O escritório de Melissa estava silencioso naquela tarde, exceto pelo som das teclas do computador e o leve zumbido do ar-condicionado.
Ela revisava relatórios financeiros complexos quando percebeu que Brenno havia chegado inesperadamente à sede da Malen.
O aviso havia chegado tarde, e a ideia de vê-lo ali, sem aviso prévio, fez seu estômago se contrair de uma mistura de irritação e alerta.
— Que surpresa desagradável.
— disse Melissa, tentando manter a postura profissional, enquanto o ódio fervia silenciosamente em seu peito.
— Não imaginava que os Reis tivessem coragem de aparecer sem convocação formal.
Brenno cruzou os braços, mantendo o semblante frio e imperturbável, mas observando cada detalhe dela, como sempre.
— Não vim para ser agradável.
— disse, com a voz firme e controlada.
— Vim para tratar de assuntos que, aparentemente, sua família não conseguiu resolver sozinha.
Melissa franziu o cenho, sentindo que a provocação era proposital. Ela sabia que Brenno adorava colocar pressão, testar limites, observar reações.
Mas, dessa vez, havia algo diferente em sua presença: além da irritação habitual, havia uma tensão silenciosa que fazia seu corpo reagir sem permissão.
— Muito bem — respondeu Melissa, mantendo a frieza na voz, mas sentindo o coração disparar.
— vamos ver se você consegue acompanhar o ritmo, então.
Eles começaram a revisar documentos juntos, e o que inicialmente era uma batalha de palavras transformou-se em um jogo de provocações sutis.
Cada comentário irônico, cada olhar calculado, fazia o ar ao redor vibrar com tensão.
Melissa percebeu que Brenno parecia se divertir com suas respostas afiadas, mas não podia admitir que estava começando a sentir algo que não se encaixava em seus planos de ódio.
Em um momento crítico, um relatório confidencial caiu do balcão, e ambos se abaixaram ao mesmo tempo para pegá-lo.
O contato foi breve, mas suficiente para que um arrepio percorresse a espinha de Melissa.
Brenno, consciente do toque, desviou o olhar, mas não pôde ignorar a eletricidade que surgira naquele instante.
— Cuidado com suas mãos .
— disse Melissa, com a voz firme, mas com um ligeiro tremor que não passou despercebido por Brenno.
— Você que se cuide.
— respondeu ele, a voz baixa e carregada de desafio.
— Não sei quem é mais perigosa aqui.
O silêncio que se seguiu era pesado, carregado de significados. Cada um sentia o efeito do outro, mas nenhum admitia nada.
Simone, observando à distância, sabia exatamente o que estava acontecendo e sorriu discretamente.
Ela sempre soube que a tensão entre eles poderia se tornar uma arma poderosa, e que a mistura de ódio e atração poderia transformar-se em algo irresistível.
A tarde avançou, e Brenno permaneceu mais tempo do que o necessário, insistindo em discutir detalhes que Melissa considerava triviais.
Cada palavra trocada era carregada de uma intensidade que nenhum deles conseguia controlar completamente.
Melissa percebeu que, embora quisesse manter a distância, estava fascinada pela maneira como Brenno resolvia problemas, pela inteligência e pela presença dominante que ele possuía.
Em um momento raro, Melissa deixou escapar uma pequena frustração:
— Você sempre tem que aparecer em todos os lugares, não é?
— disse, com um suspiro.
— Parece que não consigo me livrar de você nem quando quero.
Brenno levantou uma sobrancelha, um sorriso quase imperceptível surgindo nos cantos da boca.
— Talvez seja porque você ainda não sabe lidar comigo.
— respondeu, com a voz carregada de provocação.
O diálogo era uma dança perigosa.
Melissa sabia que estava sendo manipulada emocionalmente, e Brenno percebia que ela sentia algo que não queria admitir.
Mas nenhum deles cedia.
Cada gesto, cada olhar, cada comentário, era uma forma de medir forças, de testar limites, e, secretamente, de se aproximar mais do que deveriam.
Quando finalmente Brenno se retirou, Melissa ficou olhando para a porta, respirando fundo.
Uma mistura de irritação, fascínio e medo a dominava.
Ela sabia que algo estava mudando dentro dela.
— algo que poderia quebrar todas as barreiras que o ódio havia construído durante anos.
Simone aproximou-se dela, percebendo a expressão da sobrinha.
— Parece que o inimigo está se tornando… interessante — disse, com um sorriso enigmático.
— Mas não se esqueça: ele ainda é o inimigo. Sempre.
Melissa assentiu, consciente do conselho da tia, mas sentindo que a guerra entre Brenno e ela estava entrando em uma nova fase.
Uma fase onde o ódio e a atração se misturavam, criando uma tensão impossível de ignorar, um jogo perigoso que poderia levá-los a um território que nenhum deles jamais imaginou explorar.
O Capítulo 5 termina com a consciência clara de ambos: a guerra continua, mas a vulnerabilidade recém-descoberta, os toques involuntários e as provocações carregadas de tensão estão abrindo caminho para algo muito mais intenso e imprevisível entre Melissa e Brenno.
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Atualizado até capítulo 80
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