O estranho encontro de Elísis com uma fada a deixou intrigada, pois desde a sanção proibindo os humanos de atravessarem a fronteira, as fadas também perderam o interesse no lado humano tornando o encontro com uma, um evento bastante raro até porque elas não precisavam de nada dos humanos isso desde antes de ocorrer a guerra diferente do lado perdedor que usufruiu de muitos recursos antes de o acesso a eles ser cortados completamente, por isso durante toda a trajetória de volta para sua vila o curto momento em que presenciou uma fada assumiu totalmente os espaços na sua mente.
Elísis deu uma rápida passada na estalagem para deixar as flores no seu quarto, como ainda era bastante cedo decidiu tomar o café da manhã em outro lugar e a melhor opção com certeza eram os doces da padaria da senhora Helena. Ao chegar em frente do estabelecimento a jovem florista é imediatamente recebida pelo marido da senhora Helena, um homem alto, de pele morena, cabelos negros e usando um bigode bem-feito no rosto.
— Elísis, é ótimo vê-la como vão às coisas?
— Maravilhosas senhor Hector, quais são as iguarias disponíveis nesta manhã na sua loja?
— Aconselho a entrar e descobrir, o cheiro vai-te dar um gostinho de quero mais antes mesmo de saber o que vai querer– Ele diz colocando a mão aberta ao lado da boca como se estivesse contando um segredo, isso arranca algumas risadas de Elísis.
Seguindo o conselho do padeiro ela entra no estabelecimento, dito e feito o cheiro lá dentro deu-lhe um gostinho de quero mais sem nem ter olhado para as vitrines direito, minutos depois a senhora Helena sai de dentro de uma porta por trás da vitrine com um saco de farinha nas mãos.
— Elísis querida– A padeira diz pondo o saco de farinha no canto assim que vê a jovem – O que traz você aqui?
— Um delicioso doce para o café da manhã – Elísis diz de forma espontânea arrancando algumas risadas sutis da senhora Helena que ficou aparentemente lisonjeada.
— Venha aqui basta escolher, as fornadas saíram a pouco tempo.
— E o que temos aqui?– Elísis se aproxima das vitrines.
— Temos tortinhas de morango, tortinhas de maçã caramelizada, biscoitinhos com goiabada, rolinhos de maçã com canela e… Elísis fecha a boca está quase babando na vitrine – A senhora Helena alerta fazendo Elísis limpar a boca.
— A culpada é a senhora por fazer coisas tão gostosas.
— Claro, eu assumo a culpa, então vai querer o quê? Também tem bolinhos de pêssego.
— Acho que vou querer, meia dúzia de tortinhas de maçã caramelizada e a outra dúzia de biscoitinhos com goiabada.
— Certo, espere um segundo que eu empacoto tudo.
Pouco depois com o pacote de guloseimas em mãos Elísis volta para o quarto na estalagem, geralmente costumava aproveitar o fato de Nelle ficar fora durante as manhãs para poder trabalhar em paz, afinal o maior segredo para a barraquinha ter ganhado tanta atenção foi graças ao poder dela de influenciar flores e plantas podendo fazê-las crescer mais rápido ou durar mais tempo, além de também ser capaz curá-las como fez com o arbusto no campo florido.
Elísis não sabia de onde veio aquele poder tendo em vista que somente ela o tinha na família e a sua mãe nunca disse nada mais do que:
"Esse poder salvou a sua vida"
Junto ao aviso de que era melhor o manter em segredo para o caso daquilo ser recebido com maus olhares, na época ela só seguia as ordens da mãe, porém agora mais velha entendia a cobiça humana em qualquer coisa com relação à magia, então ainda o mantinha em segredo para a sua própria segurança.
Usando as flores coletadas mais cedo, ela entrelaça-as umas nas outras influindo poder nelas em simultâneo, o que as recobria com um suave brilho verde, fazendo o processo várias vezes em cada flor com paciência ela criava corsages no tamanho de um buquê num ritmo que a fez ela termina toda a cesta coleta um pouco antes da hora do almoço.
Elísis dedicou as semanas seguintes ao pedido para a decoração do festival, então a barraquinha ficou fechada durante esse tempo, todo o dia a jovem florista se dirigia ao campo de flores para encher a cesta para poder fazer mais arranjos, porém existia algo que passou a chamar atenção toda a vez que ia ao campo.
Ela pensou que seria a primeira e última vez, entretanto curiosamente sempre que estava no campo de flores uma hora ou outra acabava se deparando com a mesma fada, as vezes ele chegava depois dela, outras Elísis o encontrava deitado em alguma parte do campo, também tinha vezes que ela chegava e ele estava de saída, mas sempre o encontrava em algum momento e mesmo muito curiosa para saber porque ele estava ali, os dois nunca trocaram nenhuma palavra desde o primeiro encontro.
Quando faltavam menos de duas semanas para o festival, a jovem florista já tinha entregue o pedido quase completo faltando alguns poucos arranjos para completar tudo, então aproveitou isso para pausar os preparativos do festival e começar a coletar as flores para o buquê de aniversário do senhor Donua cujo prazo tinha apenas dias até o dia marcado para o entregar. Elísis se dirigia bem cedo pela manhã ao campo de flores como havia feito nos últimos tempos, ao chegar no local não demorou muito para encontrar a fada novamente, outra vez lá estava ele deitado no campo completamente relaxado com os olhos fechados sem dar atenção a nada a seu redor nem a jovem garota que tinha sempre o costume de olhar para ele por um tempo antes de começar a fazer o que precisava.
— Sinceramente se quer perguntar algo, apenas abra a boca e pergunte — ele fala inesperadamente assustando Elísis.
— Está tão evidente assim?– ela pergunta constrangida.
– Os seus olhos estão me queimando nas últimas semanas, seria impossível não chegar a essa conclusão — ele fala, franzindo as sobrancelhas.
Sem querer ela acaba corando de leve, de fato era alguém bem curiosa efeito de ter crescido numa estalagem onde conseguia fofoca de graça a qualquer momento, e muitas vezes mesmo sem querer acabava agindo de maneira desajeitada quando queria perguntar algo, mas sabia ser falta de respeito.
— Então, vai continuar me queimando com os olhos? — ele pergunta de forma ríspida.
— Não é grande coisa, só tinha curiosidade em saber o que vem fazer aqui quase todo o dia — ela diz envergonhada começando a coletar as flores para disfarçar o constrangimento que sentia.
— A minha presença te incomoda por acaso?
— Nada disso, é que eu não consigo encontrar uma razão para uma fada gostar do lado humano da fronteira.
— E não gosto, mas para alguém como eu, esse é o lugar mais longe e tranquilo que posso encontrar paz.
— Você é alguém importante?
— Algo assim, e quanto a você, o que fez você vir aqui todo o dia nesses últimos tempos?
A sua pergunta surpreende Elísis, porém ela logo se recompõe e responde:
— Eu trabalho criando decorações e presentes com flores, e como no meu vilarejo vai ter uma grande celebração eu acabei recebendo um pedido a altura.
— O vilarejo mais próximo daqui fica a no mínimo meia hora de caminhada.
— Exatamente esse onde eu moro.
— Por que não colhe flores num lugar mais próximo?
— É uma longa história, mas tenho os meus motivos, de qualquer forma é ótimo vir aqui, o ambiente é calmo e posso cultivar flores em paz.
— Você plantou alguma flor aqui?
— Metade desse campo é obra minha, a outra é obra da Mãe Natureza.
— Entendi.
Depois disso ele não disse mais nada e para Elísis aquele foi o sinal de que a conversa acabou, então como não existia outra pergunta para fazer a fada, ela decidiu se concentrar na sua tarefa.
De volta ao vilarejo, ela montou o buquê com o cuidado de sempre e o deixou guardado até o dia em que precisou entregá-lo, e só a cena de longe observando a esposa do Senhor Donua recebendo o presente do marido com lágrimas emocionadas nos olhos a fez lembrar novamente o porquê daquela ser a sua vocação.
Na manhã do tão aguardado dia do festival, Elísis foi novamente em direção ao campo coletar flores para o último arranjo faltando para concluir a entrega, como o festival só começava após o pôr do sol, ela tinha tempo de sobra para terminar. Durante o caminho presenciou o vilarejo já quase completamente decorado com as suas criações e isso a enchia de orgulho e alegria toda a vez que andava pelas ruas do vilarejo, pois constatava o quanto o trabalho que amava era valorizado ali.
Chegando no campo deparou-se com uma das raras ausências da fada nos últimos tempos, mas sabia que não era porque ele não iria vir naquele dia e sim porque ela chegou mais cedo do que ele, ou pelo menos foi isso que aprendeu no decorrer das semanas. Se concentrando no trabalho, Elísis começa a coletar as flores necessárias, mas quando chegou na parte do campo onde ficavam os cravos laranjas, acabou recebendo uma triste surpresa.
— De todos os dias possíveis, porque logo hoje tinha que ter só botões?– ela resmunga consigo mesma.
Só havia uma solução para a situação, mesmo que o campo tenha se tornado um lugar de risco graças a presença da fada, ela precisava terminar o pedido. Uma olhada detalhada ao redor desde o solo do campo até os céus, deu a confirmação para a jovem florista de que estava completamente sozinha ali, então se arriscou erguendo suas mãos sobre os botões de cravos e deixou o seu poder fluir para eles.
Um por um em eles foram se abrindo até chegar perto do número mínimo de que precisava, foi quando uma fortíssima rajada de vento invadiu o campo e ela já sabia o que significava, mas aquela estava mais forte que o comum, sem cessar a ventania Elísis protege os olhos da poeira e outras coisas que eram arrastados pelo vento quando do nada sente uma agarrada brusca no seu pulso a forçando a virar de costas para os cravos é então que acaba se deparando com a fada cuja expressão transparecia uma raiva assustadora.
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Atualizado até capítulo 31
Comments
Ísis Nery
Eu simplesmente amei a retomada à encomenda do senhor e a construção com o possível vilão ficou perfeita!!!
A tensão tomou conta de mim!! 😂
Ansiosa para ler a continuidade depois dessa "agarrada brusca" de pulso kk
2022-12-17
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