O silêncio paira, denso e acusador. Ryan, tomado por um impulso desesperado, estende a mão e segura o braço de Zendaya com uma força que ele não pretendia. Seus dedos apertam a pele macia dela, e ele percebe o erro no instante seguinte, a sensação de tê-la machucado o atinge como um soco.
Zendaya estremece, mas não tenta se soltar imediatamente. Seus olhos, antes frios, agora refletem uma mistura de surpresa e... decepção?
Ela observa a mão dele em seu braço, como se estivesse avaliando a situação, pesando suas opções. O toque abrupto quebra a linha tênue que ainda existia entre eles, e Ryan sente o abismo se aprofundar. O salão ao redor parece sumir, as vozes se abafam, e tudo se resume ao toque proibido e ao olhar inquisidor dela.
Ryan sabe que precisa se explicar, que cada palavra a partir de agora pode selar o destino daquela conexão efêmera. Ele afrouxa o aperto, mas não a solta completamente, como se temesse que, ao fazê-lo, ela desaparecesse para sempre.
Zendaya, num movimento rápido e silencioso, puxa o braço, libertando-se do aperto de Ryan. A pele onde os dedos dele estiveram agora ostenta uma leve vermelhidão, um testemunho silencioso da força involuntária que ele empregou. Ela massageia o local, os olhos fixos em Ryan, mas a expressão ilegível. Não há raiva explosiva, nem lágrimas dramáticas, apenas uma frieza cortante que gela a espinha de Ryan.
O silêncio entre eles se adensa, preenchido apenas pelo som distante de conversas e risadas alheias, um contraste cruel com o turbilhão de emoções que os envolve. Ela não profere uma palavra, mas a mensagem é clara: ele cruzou uma linha. A confiança, já abalada pelo beijo forçado, parece ter se esvaído por completo. Ryan observa-a esfregar o braço, o remorso o invadindo como uma onda.
Ele queria tanto consertar as coisas, mas suas ações impulsivas apenas cavaram um buraco ainda maior entre eles. A proximidade física que antes gerava faíscas agora se torna uma barreira intransponível. Ele sente o peso do erro, a consciência de que talvez tenha perdido a única pessoa que o fez se sentir visto de verdade. O ar se torna rarefeito, e cada segundo de silêncio parece uma eternidade.
Ryan sabe que precisa dizer algo, mas as palavras fogem, presas em um nó de arrependimento e medo. Ele a observa, vulnerável e exposto, enquanto ela continua a massagear o braço, um gesto que o acusa silenciosamente de sua própria estupidez.
O conflito interno o dilacera. Uma batalha silenciosa se trava dentro de Ryan, entre o desejo genuíno de se redimir e a necessidade visceral de proteger sua armadura. Ele se força a encontrar os olhos de Zendaya, a frieza em seu olhar cortando fundo. A verdade é que o arrependimento genuíno ainda não floresceu ali, mas a visão do desconforto dela, a vermelhidão em sua pele, acende uma faísca de culpa.
Ele respira fundo, a garganta seca, e tenta modular a voz para soar o mais sincero possível, mesmo que a sinceridade ainda seja um território inexplorado para ele. "Zendaya," ele começa, a voz um sussurro rouco que mal consegue se sobrepor ao burburinho do salão, "eu... sinto muito. Eu não queria te machucar." As palavras soam forçadas, quase ensaiadas, mas a vulnerabilidade em seu olhar, a sombra de arrependimento que finalmente surge em seus olhos, confere um tom de veracidade à sua declaração.
Ele se esforça para manter o contato visual, lutando contra a necessidade de desviar o olhar, de se esconder atrás de sua máscara habitual. Uma parte dele se revela ali, exposta e hesitante, enquanto a outra se contorce em agonia, desejando desesperadamente que ele pudesse simplesmente desaparecer. A sinceridade hesitante de Ryan atinge Zendaya. Há hesitação, mas também algo mais.
Ele não está totalmente lá, mas a brecha em sua armadura é visível, palpável. Por um instante, o muro de frieza que ela ergueu parece vacilar.
Zendaya ergue o olhar, a íris escura encontrando os olhos azuis de Ryan. Por um instante que parece suspenso no tempo, ela o encara com uma intensidade que o desarma. Há uma tristeza profunda ali, um brilho de desapontamento que o atinge como uma flecha. Mas logo, essa conexão se quebra, e ela desvia o olhar, como se não suportasse a própria vulnerabilidade.
A voz dela, quando finalmente surge, é baixa e hesitante, quase um sussurro que se mistura ao burburinho do salão. "Isso não vai acabar bem," ela diz, as palavras carregadas de um peso que Ryan não consegue decifrar por completo. "Melhor pararmos aqui." A frase é um golpe, um corte limpo que separa o presente do futuro. Ryan sente o chão sumir sob seus pés, a esperança se esvaindo como areia entre os dedos.
Ele tenta encontrar um argumento, uma razão para fazê-la mudar de ideia, mas as palavras se perdem em sua garganta. O medo de perdê-la o paralisa, impedindo-o de lutar pelo que ainda resta. Ela se afasta um passo, quebrando a proximidade física, e Ryan sente a distância entre eles se tornar intransponível. A rejeição que ele tanto temia se concretiza, e a dor o invade por completo.
Ele observa Zendaya se virar e se afastar, misturando-se à multidão, e sabe que, a menos que faça algo drástico, essa pode ser a última vez que a vê. O "melhor pararmos aqui" ecoa em sua mente, um veredito implacável que sela o fim de um breve e intenso encontro. Ryan fica ali, estático, com o peso da derrota esmagando-o, enquanto Zendaya desaparece, levando consigo a promessa de um futuro que nunca existirá.
Após o rompante, um silêncio elétrico paira entre eles, mas no íntimo de Ryan, algo se transforma. Uma corrente de admiração, misturada com uma pontada de desejo inexplorado, floresce em seu peito. Nunca antes alguém ousara desafiá-lo daquela forma, transcender a barreira de sua armadura cuidadosamente construída. A ousadia de Zendaya, a maneira como ela se mantém firme, mesmo diante da sua aparente superioridade, acende uma chama dentro dele que ele jamais soube que existia.
Não é apenas atração física, embora essa também seja inegável; é algo mais profundo, uma conexão que ressoa em um nível visceral. Ryan sente uma compulsão avassaladora de conhecê-la de verdade, de desvendar as camadas de sua personalidade complexa e cativante. Ele percebe que, por trás da frieza momentânea, existe uma vulnerabilidade que o atrai irresistivelmente. Ela o faz questionar tudo o que ele sempre acreditou sobre si mesmo, sobre o amor e sobre as dinâmicas de poder.
Ryan observa Zendaya, a maneira como a luz do salão realça os contornos de seu rosto, a determinação cintilando em seus olhos. Uma onda de ternura o invade, uma vontade genuína de protegê-la, de mostrar a ela o quão especial ela é. Ele sabe que tem muito a aprender com ela, que essa conexão improvável pode ser a chave para desbloquear uma parte de si mesmo que ele manteve escondida por tanto tempo. A rejeição momentânea não o afasta; pelo contrário, o fortalece em seu propósito.
Ryan está determinado a reconquistar a confiança de Zendaya, a mostrar a ela que ele é capaz de ser mais do que apenas um CEO frio e calculista. Ele quer se mostrar digno de seu afeto, de sua admiração, e, acima de tudo, de seu respeito.
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Atualizado até capítulo 29
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