Capítulo dois

Sou Stefan Silva Andrade, tenho vinte e sete um anos de idade e sou Professor de História a sete anos, morava em São Paulo, mas fui transferido para dar aulas em Rio De Janeiro e é aqui onde estou agora. O colégio pH está pagando o apartamento onde me instalei e o combustível no meu carro, eu apenas tenho que me preocupar com água, energia e comida, o que pra mim não é nada, visto que o salário que eles me dão é bastante generoso.

Sou alto, lindo, musculoso e mulherengo, não gosto de me apegar a nada e nem a ninguém, procuro as mulheres só quando quero sexo e gosto muito da vida que levo, não tenho tempo para sentimentalismo, principalmente para o tal dito amor, fui machucado uma vez e não permitirei que nenhuma mulher tenha acesso ao meu coração novamente.

Estamos na primeira semana de aulas e hoje conhecerei a turma do último ano do ensino médio, sei que os alunos nesta idade são mal educados e mimados e eu nunca tive paciência para adolescentes assim e desta vez não será diferente, sou chato, rigoroso, frio e se por acaso algum deles tentar me tirar do sério, terá o que merece.

Antes de chegar ao colégio, passei de uma cafeteria e comprei uma um capuccino e alguns pedaços de bolo, acordei tarde hoje e não tive tempo para preparar um pequeno almoço descente para mim, ainda não tenho empregada doméstica e por enquanto estou cuidado de tudo sozinho, ainda bem que a minha mãe sempre me ensinou todas as coisas que um ser humano deve saber para sobreviver, se não fosse por ela não sei o que seria de mim, devo a minha vida para a dona Graciele e se eu pudesse faria qualquer coisa só pra tê-la de novo aqui, bem perto de mim, foi uma mãe incrível e como ela jamais existirá. Já daquele que também deveria ter cuidado da minha pessoa mesmo antes de eu vir ao mundo, não tenho nada a dizer, não conheço o seu rosto, não sei o seu nome, não sei se está vivo ou morto, não sei absolutamente nada. Na verdade a única coisa que sei é que ele me abandonou ainda no ventre da minha mãe, sumiu das nossas vidas e nunca mais apareceu, quando criança eu perguntava a dona Graciele sobre ele, mas ela nunca me disse nada, sempre fugia do assunto, sem mesmo deixar uma pista de onde procurá-lo. Tenho uma vida praticamente feita e nunca conheci a outra pessoa responsável por me trazer ao mundo, que triste tudo isso é, gostaria de conhecê-lo, de ter jogado futebol com ele, de ter brincando de luta igual todas as crianças fazem com os seus pais, mas infelizmente não tive esse privilégio e nem um irmão de sangue, sou filho único por parte da minha mãe e por mais que eu tenha por parte do meu pai, jamais irei conhecê-los.

Assim que termino de falar com o diretor, sigo para a sala do terceiro ano do ensino médio sozinho, o senhor Jaime quis acompanhar-me para que eu não me perdesse, mas eu disse-lhe que não era necessário, uma vez que ele apresentou-me a escola antes do ano lectivo começar, a duas semanas atrás. Além disso, a idade dele está avançada e não seria nada educado da minha parte permitir que ele viesse comigo.

Entro na minha mais nova turma com uma cara de poucos amigos e oiço suspiros preguiçosos das adolescentes, o que faz com que o meu rosto fique mais fechado ainda. Comecei a arrumar o meu material na minha mesa e quando terminei olhei para todos a minha frente.

- bom dia alunos, sou Stefan Silva Andrade e serei o Professor de História de vocês durante o ano inteiro.

Gritos por parte das alunas tomam conta do lugar, deixando-me com uma grande vontade de revirar os olhos várias vezes, mas infelizmente não posso fazer isso. O que deu nessa gente? Acham que serei amigo delas? Estou aqui para trabalhar, não para ficar de papo com alunas e muito menos para flertar, são todas elas crianças mimadas, sem contar que nunca me envolvi com uma aluna minha e desta vez não será diferente.

- vou pedir que cada um fale o seu nome, pode ser?

- sim - disseram em coro.

- óptimo, vamos começar com você - apontei a jovem sentada na primeira carteira da primeira fila.

- chamo-me Verônica Bernardo Sousa.

Enquanto os alunos se apresentam, olho fixamente para cada um deles, irei trabalhar com esses adolescentes durante o ano e é necessário que eu os conheça. Quase todos já disseram os seus nomes, menos uma jovem que está com rosto para baixo sorrindo de alguma coisa que vê no seu celular, não entendo essa criançada de hoje em dia, porquê são mal educados assim? Será que ela não pode simplesmente prestar atenção no que estamos fazendo? E para piorar senta na última fila e na última carteira, deve ser mais uma dessas alunas ignorantes que não se importam com a escola, mas bom, não estou aqui para fazer nenhum tipo de julgamento, apenas para ensinar e é isso que irei fazer.

- você aí no fundo pode por favor me dizer o seu nome?

Que falta de atenção da minha parte, a miúda está com os auriculares nos ouvidos e eu nem havia notado, não acredito que esteja escutando música na minha aula, é muito mal educada mesmo e parece não se importar com nada. A adolescente chamada Nathaly ou Natália se não me engano, beliscou o seu braço e disse alguma coisa para que só ela escutasse.

- falou comigo senhor? - alguém pode por favor me segurar?

Não acredito no que estou vendo, por Deus, como ela é linda! Na verdade não existe nenhuma palavra capaz de descrever a beleza dessa mocinha, seu rosto é pequeno e angelical, seus cabelos são castanhos e tem alguns fios dourados e seus olhos da cor esmeralda são tão hipnotizantes que deixaram o meu corpo imóvel e a minha mente sem um raciocínio lógico,  seus lábios volumosos e rosados são um convite para até para o mais digno dos homens e sua pele branca como a neve faz qualquer um olhá-la mais de duas vezes. Essa adolescente é diferente e como ela não existe.

- perguntei o seu nome - falei em um tom rude.

- Vicenta William Borges.

Nome lindo igual a dona.

- perfeito - digo ainda olhando pra ela - uma vez que todos nós já nos conhecemos, podemos começar a trabalhar.

Durante uns trinta minutos ou mais, fiz um resumo de vários temas abordados no segundo ano do ensino médio e, depois disso, fomos ao tema " Brasil como Primeira República". Confesso que não conseguia tirar os olhos da Vicenta, a cada palavra minha, cada explicação era direcionada para a mocinha, nossos olhares se encontraram diversas vezes e eu não fazia questão de disfarçar, sei que ela percebeu, mas em nenhum momento pareceu estar envergonhada, suas bochechas não ganharam um tom rosado e seus olhos me encaravam na mesma intensidade, não sei nem porquê estou pensando nisso, Vicenta não tinha motivos para ficar sem jeito e eu devo parar de pensar em uma menina, mas como faço isso se o seu olhar é hipnotizante, marcante e penetrante? Nunca vi nada igual e estou fascinado com o tanto de beleza que ela possui, sei que isso é algo louco, mas também é impressionante.

Saí da sala após todos os meus alunos e passei pelo corredor arrancando das garotas e dos garotos olhares curiosos e confusos, o que chega a ser compreensível, visto que sou novo no colégio e todo mundo deve estar se perguntando de onde vim e que faço aqui.

Entrei no lugar de concentração dos Professores e sentei junto a uma das mesas de vidro. Esta escola é muito organizada, chique e bonita, os alunos pagam uma fortuna para estudar aqui e é justo que ela seja sofisticada e moderna desse jeito.

Olhei tudo a minha volta mais uma vez e vi o luxo que habita aqui, os adolescentes deste colégio tem privilégios que muitas outras crianças lá fora não têm, eu também não tive uma vida rodeada de riqueza, muito pelo contrário, vivia numa vila com poucos moradores, todos nós nos conhecíamos e fazíamos de tudo para ajudarmos uns aos outros, não tínhamos um posto policial e nem uma faculdade, apenas uma escola feita de bambu, não era um sítio belo, mas tivemos acesso o que muitos buscam, conhecimento.

Saí de lá aos dezassete anos e passei por muitas dificuldades antes e mesmo depois de ingressar para a faculdade, porém o desejo de não decepcionar a minha mãe era tão grande que tive que lutar com as forças que não tinha para ultrapassar todas as barreiras e sinto orgulho de mim mesmo por ter conseguido, apenas lamento porque a dona Graciele não pôde aproveitar por muitos anos o meu dinheiro, morreu a três anos atrás, mas eu gostaria que ela tivesse vivido por muito mais tempo, era uma mulher incrível e tudo que sou devo a ela.

- boa tarde - a mulher a minha frente é alta, morena e tem olhos castanhos, assim como os meus - sou Débora Martins Silveira, Professora de Educação Física - está explicado o belíssimo corpão.

- muito prazer - levantei e beijei a sua mão - Stefan Silva Andrade, novo Professor de História do terceiro ano do ensino médio.

- seja bem-vindo. Gostaria de tomar um café?

- obrigado, é muito gentil da sua parte.

- isso é um sim? - sorriu.

- claro que é - desci novamente o meu olhar para o seu corpo e quase tive um infarto ao ver suas coxas trabalhadas.

- óptimo. Vamos?

Estamos em uma cafeteria que fica próxima ao colégio, tomando um café com leite e comendo cookies crocante, a Débora é uma mulher maravilhosa e sabe manter uma boa conversa por muito tempo, mas o que mais me chamou atenção nela é o seu corpo, ela é simplesmente gostosa e se der mole não pensarei duas vezes em levá-la para a minha cama, sei que é proibido envolvimento entre funcionários, mas eu sou Stefan Andrade, nunca segui a porra de uma regra, somos adultos e se ela quiser ficar comigo por mim tudo bem.

- veio de São Paulo, certo?

- sim, as notícias correm rápido.

- com um Professor charmoso desses não tem como ser diferente - disse passando a língua nos lábios. Ela também me quer.

- sinto-me lisonjeado com o elogio, mas devo dizer que a única charmosa aqui é você, sem contar que é linda e simpática também - sorrio de lado.

- obrigada Stefan, posso te chamar assim, não é?

- pode sim.

É só uma questão de tempo para a gostosa Professora de Educação Física parar na minha cama, não quero nada mais que sexo, por isso deixarei bem claro para ela antes das coisas acontecerem e assim evitaremos confusões futuras.

Cheguei no meu apartamento por volta das três da tarde e a primeira coisa que fiz assim que entrei foi seguir para o quarto me trocar e tomar um banho. Depois de mais ou menos quarenta minutos na banheira, vesti uma roupa confortável e desci as escadas em direção a sala de estar. Essa vida de solteiro não é fácil e sei que não tenho razão de reclamar, escolhi viver assim, mas tive motivos fortes para isso, ainda estou me adaptando e assim que estiver tudo certo irei procurar alguém para cuidar da casa.

Estou com preguiça de pegar nas panelas, por isso, liguei para um restaurante e pedi uma mini pizza, batatas fritas e pedaços de frango assado. Okay, sei que tenho um estômago grande, mas gasto muita força e energia no ginásio. Falando nisso, não irei pra lá hoje, talvez amanhã ou quem sabe depois, sei lá, isso irá depender da minha disposição e principalmente do meu tempo.

Enquanto o meu pedido não chega, ligo a tevê e fico vendo um jogo de futebol do Atlético Madrid e Barcelona, não sou torcedor de nenhuma das equipes, mas isso não me impede de apreciar e admirar a magia que eles estão transmitindo.

Após dar a grojeta ao entregador, sirvo quase tudo no meu prato e fecho os olhos ao provar o que me trouxeram, está tudo bem preparado, a pessoa que fez isso está de parabéns, tem mãos de fada.

As horas passaram e o cansaço veio junto, segui para o meu quarto e adormeci lentamente.

Estou ao caminho do colégio no meu Ranger Rover Discovery preto, meu corpo está coberto por uma calça jeans, camisa social Branca que marca o meu peitoral e sapatilhas pretas. Antes de sair de casa preparei um caprichado café da manhã, não sou de sair de casa sem me alimentar e se fiz isso ontem é porque realmente estava atrasado.

Darei aulas na sala da Vicenta das sete até às oito e trinta e depois irei a outra turma do terceiro ano das dez e vinte até às onze e cinquenta. Não sei se conseguirei me concentrar vendo aqueles lindos olhos verdes e seus lábios carnudos feitos para beijar durante os noventa minutos, não deveria pensar nela desse jeito, mas não tenho culpa da sua beleza chamar a minha atenção.

Entrei na sala e olhei disfarçadamente para a onde ela senta, sua cabeça está para baixo como ontem e não duvido que esteja mexendo no seu celular, mais uma vez.

- bom dia alunos - cumprimentei assim que deixei as minhas coisas na mesa.

- bom dia Professor Andrade - respondem em uníssono.

- hoje falaremos da I Guerra Mundial e das suas consequências para o mundo.

- assunto mais chato - resmungou uma voz feminina.

- se não quiser assistir a aula é só se retirar, a porta está aberta - digo sem paciência.

Vim aqui para ensinar o pouco que sei e se alguém detesta a minha disciplina é só não vir as aulas, no final de ano não terá nota e eu irei reprovar o aluno com muito prazer, não gosto de adolescentes preguiçosos, mas infelizmente existem vários nos colégios mais caros do País, não entendo como os jovens dessa idade preferem coisas fúteis ao invés do conhecimento, eu nesta idade passava horas e horas na biblioteca, lendo e pesquisando tudo relacionado a história do Brasil, do mundo e muitos outros assuntos interessantes e produtivos. Esta geração está arruinada e será por causa deles que o mundo irá cair.

Começo explicando o início da Mundial da Guerra Mundial e os factores que levaram a mesma a acontecer, quase todos estão prestando atenção no que estou dizendo, menos uma aluna de cabelos de castanhos dourados que senta na última carteira, ela está rindo baixinho de alguma coisa que com certeza vê no celular e isso está deixando-me irritado, Vicenta deveria estar com os ouvidos atentos na aula e não com os olhos fixos no seu iPhone.

- senhorita William, pode partilhar connosco o motivo da sua alegria? - todo mundo virou a cabeça e encarou a Vicenta.

- não, não posso - a turma riu alto por causa da sua resposta.

Suspirei.

- então pode por favor dizer o que eu estava explicando?

- sobre a I Guerra Mundial - respondeu despreocupada.

- quando teve início e o que levou ela a acontecer?

- a I Guerra Mundial começou a 28 de julho de 1914 e durou até 11 de novembro de 1918. Existem várias causas que levaram ela a acontecer, mas a principal foi o assassinato do arquiduque Francisco Fernando da Áustria - me olhou de um jeito desafiador - dá próxima faça uma pergunta a minha altura Professor e não uma boba que até minha prima de doze anos pode responder - a turma começou a rir novamente.

- o que disse? - lancei para ela um olhar mortal.

- eu gaguejei Professor?

- para a diretoria agora!

- o quê? Vai me mandar pra lá só por isso? - perguntou incrédula - mas não...

- agora senhorita William! - elevei a voz.

- como quiser senhor - diz se levantando.

O ano lectivo será longo e com muitas dores de cabeça, algo dentro de mim diz que a responsável por todas elas será Vicenta William Borges e eu não duvido nem um pouco disso.

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Comments

Bebethyyy

Bebethyyy

Será mesmo?

2024-03-18

1

Bebethyyy

Bebethyyy

Vai abrir uma exceção

2024-03-18

0

Dulce Tavares

Dulce Tavares

agora começou a ficar bem agradável 😀😀

2024-02-22

0

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2 Capítulo dois
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6 capítulo seis
7 capítulo sete
8 capítulo oito
9 capítulo nove
10 capítulo dez
11 capítulo onze
12 capítulo doze
13 capítulo treze
14 capítulo quatorze
15 capítulo quinze ( continuação do capítulo anterior)
16 Capítulo dezasseis
17 Capítulo dezassete
18 Capítulo dezoito
19 Capítulo dezanove
20 Capítulo vinte
21 Vinte e um
22 Vinte e dois
23 Vinte e três
24 Vinte e quatro
25 Vinte e cinco
26 Vinte e seis
27 Capítulo vinte e sete
28 Capítulo vinte e oito
29 Capítulo vinte e nove
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