Capítulo 4

Estacionei a minha moto na porta de casa com o coração acelerado, aparentemente estava tudo igual. Entrei pela porta da cozinha minha mãe estava parada de frente a pia, é, parecia tudo bem:

- Mãe, aconteceu alguma coisa? Está tudo bem?

-É claro que sim minha filha, está tudo ótimo, voltou cedo hoje, aconteceu alguma coisa?- Ela respondeu. Mas senti algo diferente na sua voz, estava trêmula.

- A senhora está chorando? O que aconteceu mãe?

- Foi nada não minha filha, é que me bateu uma saudade do seu pai.- Ela respondeu.

-Certo, mas quem eram aqueles homens nas caminhonetes que eu vi saindo daqui?- Ela respirou fundo, balançou a cabeça.

- Mãe, o que houve? Me conte logo. - Eu conheço a minha veia, sei que algo muito errado estava acontecendo.

-A mamãe não quer te contar Mel, mas aqueles são uns colegas de papai. O papai pegou dinheiro emprestado na mão deles e agora eles querem o dinheiro de volta ou as nossas terras... Não gosto deles e já é a segunda vez que eles vem aqui. -

Disse minha irmãzinha, a pequena Vi, de 9 anos, que quando me ouviu chegando se aproximou correndo da cozinha.

- Vitória! Eu disse o que? Não precisava contar para ela, a gente vai dar um jeito de pagar.- Mamãe olhou para mim, no fundo dos meus olhos e disse - Filha, eu não quis te contar para que você não fique com mais raiva do seu pai, mas é uma coisa simples, não precisa se preocupar.

-Como não minha, mãe? Pelo amor de Deus, porque a senhora não me contou isso antes? Me diga qual é o valor que a gente vai lá acertar amanhã.

-Mel, senta aqui...-Disse a minha mãe apontando para uns bancos da mesa da cozinha, ela se sentou e eu sentei de frente para ela.-

A um tempo atrás, uma 6 meses, o seu pai me chegou com uma história, que queria vender nossas terras, que ia comprar uma casa na rua, que ia te ajudar a na faculdade, na formatura...

Na hora eu já disse que não queria, que era pra desistir urgente da idéia. Ele disse que um fazendeiro que se mudou aqui para perto tinha interesse em comprar a nossa fazenda e que ele já tinha até trazido o homem, quando eu não estava aqui, para ele ver o terreno e o homem estava oferecendo 150 mil em toda as terras.

Mas novamente eu recusei, não tinha cabimento isso, a gente se casou aqui, vocês todos nasceram aqui, a nossa vida é essa roça aqui, eu já tenho quase 50 anos e tudo que eu conheço está aqui. Alí aquele assunto morreu, ele não falou mais disso.

Então, uns 15 dias depois da sua morte apareceram esses homens, os capangas desse fazendeiro e eles disseram que...

- A sua voz embargou e com a voz trêmula ela prosseguiu-

Que o seu pai tinha aceitado o acordo e que ele, o seu pai, já tinha pego 100 mil de adiantamento na mão desse homem.

Eles me deram um documento com a assinatura de seu pai para a venda da casa e um prazo de três meses para eu pagar esse valor ou sair das terras...

- Ela encostou a cabeça na mesa e começou a chorar.

Eu escutei tudo aquilo incrédula, tudo bem que nada vindo daquele homem que um dia chamei de pai me surpreenderia, mas vender as terra que ele tanto amava, que ele tanto se orgulhava, me parecia demais, estanho demais.

Essas terras pertenciam aos meus avós por parte de pai, meu pai e os seus irmãos todos foram criados aqui, todos foram tentar a vida na cidade grande e só o meu pai ficou, cada pé de árvore, cada plantação, cada folha era um orgulho para ele.

Como minha mãe disse eu e meus irmãos nascemos aqui, assim que aprendemos a andar tivemos que trabalhar para ajudar em casa, plantar e arrancar frutas, verduras, vender na feira. Essa era a única vida que eles conheciam. Tem alguma coisa muito errada nessa história.

- Não chora minha mãe, vamos dá um jeito- disse eu, nem eu mesma acreditava nessas palavras. Como a gente iria consegui 100 mil reais? A única forma de conseguir o valor seria vendendo a casa. E no final daria no mesmo. - E onde está esse valor?

-A minha esperança, Mel, era que esse dinheiro estaria parado em alguma conta do seu pai, mas não. Esse dinheiro sumiu!- Disse mamãe.

- Qual o nome desse fazendeiro, mãe?

- Eu só conheço ele como Requião. Eles tem muitas terras na região, grandes fazendeiros. Se construíram uma casa enorme e se mudaram para as terras daqui...

- A senhora pode ficar tranquila mãe, amanhã vou lá ver o que posso fazer, certo? Talvez eu consiga uma prazo maior.

- Filha, essa gente é perigosa! Você viu o tanto de capangas que ele tem? Não vá lá.

- Mãe, fique tranquila. Já está decidido amanhã eu vou lá.- Disse eu decidida.

Conversei mais um pouco com a minha mãe, ouvir as histórias exuberantes da minha irmã em mais um dia seu na escola, ela estava muito empolgada.

E por fim fui ajudar o Isaac a cortar a lenha, meu outro irmão, de 13 anos, ele me contava histórias da menininhas da escola e segundo ele era um dos mais galanteador da classe, pelas falas deles todas as meninas ficavam aos seus pés, eu só sabia dá risadas com tantas informações.

Após ajudar com a lenha fui tomar um banho e ajudar a minha mãe na janta.

-Oh, Mel! O que aconteceu com o seu pé? Você está mancando desde quando chegou e tá toda ralada.- Perguntou Vi.

- Até que enfim alguém notou. Hoje quase virei um tapete pra um boi, quando fui fugir machuquei o pé. - Eles só precisavam saber dessa parte, para que mais detalhes, não é mesmo?- Mas já estou bem melhor. Cadê o Pedrinho que até agora não chegou?

- Ele deve está com aqueles meninos do povoado de cima, não gosto dessa amizade, se você vê mel, nenhum vale nada. Se der 22 horas e ele não aparecer por aqui viu atrás dele onde estiver e vou fazer vergonha.

Ah, dona Rosa, não muda nunca. Depois da janta, me despedir de todos e fui deitar na minha cama.

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Comments

Lourdes Rodrigues

Lourdes Rodrigues

bem interessante 😏❤️

2022-12-12

0

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