Acabei me saindo bem melhor que imaginei no trabalho. Pensei que iria quebrar algumas coisas, derramar café em clientes e anotar pedidos errados. Bem o primeiro dia em filmes, mas nada disso aconteceu. Eu fiz por mais absurdo que possa parecer tudo certo e ainda recebi gorjetas. Agora temos 26,50 para passar até o fim do mês. Também para minha enorme surpresa, podemos levar as sobras do café para casa. O que alivia ainda mais o nisso mês. O gerente não apareceu hoje. Anna falou que o seu sobrinho aprontou e que a mãe estava brava com ele. Que talvez o gerente ficasse uns dias fora por conta de um casamento rápido que iria acontecer. Será que o sobrinho engravidou alguém? Queria a fofoca completa.
No caminho para casa, com o meu saco de salgados e bolos que estavam "vencidos". Encontro um gatinho na rua ferido. Helena vai com certeza me matar. Levei o gatinho no veterinário, expliquei a minha situação e a do gato. Éramos iguais. Dois lascados. O veterinário com pena das nossas almas cuidou do gato por um tal de valor social e disse que eu deveria para próximo mês. Total de caixa: -140 reais. A Helena vai me matar, com toda a certeza.
Entro na nossa casinha da Barbie, segurando i gato preto com a pata imobilizada e o saco de comidas da cafeteria (Que agora tenho certeza que será nossa salvação, já que estamos literalmente negativas até próximo mês)
— Diga que você não fez nada do que estou pensando — Helena gritava com as mãos na cabeça
— Ele chama-se Salém! Foi abandonado, ferido e deixado para morrer. Me desculpa, mas não pude deixar ela lá. Eu não consegui — Eu sabia que estava numa fase difícil da minha vida, que não podia me dar a certos luxos, mas ele, assim como eu sente dor, medo e frio. Se alguém me salvou e deu-me abrigo, também posso, certo?
— Você é uma idiota. Pior que eu te amo mais ainda por isso. Quanto que estamos ferradas? E é impressão minha ou ele tem cara de abuso? — Helena falou pegando ele no colo
— Temos agora em caixa: -140 reais. Pelo menos, nisso já comprei a comida do gato e areia para ele. E sim, ele tem cara de quem já nos odeia muito. — Falei indo em direção da cozinha
— Tudo bem. Na vida devemos retribuir. Você fez certo. Daremos um jeito. E como foi o primeiro dia de trabalho?
— Pior que consegui fazer tudo direito. E duas coisas boas, recebi gorjetas e as sobras da lanchonete, que não estragar, posso trazer para casa. Ou seja, temos salgados e bolinho para o jantar. — Eu disse animada
— Viu, Salém? Não estamos totalmente perdidas. Temos agora uma chance de não morrer de fome. — Helena falou para o gato
— E como foi na Universidade?
— Deu tudo certo, começo assim como você próximo semestre, também a noite. Oficialmente universitária novamente — Ela falou mostrando a carteirinha de estudante da Universidade
— Parabéns, amiga. Agora vamos dominar aquilo tudo. — Falei colocando as sobras do café na mesa
— Não cumprou uma caminha para ele? — Helena Perguntou
— Pensei em fazer com caixa e alguns panos. Bem, vamos dizer que a cama não combinaria com o nosso orçamento. — Fiz careta lembrando o quanto que já estou devendo
— Vamos comer e descansar. Amanhã vou procurar um emprego. Ou vamos acabar falidas. — Helena fechou a janela, colocou Salém no chão, que não aprovou e foi para a cama
— Acho que ele encontrou uma cama — Eu disse rindo
— Agora vamos dormir nos três na cama. Nunca passaremos frio. — Helena riu
— Amém! Vamos comer.
Jantamos muito bem. Tomamos banho e deitamos. Salém decidiu que iria dormir nos nossos pés. Deu zero bola para gente. Penso que ele não quer se misturas com essa gentalha, entendo ele. Também não querer me misturar com seres parecidos com os que me machucaram anteriormente.
A semana passou bem calma, com um gato que fingia morar sozinho e tinha duas escravas humanas. Ele virou o dono da cada e a gente reles servos dele. Helena conseguiu emprego numa loja de roupa no shopping, trabalhava na parte da tarde. Já eu, estava uma semana já no café, percebi que as gorjetas eram boas e sobravam sempre algumas besteiras para levar para casa. Sobre o chefe, continuava sumido. E acredito que a Anna gosta dele.
— Aurora, como estou hoje? — Anna me aparece mais maquiada que o Patati
— Vai ter alguma apresentação infantil? — Olhei ao redor da cafeteira tentando entender o que estava acontecendo
— Quê? Não. Porque diz isso? Ele mandou mensagem. Vem hoje! — Ela fala saltitando
— Isso explica muita coisa. — Eu disse rindo.
— Fica atendendo? Vou retocar a maquiagem. — Eu quase que tentei impedir ela, mas julgo que seria uma situação bem constrangedora.
Fiquei no balcão. O dia estava parado hoje no café. Não tinha ninguém para atender. Então um senhor, lindo, deve ter por volta dos seus 30 anos, no máximo, se aproxima do balcão e fica me encarando. Sabe aquela sensação que conhece a pessoa de algum lugar, mas não faz ideia da onde? Ele me olhava sem parar.
— Bom dia! Bem-vindo a Cafeteira Destino. O que gostaria? — Fiz o meu melhor sorriso
— Você– ele falou me surpreendendo
— Desculpa, tenho um valor inestimável. Não estou no cardápio. Poderia indicar algumas coisas fabulosas que estão — Já estava acostumada às cantadas idiotas, rendiam gorjeta, mas eram horríveis.
— Não, não foi isso que eu quis dizer. Perguntei o que você está fazendo aqui — Ele me olhava confuso, antes que eu pudesse responder o Patati gritou
— Jake! Pensei que você tinha desistido. Ou tinha sido capturado — Anna falou fazendo biquinho. Será o namorado dela?
— O que ela está fazendo aqui? — O senhor falou olhando para mim e ignorando todo o charme que Anna fazia. Pobre da minha amiga
— Oh! Essa é Aurora. O senhor contratou ela como garçonete. Aproveitei que o movimento estava baixo para ir ao banheiro e pedi ela para ficar no meu lugar, me desculpe se isso foi um problema. — Anna falou bem formal e sem charme, modo trabalhadora lutando para não perder o emprego ativo.
— O problema não é ela está no seu lugar. É quem ela é — Ele falou colocando a mão na cabeça e entrando para dentro do escritório administrativo
— Você conhece o Jake? — Anna perguntou
— Não, faço nem ideia de quem ele é — realmente não tinha ideia de quem era ele.
— Pois então é melhor você ir lá descobrir. Pela cara dele, a sua demissão vem hoje ainda. — Anna falou fazendo careta.
Eu não posso ser demitida. O emprego paga o meu jantar e estou zerada (negativada na realidade). Já está chegando o dia de pagar o aluguel. A nossa majestade com toda a certeza vai recusar morar na rua, sim, estou falando de Salém. Tenho que resolver isso. Vou até à porta e bato.
— Entra! — Ele gritou. E eu pensei. Deus, me ajuda.
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Atualizado até capítulo 142
Comments
Ana Zélia
faz tempo q li essa história e,agora estou relendo, é muito linda a história dessa três guerreiras, até tinha esquecido, e relembrando de tudo.
lida também a história dos filhos delas ,da Ana ,Helena e Aurora. 🥰🥰😍😍😍😍
2024-11-23
1
Raquel Martins
Nossa, ele é tio do Philips.
2024-09-13
0
leitora por amor
Afff, é o rabugento...🙄
2024-05-27
1