Ao adentrar a propriedade, Açucena se admira com tamanha beleza. Próximo à sede da fazenda a natureza era exuberante: jardins com inúmeras flores coloriam ricamente a bela paisagem, os vales e colinas tinham um verde vivo, evidenciando a riqueza daquele solo, a entrada para a sede era cercada por grandiosas palmeiras imperiais que ornavam imponentes, o palacete ao fundo.
A sede da fazenda era um lindo prédio de dois andares em estilo barroco, com duas escadas laterais de acesso, pintada em branco e azul cobalto, em excelente estado de conservação. Ela ficava localizada na área central da propriedade e tinha visão privilegiada de todo o vale, de lá era possível observar as várias construções em estilo colonial da propriedade.
Algumas crianças, filhas de funcionários da fazenda, brincavam livremente pelo imenso campo aberto. Vários cavalos pastavam calmamente naquele lugar tranquilo.
-Nossa, que lugar encantador, para ser perfeito só precisava não fazer tanto frio.
Bruno ri do comentário dela.
-Para você que está acostumada com o calor do litoral baiano realmente não deve ser fácil se acostumar com o frio do inverno daqui.
- Eu gosto desse clima, mas precisarei me adaptar. Depois vou combinar com sua mãe para fazermos compras. Acho que não trouxe casacos o suficiente.
Eles param o carro e logo um simpático casal de meia idade se aproxima deles. Bruno cumprimenta o homem com um aperto de mão e dá um beijo estalado na bochecha da mulher e a abraça.
-Dona Lúcia, está cada dia mais formosa! Ainda não resolveu largar esse velho rabugento e se casar comigo?
Ela dá uma enorme gargalhada e responde, bem-humorada:
-Toma jeito menino, até parece! Se eu ainda tivesse os meus vinte aninhos, quem sabe?
O homem lança um olhar reprovador para eles e cumprimenta Açucena.
- Prazer, meu nome é Francisco. O que traz uma jovem linda e tão mal acompanhada como você, aqui? O hotel está fechado para reformas.
Açucena ri e retribui o cumprimento.
-Muito prazer, senhor Francisco. O meu nome é Açucena. – Ela faz uma careta divertida e diz, como que cochichando: - Infelizmente não tive companhia melhor para me trazer.
- Ei, eu ouvi isso! – Exclamou Bruno.
Todos riem e Açucena e Lúcia se cumprimentam. Dona Lúcia os convida para um café em sua casa e eles vão para lá. Açucena degusta o café e elogia:
-Que delícia esse café com anis estrelado! Já é o segundo café diferente que bebo desde que cheguei aqui. Na casa da tia Lydia bebi café com melado e agora esse. Não sei qual o mais gostoso!
-Então vai amar quando experimentar o café com *garapa. Você é a sobrinha da minha comadre que se candidatou à vaga de cozinheira do senhor Max?
Açucena assente concordando e é admirada com muita surpresa. Sr. Francisco a olha de alto a baixo e cutuca sua esposa, depois diz:
-Mas ela não tem cara de cozinheira, está mais para dona da fazenda!
Ela fica corada com o elogio, explica ligeiramente seu propósito ali e diz ter experiência com cozinha por ter crescido em um restaurante.
-Dona Lúcia, já que é a senhora que vai me entrevistar, que tal me deixar preparar o almoço da sua casa hoje para avaliar meu desempenho?
Lúcia ama a ideia e concorda de imediato. Normalmente seria ela quem serviria ao patrão, mas como havia caído e machucado a mão, Max fez questão de contratar outra pessoa. Ele exigiu que ela descansasse para ficar plenamente recuperada.
-Bruno, você poderia ficar e nos fazer companhia hoje, o que acha?
- Você não quer morrer envenenada sozinha, dona Lúcia?
-Ei! É assim que quer me ajudar? - Protesta Açucena.
-Desculpe, como seu futuro namorado deveria te dar mais apoio.
Francisco e Lúcia se entreolham curiosos, então Açucena faz questão de esclarecer:
-Não o levem a sério, ele galanteia todas que vê pela frente.
Francisco e Bruno se retiram, deixando-as a sós. Açucena aproveita e pergunta o que o patrão normalmente gosta de comer e Lúcia lhe explica que, quando ele vem para a fazenda, prefere comida simples, pois no dia-a-dia viaja muito e sempre vai em restaurantes caros, comendo muita comida refinada.
-Você nem imagina qual é a sobremesa preferida do Max.
-Me diz, assim posso preparar para ele.
- Doce de abobora com coco. - Lúcia fica pensativa e confidencia: -Sabe, o Max é uma pessoa muito séria, aparenta ser frio, mas eu conheço o coração daquele menino. É uma pessoa excelente, só que foi criado sem amor. A família é muito focada em negócios e em aumentar o patrimônio, não deixam os filhos serem livres para decidirem suas vidas.
-Surpreendente! Vejo que todos temos nossas lutas, não é?
-Sim, cada um com a sua sina.
Açucena se concentra em preparar a melhor refeição possível sob o atento olhar de Lúcia. Ela fica maravilhada com a imensa horta da propriedade e colhe muitos ingredientes frescos. Por fim, acabou fazendo uma refeição típica daquela região: salada fresca, tartelete de legumes e verduras, frango com quiabo, filé de tilápia ao molho, arroz e feijão escaldado. De sobremesa o doce de abóbora com coco e, para espantar o frio, vinho quente que Lúcia a ensinou a preparar.
Quando Bruno e Francisco voltaram, encararam admirados a fartura da mesa.
-Minha Nossa! Mulher, vou convidar alguns vizinhos para provarem esse banquete.
Lúcia ri e concorda com o marido. Açucena fica nervosa em ser avaliada por várias pessoas ao mesmo tempo, mas Lúcia a acalma e diz que pelo cheiro tinha certeza que tudo estava uma delícia.
As visitas vão chegando e Açucena é apresentada a todos, que são muito simpáticos e receptivos. A comida foi devorada e, se Lúcia não fosse rápida e tivesse separado um pouco para o jantar, não teria sobrado nada. Todos elogiam a refeição e dizem que queriam repetir a dose, mas a dona da casa vai logo avisando que Açucena não poderia ficar cozinhando o tempo todo pois tinha um livro para escrever.
Ela mais uma vez é encarada com curiosidade e explica um pouco sobre o livro. Muitos se dispõem em andar com ela pela propriedade, ela agradece e fica muito feliz em ver que foi aprovada por eles, afinal, formavam uma grande família. Como recompensa, as mulheres arrumam a cozinha, deixando Açucena e Lúcia descansarem.
Depois de todos se dispensarem, Lúcia explica para ela como era o trabalho e que deveria cozinhar apenas para Max, mas Açucena se dispõe a cozinhar para ela e para seu marido até que ela se recuperasse. Lúcia a avisou que o patrão viria no outro dia cedo e que o café já deveria estar pronto quando chegasse. Açucena a ouve atentamente, ela lhe passa todas as instruções e descobre que ficaria hospedada na sede, pois seria mais prático para executar suas tarefas; quanto à limpeza e organização, duas mulheres da fazenda se ocupariam disso.
Vendo que Açucena foi aprovada para o cargo, Bruno se despede dando-lhe um beijo na mão e lhe deseja boa sorte, já deixando avisado que entraria em contato para combinarem os passeios ou melhor, “encontros” para conhecerem a região. Ela o olha afastar-se com um sorriso no rosto e cogita:
“Será que você é aquele que espero minha vida inteira? ”
Então balança a cabeça para afastar aqueles pensamentos e vai para a casa principal. Ela é levada para um quarto grande, bem arejado, com o piso e todos os móveis de madeira maciça, o teto de gesso com lindos detalhes. Ela se joga na cama, fita o teto e o pequeno lustre, imaginando quantas pessoas já teriam passado por ali.
Depois de arrumar seus pertences, o sol já estava se pondo, ela se senta na varanda e faz alguns esboços daquela paisagem impressionante, que dava ao Vale um tom de laranja ofuscante. Quando anoitece, o frio a obriga entrar e ela continua colorindo seu desenho aos pés da lareira da sala.
*garapa\= caldo de cana.
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A Fazenda Preciosa é uma maravilha de lugar! Espero que gostem do passeio que faremos no Vale do Café.
Comentem e curtam para ajudar no engajamento do livro.
Vocês são maravilhosas.
Um grande 😘
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Atualizado até capítulo 216
Comments
Cleryan Darley
Muito lindo🥰🥰🥰
2023-12-31
2
Vó Ném
concordo com vocês a fazenda é maravilhosa e o dono do ❤️ dela acho que vai ser o patrão...
2023-02-16
1
Noezia Queiroz
acho que o dono do coração dela é outro
2023-02-03
1