Eu não conseguia respirar, nadar naquele frio foi ainda pior. Estava me sentindo humilhada e ainda dececionada, como pude confiar nele? Acreditar que ele me via como uma amiga. Como toda desgraça para pobre é pouco, a minha maldita bolsa ficou no barco. Então, estou eu, andando horas até o orfanato, no início, estava toda molhada, agora estou quase seca, as lágrimas também já secaram.
Quando cheguei próximo da entrada do orfanato, até pensei em entrar por onde sai, mas esse horário, todo mundo já tinha descoberto a minha fuga. Quando estava prestes a bater na porta, ela abre-se magicamente e a madre superior brota.
— Que bom! Você está viva. E parece, que decidiu bem como vai seguir a sua vida a partir de agora – ela falou olhando a minha roupa. Eu estava vestindo a camisa daquele idiota. — Helena, traga as coisas dela. Ela não entra mais aqui nesse orfanato. Aqui é um lugar de Deus, não de indecência.
Ele estava com os olhos vermelhos, deve ter chorado e implorado pelo meu perdão. Sou mesmo uma idiota. Pego a minha bolsa das mãos dela e lanço um sorriso. As lágrimas dela rolam mais ainda.
— Sim, aqui deveria ser a casa de Deus. Um hospital. Onde não se tem julgamento e sim cura, mas chego e recebo um juiz, com a minha sentença pronta. Muito obrigada pelo que fez por mim até hoje. Não vou esquecer jamais de nenhum ensinamento. Adeus. — Me virei para sair.
— ESPERA! — Ouvi Helena gritando
Me virei confusa, ela estava no quarto dela já, no primeiro andar. Começou a jogar as bolsas lá de cima. Eu fiquei em choque. Vou de jatinho para o inferno fiz a freira largar o convento. O meu dia está realmente indo bem mais fora do controle do que eu esperava.
— Aliás, Madre. — Helena que já estava do meu lado diz – Vai tomar no.. Vamos, Aurora.
— Eu vou para o inferno. Fiz a freira ir ladeira a baixo. — Falei com a mão no rosto.
— Ela mereceu. Nem chegou a te ouvir. Só jogou pedras. Quem é ela para julgar alguém? — Helena falava indignada
Sentamos na parada, olhamos uma para outra e começamos a rir.
— Para aonde vamos? — Helena perguntou
— Podemos ir para o quarto que eu iria ficar. Acho que por enquanto cabe nos duas. Por enquanto será suficiente, certo? — Eu falei, não ia ser ruim Helena está comigo. Ficar sozinha, só de pensar era assustador.
— Então vamos! – Helena falou animada
Helena sem ser freia era bem nova. Na verdade, ela realmente era nova, toma apenas 20 anos. Era loira e muito tímida. Ela gostava de lutar por justiça, não aceitava desigualdade. Nunca entendi bem o motivo dela ir para como freira. Ela não parecia em nada com as outras.
Chegamos no quarto, era bem pequeno. Tinha uma cozinha- sala-quarto no mesmo cômodo, o único lugar separado era o banheiro.
— É bem melhor do que eu imaginei — Helena falou
— O quê imaginou? — perguntei rindo.
— Um quarto. Literalmente.
— Eu preciso de um banho. — Eu disse indo para o banheiro.
Tomei um banho demorando. Até quis chorar, mas não tinha mais lágrimas. Tudo tinha secado. Eu terminei, enxuguei-me, vesti uma roupa leve e voltei para o quarto.
— Você quer conversar sobre o que aconteceu? — Helena perguntou
— Eu não sei muito bem o que aconteceu. Eu e Philips estávamos dançando, bebendo e brincando. Quando acordei hoje pela manhã a mãe dele estava gritando comigo, me amaldiçoando, junto com a noiva dele que eu não sabia que existia. — Falei tentando lembrar de algo mais, mas nada me vinha a cabeça.
— Você e ele? — Helena colocou as mãos na boca.
— Eu e ele o quê? — perguntei sem entender onde ela queria chegar.
— Você dormiram juntos, lesada. — Quando ouvi ela falar isso, me levantei colocando as mãos na cabeças.
— Eu.. Não lembro.. De nada.. Acordei estava nua... Ele me deu uma camisa dele. Não lembro de absolutamente nada. E agora, Helena. O quê eu fiz? — Eu comecei a chorar.
— Está tudo bem. Esquece esse embuste safado. Esquece o dia de ontem. Vamos nos focar em organizar esse quarto. E comprar o que precisamos. Também preciso procurar um emprego. Vamos organizar a nossa vida. — Helena falou.
— Você está certa. Vamos focar no que é realmente importa. O nosso futuro. Vamos dominar isso tudo. Vamos mostrar quem manda, Helena. — Eu falei sorrindo
— Concordo. Eu também vou estudar e tentar a faculdade. Vamos começar a vida do zero juntas. Mas.. Por hoje... que tal uma faxina nesse quarto cheio de poeira? — Ela disse olhando para o caos que estava aquilo
— Acho uma boa. Depois temos que ir comprar mantimentos, alguns utensílios para cozinha e material de limpeza, algumas coisas para comer pronta e gostaria de conhecer o bairro também. — Falei enquanto prendia o cabelo. — Então, vamos começar a limpeza do nosso novo barraco?
— Vamos!
Demorou mais do que imaginamos, tinha poeira na poeira. Fizemos a lista do que iríamos precisar comprar durante a faxina, o que íamos lembrando, adicionamos. Quando acabamos tudo. Tomamos um belo banho e descemos para um supermercado próximo. Tínhamos uma lista imensa de materiais urgentes para nossa sobrevivência.
— Que tal comprar tudo em tons meio rosa? Rosa pastel. — Helena falou olhando alguns lençóis.
— Até os copos? — perguntei
— E os pratos! É tão pequeno que só me lembra a casa da Barbie. Será divertido tudo meio rosa. — Helena argumentou. Ela estava sorrindo como nunca vi, parecia mais livre do que nunca. Me pergunto o que prendia ela naquele lugar.
— Quanto temos em caixa? — eu perguntei, foi decidido que ela tomaria conta do dinheiro, eu sou péssima com números.
— 524 reais e 55 centavos — Ela respondeu
— Para sobreviver até próximo mês — Falei com as mãos na cabeça.
— Você é bem ruim de matemática mesmo. Daqui vai sobrar quase nada. Vamos passar o mês nem difícil. — Helena falou
— Ainda bem que a gente treinou muito jejum e penitência — Falei e ela teve uma crise de riso.
As nossas compras começaram a passar, cada número que aumentava, o meu coração batia um pouco mais descompassado.
— 501,50 — A atendente falou, Helena pagou e saímos.
— Temos 23 reais agora para o resto do mês. — Helena falou rindo.
— Vamos conseguir.
— Eu sei que vamos. Amanhã mesmo vou arrumar um emprego.
— Eu começo o meu pela manhã — Eu disse comemorando
— Pelo menos, não precisaremos nos preocupar com aluguel. O resto a gente vai conseguindo devagar. — Helena abraçou-me
— Sim! Vamos mostrar o que podemos fazer nesse mundão de Deus.
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Atualizado até capítulo 142
Comments
Maria Maura
Nem para tomar remédio do dia seguinte, tapada, só falta como clichê ficar grávida do cafajeste.
2025-03-12
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Cristiane Pinheiro
Como que a pessoa bebe e não lembrar de nada /Facepalm/ o que será que tinha na bebida 🍸 em🤔.
13/03/2025 #
2025-03-14
1
Maria Ines Santos Ferreira
quero muito que ela não esteja grávida,todo o livro é igual
2025-02-17
1