MUITA COISA PRA UMA NOITE

Dilan (ON)

Saio do carro e vejo a cena: minha irmã, Ana, e um cara loiro segurando o braço dela.

— Solta a porra da mão dela! — rosno, já indo pra cima.

— E quem é você pra me mandar soltar? — o loiro rebate, com arrogância.

— Sou o irmão dela! SOLTA! — grito, já quase empurrando o cara.

— ME SOLTEM VOCÊS DOIS! — Ana berra, no meio do fogo cruzado.

Ela olha para o cara, parece pesar a situação, e então vira pra mim com um olhar culpado.

— Eu... eu tenho que ir com ele. Me desculpa. — diz baixinho, e entra no carro.

No trajeto, tento manter a calma.

— O que você estava fazendo ali, Ana?

— Qual é, Dilan. Vou fazer dezoito daqui a pouco. Não preciso de babá.

— Ah não? Então é melhor eu contar pros seus pais onde encontrei a filhinha deles hoje.

— Não, Dilan! Por favor. Se o papai souber... ele vai me castigar e cancelar minha viagem.

— E como pretende esconder esse cheiro de álcool, hein?

— Me dá essa força, só dessa vez. Eu prometo. Só volto lá quando for de maior.

— Só dessa vez. — digo, sério.

Vejo ela acenar com a cabeça, aliviada.

---

Ana (ON)

Levo um sermão épico do meu irmão. Mas, sinceramente, eu já esperava.

Chegando em casa, vejo uma mensagem de áudio da Emilli.

> Áudio da Emilli:

— Ana, me desculpa por te deixar sozinha. Isso... se você estiver sozinha mesmo, né? — ela solta em tom malicioso.

Não consigo segurar o riso.

> — Aconteceram umas coisas e acabei voltando pra casa.

Me desculpa. Até amanhã. Te amo.

— Quem é a garota? — meu irmão pergunta, curioso.

— Minha amiga. Ela estava comigo na boate, mas acabou sumindo.

— Ela tem a sua idade?

— Que foi, hein? — pergunto, desconfiada.

Ele parece meio estranho depois de ouvir a voz da Emilli.

— Nada.

— Se apaixonou pela voz da minha amiga? — provoco, rindo.

Ele revira os olhos e disfarça o sorriso.

Chegamos em casa. Dilan promete não contar nada e eu subo direto pro meu quarto. Tudo que eu queria era um banho e a minha cama.

---

Dilan (ON)

Então a ruiva irritante é amiga da minha irmã?

Aquela voz... aquela altura de anã de jardim...

Aquele cabelo de fogo.

Por que diabos eu ainda tô pensando nela?

Tomo um banho e vou pra varanda, conversar com os caras.

Dilan: — E aí, André, conseguiu se declarar?

Diego: — Acho que ele amarelou, hein.

Pedro: — As meninas estão apaixonadinhas. Que lindo. — debocha.

Diego: — Lá ele! — ri.

André: — Eu posso até amarelar, mas pelo menos não namoro com garrafas toda noite. — indireta certeira pro Pedro.

Dilan: — E eu não fico bancando babá de garota de menor. — opa.

Diego: — E eu não tenho fama de mulherengo que se mete em confusão toda semana. — essa foi pra mim.

Depois dessa, André sai da chamada.

— Foi mal... será que pegamos pesado? — digo, meio pensativo.

Pedro: — A gente não passou nem perto.

Diego: — Acho que ele se declarou... e levou um fora.

Pedro: — Merda!

Dilan: — Amanhã eu falo com ele. A gente sempre resolve as coisas juntos.

Desligo a chamada e envio uma mensagem pro Pedro.

— Oi, mano.

— Fala aí.

— Eu vi o jeito que você olhou pra ruiva. Conhece ela?

— Até parece que eu era o único secando a garota. — ele responde, rindo.

— Gostou dela?

— Claro que não. Ela nem faz meu tipo. Na real... senti uma sensação estranha. Inexplicável.

— Deu pra ter sexto sentido agora? — caio na risada.

— Vai se ferrar. — ele desliga.

Volto pra cama. Tento dormir.

Mas a voz dela ainda ecoa na minha mente.

E algo me diz que essa semana... vai ser muito longa.

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