Amizade

Aproveitei a ausência do inquilino na minha casa para aproveitar e tomar meu banho para ir à faculdade. Deixei o chuveiro ligado enquanto a minha roupa. Eu estava aflita ainda e pensativa se eu já tinha feito a escolha certa. Será que eu precipitei em aceitar pensando apenas no dinheiro? Afinal, de onde vem esse dinheiro? Se fosse de algo sujo, eu estaria me compactuando com esse crime? Arg... Pensar demais me deixava ainda pior.

Eu segui em direção à ducha quente, peguei meu melhor sabonete para descanso da alma, alfazema e aroeira, dois elementos que segundo à minha vó servia para espantar as energias negativas, e confesso que eu poderia sentir isso no meu corpo, eu estava péssima. Conforme a água quente percorria pelo meu corpo, eu suspirava com a maneira que era relaxante. Minha cabeça ainda não havia me dado uma trégua.

O gemido da porta ao abrir me chamou atenção, desliguei a resistência para que assim pudesse escutar melhor e saber do que se tratava.

— Delinquente? — Gritei do banheiro.

Tudo ficou silencio, não obtive respostas.

— Delinquente? — Gritei novamente enquanto recolhia a minha toalha no gancho.

— Eu não estou de brincadeira. — Completei.

Agarrei a vassoura que estava na parede e em passos lentos eu segui até à porta.

— Michael? — Gritei outra vez. E dessa vez obtive uma resposta.

— Michael? Quem é Michael? — Lily perguntou enquanto dava risada.

— Para, Lily. Achei que fosse um ladrão, assim você me mata de susto. — Desabafei.

Lily e eu tínhamos um código. Sempre que chegamos em casa depois do serviço e faculdade, temos o intervalo de 20 minutos para avisar uma à outra, passando disso, podemos acionar a polícia para averiguar o que anda acontecendo. Sei que é exagero, mas vale tudo para a segurança quando se vive em Nova Iorque.

Quando sai do banheiro Lily estava em pé rindo, não sei onde ela via tanta graça.

— Você precisava ver o seu desespero. — Disparou.

Apesar de algumas brincadeiras bobinhas, Lily era a melhor pessoa que eu pudesse conhecer na minha vida, e a conheceria outras milhares e centenas de vezes.

A Lily tinha 19 anos quando a conheci na fila da matrícula na universidade. Meu inglês era péssimo e eu precisava achar o alojamento. A Lily notou que eu pudesse estar perdida, aproximou de mim perguntando se poderia me ajudar. Senti confiança e disse sim, desde então não desgrudamos. O Demetrius, nosso chefe, dizia que éramos tão parecidas que pudéssemos dizer que somos irmãs. Eu era 1cm mais alta que a Lily, embora fosse imperceptível comparar 1.74 com 1.73. Meus cabelos ondulados na altura do ombro e de cor castanho, enquanto ela tinha os cabelos lisos e loiros, um pouco mais abaixo do ombro. Talvez ele tenha querido referir à personalidade, pois aparência era diferente.

Lily estava fazendo os cabelos quando eu saí do banheiro. Aquele era o momento bom para falar com ela sobre o ocorrido, assim pudéssemos ir tranquila para a faculdade, pois o assunto já estava subentendido. Me sentei na beirada da cama enquanto a olhava preparando os cabelos.

— Amiga, preciso de dizer uma coisa. — Avisei.

Lily não esboçou reação alguma.

— Sobre seu encontro com o Hudson? Ah, já tô sabendo, mas me conta os detalhes.

— Não, amiga. Não é sobre o Hudson. É pior que isso.

— Ai meu Deus, o que é pior que sair com o Hudson Willians? — Brincou. E dessa vez esboçou uma reação de surpresa. A Lily era curiosa.

Olhei para ela e pedi que prestasse atenção.

"Amiga, sabe o caso do entregador que foi assassinado? Então, ele não foi assassinado. O delinquente que estava no quarto dele apareceu aqui em minha casa me oferecendo 2 mil dólares para ficar 8 dias e eu aceitei. Ah, ele é o mesmo que lhe entregou o bilhete lá no café, aquele da letra horrível." — Eu disse a ela.

— Ai meu Deus, Lana. Isso é uma pegadinha, né? — Cadê as câmeras, deve haver um celular escondido aqui. — Debochou.

Eu a acalmei e falei que não era uma pegadinha, era um assunto sério. Ela levou uns segundos até cair a ficha da realidade.

— Mas como você tem essa coragem? — E se ele for um homem perigoso? — Lily me questionou.

Foi compreensível a forma em que a Lily lidou com a informação, isso porque não contêm corretamente todos os detalhes, como foi que aconteceu, não queria deixá-la assustada.

O tempo estava passando, o dia estava tão extenso, parecia que eu estava vivendo aquele único dias há dias. O delinquente ainda não havia chegado, assim disse ele que iria buscar as coisas. Eu me adiantei, me arrumei para mais um dia de aula. O vestido de cor bege e justo caia bem ao meu corpo, minhas medidas eram boas, pelo menos isso para dar um UP na minha autoestima. Não mexi nos meus cabelos, apesar de ondulado, ele ficava bem até sem penteados, pelo menos um ponto positivo. Uma leve make pra dar uma disfarçada, era noite e ninguém nem iria prestar atenção nisso.

Depois de arrumada, ofereci meu braço direito para Lily segurar.

— Vamos? — Chamei.

Mas eu lembrei que tinha o delinquente, ele nem havia chegado ainda e eu estava prestes a sair. Desde então, a minha única alternativa foi deixar um comunicado por escrito para ele. Avisei que a chave reserva estava no vasinho de planta na janela. Que o banho não poderia passar de 15 minutos e checar o registro do gás sempre que usar o fogão. Então eu pude ir tranquila pra faculdade com a Lily.

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