheila acordou em meio a caixas espalhadas pelo quarto. Abriu a janela e avistou um lindo jardim na frente da casa. A rua estava vazia, ainda era cedo e o dia estava ensolarado.
Desceu até a cozinha, encontrando a sua cunhada Lia, preparando o café da manhã.
Lia — Dormiu bem, à noite? - perguntou terminando de passar o café.
Sheila — Dormi vencida pelo cansaço. Vou me adaptar aos poucos. - disse pegando uma xícara.
Lia — Os médicos não disseram pra esquecer o café puro!? - disse a lembrando.
Sheila — Disseram. - sorriu ao se servir. - Mas com este cheirinho… é impossível.
Lia — E o que vai fazer hoje? Seu irmão disse que vem mais tarde, para te levar pra conhecer a marmoraria.
Sheila — Estava pensando em ir até o shopping… Preciso habilitar uma nova linha no meu celular e comprar um livro. - disse pegando uma torrada. – Vou ver se o Fabio consegue ir me encontrar.
Lia — Nada de tomar seus remédios agora... Sabe que não pode misturar com cafeína. - disse antes dela atravessar a porta.
Sheila subiu, indo até o banheiro fazer a sua higiene pessoal. Tomou um banho para despertar e se arrumou, colocando uma bermuda e um top branco, vestiu um casaco branco por cima e uma sandália de salto. Deixou os seus cabelos soltos e passou apenas um protetor labial.
Resolveu pedir um carro de aplicativo, pois ainda não sabia andar na cidade e foi para o shopping.
Quando chegou, as lojas estavam abertas e a movimentação já era grande, na qual Sheila não tinha previsto. Apreensiva, passou a mão na sua pulseira, como era de costume e aos poucos tentou se acalmar. Esperou o fluxo de pessoas passarem e depois entrou, andando sempre onde tinha menos movimento.
Conseguiu resolver tudo, em um pouco mais de uma hora. Mandou mensagem para o seu irmão, dizendo que estava livre e que a avisasse quando estivesse indo encontrá-la.
O movimento do shopping começou a ficar ainda mais intenso, pois estava no horário de almoço. E como tinha pavor de multidão, resolveu ir para fora do shopping esperar seu irmão.
Ao atravessar a porta de saída, seu celular começou a tocar dentro da sua bolsa. Sheila não percebeu e parou próximo a alguns degraus, enquanto abria a bolsa para pegar seu aparelho. Com o celular nas mãos, sentiu quando estava sendo empurrada para frente e se desequilibrou no salto que usava, vendo que iria cair direto com a cara no chão.
Neste momento, um rapaz a puxou pelos braços, amortecendo sua queda no colo dele.
Eles se olharam por uma fração de segundos e Sheila, atordoada com a situação, começou a lhe faltar o ar, enquanto ele a colocava de volta ao chão.
Ricardo — Deveria prestar mais atenção por onde anda, ao invés de ficar pendurada no celular. - reclamou sem perceber que ela estava ofegante, perdendo a respiração.
Sem conseguir responder, Sheila procurou rapidamente por sua bombinha, inspirando por várias vezes, até seu ar voltar. Ainda incrédula com o que tinha ouvido e vendo ele apenas a encarando como se fosse o dono da razão, explodiu…
Sheila — Antes de julgar, deveria ter visto o que aconteceu. - disse ainda com a voz fraca. – Eu não estava no celular…
Ricardo — E o que ele fazia na sua mão? - perguntou cruzando os braços.
Sheila — Não que seja da sua conta... Meu celular estava tocando e iria atender…
Ricardo — Estava ao telefone. - disse a interrompendo.
Sheila — "Non ero". - disse "não estava", irritada. – Nem consegui atender, quando fui empurrada…
Ricardo — Porque parou no meio da porta e não olhou pra onde estava indo.
Sheila — Agora a "colpa mia"!? - disse "culpa é minha", desacreditada.
Ricardo — Minha é que não foi. - disse percebendo que ela falava em italiano. – Aliás, estou esperando…
Sheila — O quê? - indagou sem entender.
Ricardo — Um pedido de desculpas ou um obrigado, por ter te ajudado…
Sheila — "Aspetta seduto"... - disse "espera sentado", segurando seu nervosismo.
Ricardo — Cadê a sua educação? Deixou em casa… - a encarou, sério.
Morena — Docinho!… - acenou uma garota na porta do shopping.
Ricardo — Já estou indo, Vanessa. - respondeu sem desviar o olhar.
Sheila — Tá mais pra azedo… "scontroso"! - disse "rabugento", baixinho, percebendo que ele havia escutado.
Ricardo — "Che brutta cosa"... - disse "que coisa feia", vendo-a surpresa, por ele também falar em italiano. – Não vai se desculpar?!...
Sheila — "Asla". - disse "nunca", em turco. – E não vou ficar aqui, com esta discussão que não vai levar a nada. - o encarou mais uma vez, antes de sair.
Parando próximo a um ponto de táxi e ao olhar para trás, Sheila viu que o rapaz não estava mais. Pegou seu celular e viu que a ligação era do seu irmão, retornando em seguida.
Combinaram de se encontrar ali mesmo, então ela ficou esperando e voltou o pensamento para o que tinha acabado de acontecer, ficando enfurecida.
Com aquela lembrança, passou a mão no seu pulso e percebeu que estava sem a sua pulseira, ficando ainda mais desesperada.
Olhou no chão onde estava parada, revirou sua bolsa e não achou. Voltou refazendo o caminho por onde passou, entrou nas lojas e nada de ter encontrado.
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Atualizado até capítulo 91
Comments
Sonia
Poderia ter colocado só português, já que ela fala italiano. Mas prá quê inventar moda aff
2024-07-27
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