O dia seguinte amanheceu com uma luz fria que atravessava as enormes janelas da Mansão Malen.
Melissa estava sentada à escrivaninha de seu quarto, revisando documentos da empresa do pai, mas a mente dela estava longe do trabalho.
Cada gesto de Brenno na noite anterior ainda reverberava em sua memória.
O simples fato de ele ter cruzado o salão como se fosse dono do espaço, medindo cada convidado, cada detalhe, irritava-a profundamente.
— Essa família…
— murmurou para si mesma, apertando a caneta com força.
— Não importa quanto tempo passe, eles continuam os mesmos. Arrogantes, calculistas… inimigos.
Simone entrou no quarto com passos firmes, o saltar de seus sapatos ecoando no silêncio.
Vestida com uma roupa elegante, mas chamativa, ela tinha o jeito de quem não se intimidava com ninguém.
— Ainda pensando no herdeiro dos Reis?
— perguntou com um sorriso provocador.
— Claro que sim, tia… mas não de um jeito…
agradável — respondeu Melissa, franzindo o cenho. — Ele é… insuportável. Frio. Calculista.
Um verdadeiro veneno.
— Veneno que dá para usar a favor, se você souber como.
— Simone sentou-se na ponta da escrivaninha, cruzando as pernas.
— Mas cuidado, Melissa.
Às vezes, quem parece o inimigo mais óbvio é justamente quem pode te surpreender.
Melissa revirou os olhos, mas não respondeu.
Ela sabia que Simone sempre tinha uma maneira própria de ver as coisas, um olhar estratégico que poucos compreendiam.
E, por mais que quisesse negar, não podia evitar sentir que a tia tinha razão… em parte.
Enquanto isso, Brenno retornava à sede da empresa Reis, onde cada detalhe de seu dia era cuidadosamente planejado.
Ele revisava contratos, estratégias de mercado e, inevitavelmente, lembrava-se da interação com Melissa na noite anterior.
O ódio que sentia pelos Malen não diminuía, mas a presença dela perturbava algo dentro dele que não tinha nome.
— A filha do inimigo…
— murmurou Brenno, olhando para a janela do escritório.
— Como alguém pode ser tão irritantemente obstinada… e ainda assim…
causar um desconforto estranho?
Ele sacudiu a cabeça, afastando qualquer pensamento que considerasse fraco ou inútil.
Brenno sempre se orgulhara de manter o controle, e não pretendia deixar que qualquer lembrança de Melissa interferisse em seus planos.
O dia passou entre reuniões e estratégias empresariais, até que uma chamada inesperada trouxe Melissa e Brenno para o mesmo ambiente novamente: um acordo conjunto entre as empresas das duas famílias, que exigia presença de ambos para discutir cláusulas e condições de um contrato polêmico.
O ambiente do escritório estava carregado de tensão. Cada palavra trocada era medida, cada gesto calculado.
Melissa não poupava sarcasmo em suas observações, enquanto Brenno respondia com ironias frias que cortavam como lâminas.
Era uma batalha silenciosa, mas exaustiva.
— Se vocês insistem em interpretar isso como um jogo, eu não vou participar de provocações inúteis.
— disse Melissa, erguendo as mãos em um gesto de rendição aparente, embora a rigidez em sua postura contradissesse a frase.
— Provocações? — Brenno arqueou uma sobrancelha. — Só estou sendo… direto.
Você deveria experimentar.
Melissa retrucou, cada frase carregada de tensão e desafio.
Simone, que acompanhava discretamente o encontro, mantinha-se ao lado, pronta para intervir caso algo fugisse do controle.
Ela entendia melhor do que ninguém que aquele tipo de embate não era apenas sobre negócios; era sobre estratégia, reputação e poder.
Horas se passaram entre negociações e cortes frios de palavras. Nenhum dos dois cedia, e cada frase trocada parecia acender ainda mais a rivalidade.
Porém, por trás de cada gesto agressivo, havia observadores atentos: funcionários, parceiros de negócio e, claro, a tia Simone, que analisava cada detalhe com um sorriso enigmático.
Quando finalmente a reunião terminou, Brenno se levantou calmamente, recolhendo os documentos.
Melissa fez o mesmo, mas não sem lançar um olhar firme, carregado de desafio.
Os dois saíram do escritório lado a lado, mantendo o silêncio — o tipo de silêncio que dizia mais do que qualquer palavra poderia transmitir.
— Você não desiste, não é?.
— disse Brenno, finalmente quebrando o silêncio, a voz baixa e firme.
— E você acha que eu vou me curvar?
— respondeu Melissa, mantendo o olhar reto, desafiando-o. — Nunca.
Simone observava da porta, satisfeita. Sabia que a tensão entre os dois era apenas o começo.
Cada encontro, cada palavra cortante, cada gesto de desafio estava construindo algo maior: a inevitável colisão de mundos que nenhum deles poderia evitar.
Ao final do dia, Melissa voltou para casa exausta, mas com a sensação de que aquela guerra havia apenas começado.
Brenno, sozinho em seu escritório, também sentiu a exaustão.
— não física, mas de ter que lutar contra alguém que parecia ter aprendido, tão jovem, a se tornar sua contrapartida perfeita.
No entanto, nenhum dos dois admitiria jamais, sequer para si mesmos, que aquela batalha silenciosa entre ódio e provocação estava se tornando…
mais intensa do que imaginavam.
Ainda não era amor, ainda não era desejo — era apenas o jogo do ódio, do orgulho e da vingança, mas a semente do que poderia vir estava plantada.
Enquanto a noite caía, Simone observava a sobrinha à distância, pensando em como poderia usar a situação a favor da família Malen.
O confronto com Brenno Reis não era apenas inevitável; era uma oportunidade.
E se o ódio entre eles fosse a faísca que colocaria tudo em movimento, Simone sabia exatamente como manipular o fogo sem se queimar.
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Atualizado até capítulo 80
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