Um delinquente

Depois de muitas tentativas sem sorte, pensei em compartilhar com a Lily o que estava acontecendo, assim pelo menos duas cabeças poderiam pensar melhor do que uma. Eu resolvi deixar um pouco a investigação de lado e tentar concluir minhas tarefas, o tempo passou rápido e faltava pouco tempo para eu ir pra faculdade. Era um pouco mais das 17:50, já estávamos recolhendo nossas coisas para finalizar o nosso expediente, à noite os rapazes cuidavam do café.

A Lily e eu estudávamos na mesma universidade, a NYU. Eu entrei sendo bolsista, a família da Lily não é rica, mas sempre tiverem como manter os custos dela por lá.

A gente caminhava pela calçada como de costume depois do final do serviço, eu andava de cabeça baixa contando os ladrilhos da calçada.

— Você tá meio tensa, o que tá acontecendo que você não tá falando, amiga? — Lily me perguntou enquanto olhava para mim, eu conseguia ver empatia em seus olhos. Sei que saberia entender.

— Eu prometo que à noite, depois da faculdade eu vou lhe contar tudo. Mas tudo mesmo. — PROMETO. Terminei dando a ela meu dedo mindinho como voto de confiança. Ela entrelaçou com o dedo dela ao meu.

— Eu sei disso. Só quero você bem. — Finalizou me dando um abraço.

Trilhamos mais 5 minutos lado a lado, mas a Lily morava perto, não precisava pegar a condução, enquanto eu tinha um ponto de ônibus me esperando.

Eu estava altamente exausta, o que mais queria era ir à faculdade e depois um boa noite de sono de qualidade, era o que eu precisava.

Assim que o meu ônibus chegou, me acomodei naquela poltrona. Ela era confortável, confortável o bastante. Eu sentia meus pensamentos acelerado, era uma série de assuntos vindo ao mesmo tempo, mal eu conseguia focar apenas em um, aquilo me deixava tão mal. O pouco tempo que fechava os olhos, mesmo uma fração de segundos, eu sentia minhas pálpebras pesadas e cansadas, embora não estivesse 100% adormecida, o som do disparo tomava conta da minha mente, eu me assustava.

Eu dei graças a Deus quando o ônibus estacionou no meu ponto de descida, até então era somente mais 5 minutos caminhando até chegar em casa. Talvez devido ao luto, alguns estabelecimentos do bairro não abriram, é de costume ficar 24hs assim, não importa quem seja que faleceu. Era um ato de empatia. As crianças não estavam na calçada, estava silenciosa. Quem era aquele homem? Por que foi morto? Eu me perguntava. Olhei para cima naquele prédio, meu coração apertou. Por que eu não fiz nada? Por que eu não adiantei o trabalho do detetive Steve? Eu sabia as respostas, eu me via alguém impotente pra lidar com isso.

Lamentei, não havia mais o que fazer. Subi as escadas do meu prédio. O elevador havia quebrado e a única forma de chegar até lá era subindo cada degrau.

Talvez, aquele teria sido o meu pior dia da vida. Pelo menos até ali na escada. Mas se eu disser que o pior estava por vir?

Quando abri a porta do meu quarto, o cheiro do perfume diferente invadiu as minhas narinas, pensei ser efeito da dor de cabeça e o cansaço, mas não era. Em cima da minha cama tinha uma criatura sentada usando meu notebook enquanto comia uma maçã. Eu me assustei, não pensei duas vezes antes de ir tentar quebrar a cara dele com a minha bolsa, e foi justamente o que eu fiz. Entrei porta adentro gritando enquanto batia com a minha bolsa na criatura. — Saia daqui, o que você tá fazendo em minha casa. — Gritei, enquanto batia com a minha bolsa nas costas dele.

Eu pude perceber o desespero no nos olhos do delinquente, que se agachou entre a minha cama e minha mesa na tentativa de proteger a cabeça.

Mas, me assustei quando notei a tatuagem no pescoço, foi a mesma que a Lily descreveu. Perdi as forças das pernas naquele momento, depois tudo começou a perder o sentido ao meu redor, minha boca ficou seca, meus olhos pesados, foi um desmaio.

Passou alguma coisa como 3 minutos até eu retornar à realidade, acordei com o vento de um livro sendo abanado em meu rosto.

— Você desmaiou. — A voz calma, grossa e serena sussurrou próximo a mim.

Eu me espantei novamente pra variar. — Quem é você? O que tá fazendo na minha casa? Perguntei enquanto me levantava e corria para o outro lado para pegar o abajur como objeto de defesa. Segurei o abajur firme enquanto calculava a forma mais ágil de sair dali. Pensei em sair pela porta, mas eu estava com medo do delinquente estar armado, pensei também em atirar o abajur nele enquanto me trancava no banheiro, mas seria sem sucesso. Como iria pedir ajuda?

Mas uma luz surgiu naquela escuridão, naquele momento caótico. Avisei que minha amiga e eu temos um código secreto, que se eu não avisasse em 20 min que cheguei em casa, ela acionaria a polícia.

— Você pode ficar calma, garota? — O delinquente pediu do outro lado enquanto erguia as duas mãos em minha direção.

CALMAAA? como ele queria que eu ficasse calma com tudo que estava acontecendo, jamais eu ficaria.

— NÃO! Eu não vou ficar calma, e você pode sair AGORA da minha casa. — Me exaltei enquanto ameaçava jogar o abajur na cara dele.

O delinquente tentou novamente conversar, a cada palavra ele dava um passo à frente, embora eu estivesse com medo, eu pude calcular essa rota dele.

— Se você der mais um passo para frente eu vou atirar isso na sua cabeça e vai ser dois homicídios na porra desse bairro, eu estou lhe avisando. — Falei de forma agressiva, algo que nunca era de se notar em mim, não correspondia com a minha personalidade.

— Mais um homicídio? Por que mais um homicídio? Do que tá falando? — O delinquente fez essas perguntas enquanto fazia uma cara de desentendido.

— Abaixa esse abajur, vamos conversar, por favor! — Pediu.

Eu queria saber o que estava acontecendo, então eu não poderia bater com aquilo na cabeça dele, senão ficaria sem respostas. Coloquei o abajur do lado, falei para ele ficar 5 metros distante de mim e começar a falar, eu exigi.

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