Já havia passado mais de duas horas desde que eu me tranquei no meu quarto, onde consegui me entreter com músicas e livros por um bom tempo. Porém, o tédio já estava começando a dividir o espaço do quarto comigo, além da fome.
Voltei a calçar as pantufas e desci a estreita escada que fica na lateral da casa, que desce direito e termina na cozinha. Alguém deve ter diminuído a calefação, pois o andar de baixo está mais frio.
Abraço o meu corpo quente que está arrepiado e abro a geladeira, fitando meu olhar em uma linda fatia de bolo de chocolate.Sem pensar duas vezes pego um garfo na gaveta de talheres, me encosto na bancada e começo a saborear o bolo.
— Isso era do seu irmão. – uma voz me assusta, fazendo com que eu engasgue.
— Mãe! A senhora me assustou. – digo, depois de não estar mais engasgada.
— Desculpa filha. – A mulher de lindos cabelos escuros, olhos negros e pele clara, assim como a minha, vem até mim e beija a minha testa.
— Está linda hoje, como foi no grupo de apoio?
Minha mãe tem uma mania estranha de elogiar eu e o Harry toda vez que nos vê, mesmo estando de pijama e toda descabelada.
— Bem. – respondo brevemente, com a intenção de terminar a conversa logo.
— Bem, só isso? – ela arca as sobrancelhas e eu apenas concordo, colocando mais uma garfada do bolo na minha boca. – Me conte como foi. – minha mãe pede.
Por sorte, o celular dela toca, não deixando que eu fale. Ela revira os olhos quando vê o número na tela.
— Só um segundo. – ela diz e atende.
— Elizabeth Johnson falando. – não presto atenção na ligação, apenas termino de comer o bolo e coloco o prato na pia.
Antes que minha mãe possa encerrar a chamada, eu deixo a cozinha e vou para a sala de estar, onde meu irmão está vendo um jogo de futebol.
Liverpool e Tottenham, o time do coração do meu irmão e o time que ele costumava a torcer só pelo nosso pai.
Sento-me ao seu lado e mantenho minha atenção voltada a tela da grande televisão.
— Amélie? – minha mãe surge na sala. — Por que veio pra cá? Eu achei que estávamos conversando. – ela põe uma das mãos no quadril e gesticula com a outra.
— Achei que sua ligação ia demorar. – minto. Eu só não queria falar sobre a reunião do grupo, muito menos sobre Wesley. – Quem te ligou?
— Uh, eu ia inclusive falar disso com vocês dois agora. – Harry tira os olhos da TV por um instante e foca em nossa mãe.
— O que houve?
— Era uma das suas tias no telefone, uma das irmãs do seu pai, estou mantendo contato com ela faz mais ou menos um mês.
Tanto eu quanto o Peter ficamos surpresos com a tal notícia, faz alguns anos que não temos contato com ninguém da família do meu pai, inclusive com o mesmo.
— Mãe, se o meu pai quer me ver, esquece, não quero olhar na cara daquele homem. – Harry se exalta.
Assim como eu, ele guarda um certo rancor do
nosso pai, até mais do que eu.
— Se acalme Harry, não tem nada haver com o seu pai. Minha mãe põe a mão sobre a perna dele para acalmá-lo. – A Mary gostaria de ver vocês, ela é psicóloga e já é ciente do seu vício, Amélie.
— Ah, claro, você contou, como sempre faz. – murmuro para que ela não escute, já estou farta da minha mãe espalhar sobre o meu vício por ai, é capaz de conhecer alguém em uma fila e logo de cara mencionar que sua filha é viciada em sexo.
— Marquei dela vir aqui jantar com vocês. Hoje.
— O que? – dei um pulo do sofá. – Você marca um jantar com uma tia que nem se quer lembramos o nome e espera que eu e o Harry aceitemos? – resmungo, cruzo os braços e volto a me sentar no sofá, dessa vez mais próxima do meu irmão.
— A Sky está certa. Mãe, a senhora deveria ter nos avisado antes de sair marcando esse jantar. É melhor desmarcar, e só remarque assim que eu e ela estivermos tranquilos em relação a isso. – Harry conclui, tratando a minha mãe com mais respeito do que eu.
— Não vou desmarcar nada, vocês vão ficar aqui e terão que jantar com a sua tia.
— Não vou ficar aqui. – resmungo.
— Onde a senhorita vai? - a minha mãe rosna.
— Amélie, você não vai sair dessa casa. Vai ficar e jantar com a sua tia.
— Vou em uma festa, com o Mike. – digo a primeira coisa que vem a minha mente. – Lamento muito, mas eu já marquei com ele.
— Eu também já marquei com a Mary.
— Mas eu já estou ciente da festa há um tempo, não me esconderam até o último minuto. – rebato.
Minha mãe está vermelha de raiva, mesmo nos
dando bem na maioria das vezes, ela detesta quando eu a desafio.
Me levando do sofá e dou as costas, subindo correndo para o meu quarto em seguida. Tranco a porta para não existir a probabilidade dela entrar aqui, não estou afim de mais discussões hoje, o dia foi intenso para min.
Pego meu celular e mando uma mensagem confirmando que vou para a festa para o Mike, que diz que irá me buscar às oito, ou seja, daqui a meia hora.
Estou evitando festas há uns meses desde quando descobri a intensidade do meu vício, mas talvez eu possa controlar hoje, além disso ir à festa é melhor do que ficar e encarar algum parente do meu pai.
Jogo o celular na cama e começo a pensar em algo para vestir, preciso de uma roupa que seja discreta para não chamar atenção. Depois de encarar o meu closet por um tempo, optei por um vestido preto sem nenhum tipo de brilho, mas que fica colado ao meu corpo. Coloquei uma meia calça um pouco mais grossa do que o normal, já que hoje ainda está frio.
Soltei o meu cabelo e prendi a franja com um grampo, fui até o banheiro e liguei o cacheador de cabelos, fazendo alguns cachos para modelar meus cabelos.
Deixei a maquiagem para última hora e tentei fazer algo não muito exagerado. Passei base, pó e um pouco de blush na bochechas para deixar e dar um pouco de cor, já que minha pele é bem branca e me apressei para passar o rímel e delinear o meu olho quando o Mike me manda uma mensagem dizendo que já está saindo.
Pego o meu sobretudo bege e minha pequena bolsa onde guardei meu celular e um brilho labial "de emergência".
Vou correndo até a porta de casa quando escuto a buzina do carro de Mike, não passo pela cozinha para não ter que encarar a minha mãe, somente aviso para o Harry que estou saindo.
Entro no HB20 preto do Mike e lhe comprimento com um beijo na bochecha, e então partimos para a tal festa.
— Onde você disse que seria a festa mesmo? – pergunto, quebrando o silêncio que tinha se instalado.
— É na fraternidade onde o meu amigo mora, o Luke. Já deve ter visto ele, Luke sempre vem na minha casa.
Neguei com a cabeça. Não presto nenhuma atenção na vida dos meus vizinhos, tenho a minha própria vida para cuidar.
— Achei que você não iria vir, demorou pra confirmar. – Mike comenta.
— Uh, eu mudei de ideia de última hora. – forço um sorriso. – Já é aqui? – pergunto quando vejo uma grande casa cheia de adolescentes com copos vermelhos nas mãos, alguns se beijando e quase se comendo no quintal.
Não posso criticá-los, eu já fiz coisas parecidas e até piores.
— É aqui sim. – ele estaciona na parte de trás da casa, dizendo que tem medo que alguém vandalize o seu carro ou que consiga abrir e usar como motel.
Desviamos de algumas pessoas bêbadas no jardim e entramos na grande casa, que parecia ter sido pintada a pouco tempo. O lugar está lotado e tem um cheiro forte de cigarros misturado com bebidas.
Quando comecei a frequentar festas esse cheiro era muito comum, por isso já estou
acostumada. Mike me puxa até um canto, onde estão os amigos dele. Sinto todos os olhares fitarem em nós quando nos aproximamos e eu fico cabisbaixa para não olhar para os garotos e sentir algum tipo de desejo.
— E aí Mike! – Um garoto moreno o cumprimenta com um tapinha no ombro.
— Ela é sua amiga? Qual o nome? – o garoto aponta para mim.
— Essa é a minha vizinha, Amélie. Amy, esse é o meu amigo Luke. – ele nos
apresenta. – Oh, e esses são o Tyler, a Alicia e a irmã do Luke, Jess."
"Hey Skyler." Todos falaram em coro. O Ashton usa uma bandana vermelha por cima dos seus cabelos ondulados, a Alicia é linda, seus cabelos são loiros e seus olhos bem azuis, já a Jess se parece com o irmão, tem o mesmo
tom de pele moreno e os cabelos e olhos negros.
— Senta aqui. – Luke dá um tapinha no lugar ao seu lado eu me sento no mesmo. "Ei Gordon, a Alicia queria 'conversar' com você." Luke dá uma piscadela para o amigo.
Tenho que admitir que tanto Calum quanto o Ashton são bem atraentes, eu faria muitas coisas com ambos, penso, mas tento afastar minha mente disso.
— Amélie? Posso te mostrar toda a casa? – Luke pergunta.
Eu sei que deveria ter dito não, mas não estou conseguindo resistir. Talvez o vício ganhe esta
noite, e a vítima será o Luke. Concordei com ele, que me puxou para fora da rodinha.
Luke me mostrou a casa, começando pela cozinha indo para o jardim, a piscina e por fim os quartos. São 7 quartos e cerca de 20 alunos da universidade morando aqui, é uma das maiores casas em relação ao tamanho mas uma das menores em relação ao número de pessoas. O Luke divide um quarto com o Ashton e com um outro garoto chamado Ryan.
— Quer uma bebida? – Luke oferece.
— Não, eu não posso. – minto. Eu adoro beber, mas hoje terei que ficar sã para não ficar louca e partir para cima dos caras.
— Bom, então vai ter que se contentar com água. – ele me entrega o copo vermelho e eu cheiro antes de tomar como garantia que realmente é água.
Voltamos para onde estávamos antes, mas ninguém mais está ali. Luke vira sua bebida toda de uma vez e sorri para mim depois, talvez o álcool suba mais rapidamente para ele do que para as outras pessoas.
— Vamos buscar outra dose. – ele diz e pega na minha mão, me levando de volta para o bar improvisado, onde ficamos conversando enquanto o Luke enche seu copo várias e várias vezes.
Ele me contou que é músico e às vezes toca com o Mike, por isso ele trouxe o violão hoje.
Por fim ele descansa o copo sobre a bancada, encolho os ombros e mantenho meu olhar no chão quando vejo que ele está me encarando.
Não posso olhar, se olhar o vício me
dominará. Não irei resistir aos seus lábios carnudos e ao seu tronco forte.
— Ei, olha pra mim. – Luke ergue o meu queixo me forçando a olhar.
Perco o controle. Juntei nossos lábios e não tardei a colocar a língua na sua boca. Começo com movimentos rápidos e nossas línguas batalham por território. Ele espalha beijos pelo meu maxilar e no meu pescoço, sinto como se Luke estivesse tão desesperado quanto eu.
Suas mãos que antes estavam na
minha cintura desceram e agora estão a apertar minha bunda.
— Vamos pra algum lugar mais isolado. – peço cochichando no seu ouvido, vendo que muitas pessoas estão olhando para nós.
Ele assente e pega minha mão, me levando para o andar de cima, onde ficam os quartos.
— Vamos pro meu quarto, o Ryan não está na cidade e o Ty deve estar jogando verdade ou desafio ou qualquer outro tipo de jogo que envolva bebida. – ele ri do seu próprio comentário e me arrasta até o seu quarto, que
fica no final do corredor.
Fico pressionada contra a porta enquanto Luke se esforça para abrir, sinto ela ser aberta atrás de mim na hora que começo a tirar a camiseta do Green Day que ele usa.
— Mas que... Porr*! O que você tá fazendo aqui? – Luke berra.
Me viro e dou de cara com a situação menos provável: uma garota ruiva sendo despida por um garoto que já está sem roupa, Wesley
...🌵...
001 – 🌵· Vocês chamam a mãe de vocês de você ou de senhora?
002 – 🌵· De antemão peço desculpas caso haja algum nome que não faça sentido na história, talvez um ou outro passe despercebido.
003 – 🌵· É muito nome, kkk.
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Atualizado até capítulo 46
Comments
4R35 D3u5 9r3g0
Oque vcs acham , vai da Merda ou não vai ?
2021-07-19
1
Lidiane Maria
eu chamo minha mãe de senhora
2021-07-06
1
Jussymara Dos Sannttoss
De senhora, pois pra ela , chama-la de você é falta de respeito.
2021-05-22
0