O sol da manhã mal iluminava a Mansão Malen quando Melissa chegou à sala de reuniões para acompanhar uma visita de parceiros internacionais. O ambiente estava elegante, silencioso, mas carregado de expectativa.
Ela sentia que, desde o incidente no galpão, algo havia mudado.
Brenno não estava presente fisicamente, mas a lembrança da proximidade, do toque e da forma como ele a desafiara, parecia pairar sobre cada decisão que tomava.
— Melissa, precisamos revisar os contratos antes da reunião — disse Simone, entrando com seu passo firme e confiante.
— E cuidado para não deixar que a presença do seu… admirador involuntário te distraia.
Melissa franziu a testa, quase sorrindo diante do comentário audacioso da tia.
— Não o considero um… admirador, tia. Apenas alguém que insiste em me irritar.
Simone riu, um som baixo e cheio de intenção.
— Continue acreditando nisso, mas não subestime o efeito que ele tem sobre você.
Às vezes, os inimigos são os mais interessantes…
e perigosos.
Enquanto isso, Brenno se encontrava em seu escritório, analisando relatórios da mesma parceria.
Seu telefone vibrou com uma mensagem inesperada: uma atualização direta da Malen sobre o contrato, destacando problemas que apenas Melissa poderia solucionar.
Ele franziu a testa, ciente de que precisava lidar com ela diretamente.
O pensamento de ter que enfrentar Melissa novamente enviou uma mistura de irritação e algo mais profundo, um calor que ele não ousava nomear.
Quando ambos chegaram à sala de reuniões, o clima foi imediato: tensão e desafio.
Cada palavra, cada gesto, cada olhar eram armas silenciosas. Melissa abriu os arquivos, decidida a mostrar que não cederia à arrogância de Brenno.
Ele, por sua vez, não deixou de notar cada movimento dela, cada decisão tomada com precisão, cada correção feita sem hesitar.
— Parece que estamos em desacordo sobre os termos da entrega — disse Brenno, a voz firme, mas sem perder a elegância.
— E você acha que pode me ensinar algo que não sei? — retrucou Melissa, encarando-o diretamente.
Os dois começaram uma negociação tensa, onde cada argumento era rebatido com precisão cirúrgica.
Por mais que tentassem manter a compostura, havia uma tensão palpável entre eles, um magnetismo silencioso que nem a irritação conseguia apagar.
Simone observava de canto, percebendo a mudança sutil na postura de ambos: a faísca do dia anterior não se apagara.
No meio da reunião, um incidente inesperado ocorreu: uma pilha de documentos caiu, espalhando papéis pelo chão.
Sem pensar, ambos se abaixaram ao mesmo tempo para recolher os arquivos, seus corpos se tocando brevemente.
O contato, por mais rápido que fosse, deixou uma eletricidade no ar, impossível de ignorar.
— Cuidado — disse Melissa, tentando manter a voz firme, embora o coração acelerado traísse sua tentativa de frieza.
— Você que tome cuidado — respondeu Brenno, sem olhar para ela, mas consciente do efeito que o toque causara.
O restante da reunião continuou com profissionalismo aparente, mas cada um estava ciente do que acabara de acontecer.
A tensão entre ódio e atração crescia, tornando a interação cada vez mais perigosa.
Simone, por sua vez, sorriu discretamente, satisfeita com a situação: sabia que aquele tipo de proximidade forçada começava a quebrar barreiras.
— mas ainda não o suficiente para apagar o ódio que definia suas famílias.
Quando a reunião terminou, Melissa se levantou, ajustando a roupa e respirando fundo.
Brenno fez o mesmo, mas antes que pudesse se retirar, Simone aproximou-se dela:
— Lembre-se, Melissa, algumas batalhas se vencem com estratégia, outras… com coragem.
E você acabou de provar que sabe usar ambas.
Melissa assentiu, consciente de que a tia tinha razão.
E enquanto saía da sala, não pôde evitar lançar um último olhar para Brenno, que a encarava com expressão indecifrável.
O ódio ainda estava lá, intenso e verdadeiro, mas a atração, silenciosa e potente, havia se insinuado de forma irrevogável.
Ao chegarem em suas casas, ambos ficaram sozinhos com seus pensamentos, tentando racionalizar os acontecimentos.
Brenno sentou-se à mesa do escritório, olhando para os relatórios, mas lembranças do toque de Melissa no chão, da maneira como ela se abaixou para recolher os papéis, continuavam a assombrá-lo.
Melissa, em seu quarto, sentou-se diante da janela, observando a cidade, tentando ignorar o calor que subiu em seu peito no mesmo instante.
E assim, o dia terminou com a certeza de que a guerra entre as famílias continuava, mas que algo havia mudado irrevogavelmente entre Melissa e Brenno.
O ódio permanecia, mas a tensão começou a se transformar, lentamente, em algo mais perigoso: desejo e atração, ainda misturados à rivalidade, tornando cada encontro uma batalha emocional impossível de evitar.
Simone, observando de longe, sabia que a história estava apenas começando. Cada desafio, cada toque, cada provocação estava moldando o que poderia se tornar algo intenso, arrebatador…
e impossível de controlar. A guerra de gerações continuaria, mas agora com uma nova dimensão:
A faísca entre inimigos se transformava em fogo.
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Atualizado até capítulo 80
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