Açucena sorri diante da paisagem que vê pela janela do ônibus. A região do Vale do Café possuía uma natureza exuberante, que oscila suas cores em tons de verde da mata atlântica, em meio a uma imensidão de colinas, dando a ele um aspecto único. Á cada curva ou subida, uma descoberta. O Vale parece querer revelar-se em gotas, provocando nela uma excitação e grande expectativa diante de tudo que está por descobrir.
Ela se lembrou do que lera em um site de turismo no Vale: “ Charmosas formas arredondadas descortinam o Vale do Café misteriosamente. Nada é óbvio. É terra ancestral, suavizada pelo vento, que sabe a importância da discrição, para provocar interesse no viajante. São contos de mil e uma noites, ou de mil e um montes: as colinas falam do movimento amoroso das inúmeras tentativas da terra em alcançar o céu. Ato poético gravado em relevo estático, e recontado pelos habitantes. ”
-Definitivamente, essas palavras traduzem bem a realidade. – Falou consigo mesma.
Ao descer do ônibus ela arrepia-se da cabeça aos pés. Não era acostumada àquele frio, onde morava a maior diferença entre o inverno e o verão era a quantidade de chuvas, mas a temperatura era a mesma praticamente em todas as estações. Enquanto fechava os botões de seu casaco, viu uma figura conhecida se aproximar com um belo sorriso no rosto. Era Lydia, a amiga de sua mãe que iria hospedá-la nos primeiros dias, que fora recepciona-la.
-Seja bem-vinda, minha querida. Fez boa viagem? - Elas se aproximam e se abraçam apertado. Quando se afastam seus olhos estão cheios de lágrimas. Ao se entreolharem foi impossível não lembrarem de Camila.
-Oi, tia Lydia. Sim, fiz uma ótima viagem, muito tranquila... Finalmente te conheci pessoalmente. Ouvi tanto falar de você minha vida toda! A mamãe te admirava muito.
De fato, Lydia, que havia ficado viúva muito nova, lutou para criar os dois filhos sozinha. Agora sua filha Vanessa era casada e morava na capital e seu filho mais velho Bruno era guia turístico da região. Lydia era uma mulher que aparentava ter um pouco mais de cinquenta anos, estatura mediana, era loira de olhos castanhos, um sorriso doce e olhar amável.
-Ah, nem me fale. Eu também sempre admirei sua mãe, ela teve coragem para lutar pelo seu grande amor e pelo que acreditava. Sabe que mesmo sendo a cara do seu pai, você tem os olhos dela? E é igualmente linda!
Envergonhada, Açucena abaixa a cabeça. Ela sempre ficava sem jeito quando ouvia elogios.
-Obrigada. Ela sempre brincava que o papai era egoísta, que só me deixou herdar os olhos e o cabelo dela. Já meu irmão não herdou nada mesmo!
As duas riem e são interrompidas por um belo homem que se aproxima todo sorridente. Ele era alto, cabelos e olhos negros, porte atlético e simplesmente lindo.
-Olha só, então essa beldade é a Açucena? Mãe, você a fez parecer uma criança quando falou dela! - Ele abraça Lydia e estende a mão para Açucena.
-Sim, prazer, sou Açucena. – Ela lhe responde com um sorriso tímido. Jamais havia sido chamada de beldade.
“Que gato! Bem que a Lydia havia comentado que seu filho era lindo. ”
-Acredite, o prazer é todo meu! – Ele lhe dá uma piscada divertida e depois pega suas malas. – Vamos? A dona Lydia aí preparou um verdadeiro banquete para te recepcionar!
-Esse menino é exagerado! Apenas fiz uma mesa de café para sentarmos e comermos enquanto colocamos nosso papo em dia.
Lydia abraça Açucena e elas seguem Bruno em direção ao carro.
Bela Vista era um perfeito exemplar de cidade do interior charmosa. A praça central possuía um antigo coreto e uma linda igreja católica centenária. As ruas eram bem arborizadas e repletas de casas antigas, com sua arquitetura tradicional preservada.
-Essa cidade é tão bonita! Parece que o passado é mais vivo aqui!
A sua cidade também é linda, não é mesmo? O litoral da Bahia é muito bonito. – Respondeu-lhe Bruno, a observando pelo espelho retrovisor.
Sim, mas de um jeito bem diferente. Cresci ouvindo falar sobre essa terra e realmente a mamãe não exagerou em nada. Aqui é um lugar muito especial.
Lydia sorri diante dos elogios e diz:
-Que bom que gostou, Açucena. Quero que se sinta em casa enquanto estiver aqui.
A casa de Lydia era em estilo colonial tradicional, cercada de varandas com espreguiçadeiras, de tamanho grande e extremamente limpa e organizada. Na cozinha, uma enorme mesa de madeira com bancos, que acomodaria facilmente umas quinze pessoas.
-Tia Lydia, quantas pessoas vêm lanchar conosco? Isso aqui dá pra alimentar um batalhão! - Exclama Açucena admirada com tanta variedade de comida em sua frente. Café com melado, aipim (mandioca), batata doce, milho cozido, angu doce e arroz doce, manteiga de garrafa, broa, bolo de milho, ovo mexido, queijo branco e coalhada, doces de abóbora com coco, mamão verde, laranja e doce de leite.
-Ah, é só para nós três mesmo. É que fiz de tudo um pouco.
-Esse é o legítimo café colonial!- admira Açucena.
-Se não tomar cuidado, voltará acima do peso para a sua casa. A mamãe adora fazer os outros comerem!
Eles riem alto, mesmo com os protestos de Lydia. Então se servem e começam a conversar. Açucena fez uma chamada de vídeo para seu irmão para contar que havia chegado bem e para lhe fazer figa, mostrando tudo que Lydia havia preparado.
-Tia Lydia, quando eu te visitar, quero uma mesa de comida ainda maior, só pra eu me vingar da Sussú.
-Claro, Leo, será um prazer. Anima e venha me ver.
Bruno não perde a oportunidade e diz:
Venha mesmo irmão. Aqui tem muitas gatas para eu te apresentar.
-Opa, quem sabe amanhã mesmo eu não apareço aí?
Todos riem e Leo se despede. Açucena ficou sabendo de várias histórias engraçadas e divertidas de seus pais. Como eles não gostavam de falar sobre o passado deles, ela se maravilhava com tudo que Lydia dizia.
-Obrigada por me contar sobre meus pais. Eles nunca falavam de si mesmos, quando tocavam no passado era sempre sobre coisas neutras ou sobre a cidade. Até hoje eu e meu irmão não soubemos direito o motivo da família não ter aceito o relacionamento deles. Eles se amavam e foram muito felizes.
-Ô minha filha, alguns assuntos são difíceis de serem mencionados. Tenho certeza que se não disseram nada para vocês é porque queriam poupá-los, mas vamos deixar isso de lado por enquanto. Você deveria descansar agora. Amanhã falamos sobre as vagas que vi aqui e em outra oportunidade tocamos no passado novamente. Se quiser poderemos até mesmo visitar seus parentes que ainda estão na cidade.
Açucena assente concordando e pede licença para se retirar. Ela toma um banho relaxante e, vencida pelo cansaço, acaba adormecendo.
🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸🌸
Bela Vista parece um pedacinho do Paraíso!😍😍😍
Quais aventuras aguardam Açucena? Bruno é um gato, não é mesmo?
Comentem e curtam, o engajamento de vocês é muito importante.
Um grande 😘
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 216
Comments
Juvandia Dos Santos Conceicao
espero que eles se apaixona
2024-02-21
3
Assucena Oliveira
primeiro livro q vejo com meu nome , só o modo de escrever e diferente
2023-06-05
2
Deusinha Santos
É ele lindo mesmo bem que dois podia se apaixonar um pelo outro formam um par perfeito
2023-02-19
0