O silêncio paira entre eles, denso e carregado de expectativa. Ryan sente o coração martelando no peito enquanto observa Zendaya. A confissão frágil paira no ar, uma ponte tênue sobre o abismo que os separa. Ele respira fundo, buscando coragem nas profundezas de sua vulnerabilidade recém-descoberta. Ele dá um passo em direção a ela, quebrando a distância que havia criado. Um passo hesitante, incerto, mas carregado de intenção. Zendaya não se move, mas a atenção dela se intensifica, o olhar fixo nele como um farol.
A cada centímetro que ele se aproxima, ele sente a barreira entre eles se dissolvendo, substituída por uma eletricidade palpável. Ele para a poucos centímetros de distância, o perfume dela, uma mistura inebriante de tinta e alma, o envolvendo por completo. Ele pode ver as pequenas imperfeições em sua pele, as sardas dançando sobre o nariz, as minúsculas linhas de expressão ao redor dos olhos. São essas imperfeições, esses detalhes, que o atraem, que o fazem sentir uma conexão genuína. Ele estende a mão, hesitantemente, e toca o braço dela. O toque é leve, quase imperceptível, mas a onda de calor que o percorre é inegável. Zendaya estremece levemente sob seu toque, mas não se afasta.
Ela olha para a mão dele, então levanta os olhos para encontrar os dele. Há uma pergunta silenciosa em seu olhar, uma permissão sendo concedida. Ryan sente a confiança crescendo dentro dele, um novo tipo de coragem que ele nunca experimentou antes. Ele desliza a mão pelo braço dela, até alcançar a mão dela. Os dedos se entrelaçam, um encaixe perfeito, como se tivessem sido feitos um para o outro. A conexão é instantânea, uma corrente elétrica que percorre seus corpos, dissipando qualquer dúvida ou hesitação. Ele sente um calor reconfortante irradiando da mão dela, acalmando seus nervos e silenciando seus demônios.
A voz de Ryan embarga, as palavras carregadas de um desejo que ele mal ousa admitir para si mesmo. Ele recita o poema, o olhar fixo no de Zendaya, cada verso uma confissão, cada sílaba uma promessa. O ambiente ao redor parece sumir, a multidão se esvaindo, os ruídos se abafando, restando apenas eles dois, conectados por um fio invisível de anseio.
Quando ele termina, o silêncio retorna, ainda mais intenso que antes. Os olhos de Zendaya brilham, marejados de uma emoção que Ryan não consegue decifrar. Ela aperta a mão dele com mais força, como se buscasse um ponto de ancoragem em meio à turbulência de sentimentos que a assolam.
Um sorriso tímido surge em seus lábios, quebrando a tensão no ar. Ela levanta a outra mão e acaricia o rosto de Ryan, um toque suave e demorado que o faz estremecer por dentro. A pele dela é macia e quente, transmitindo uma energia que o revitaliza.
Ela se aproxima, o rosto a poucos centímetros do dele, e sussurra, a voz rouca e embargada: "Repete."
Zendaya aperta a mão dele de volta, um gesto de apoio e aceitação. Ela sorri, um sorriso genuíno que ilumina todo o rosto dela. O sorriso dele se junta ao dela, um reflexo espontâneo de felicidade e alívio. No saguão lotado da galeria, eles estão sozinhos, isolados em sua própria bolha de conexão e vulnerabilidade. O mundo ao redor se desvanece, deixando apenas eles dois, de mãos dadas, prontos para enfrentar o desconhecido.
O meu desejo
O teu corpo tem a frescura da fruta recém-colhida,
Mas também o sabor do fruto proibido.
O teu toque ora embala nas asas de um anjo ou demônio da tentação,
Ora enlaça com a intensidade de uma serpente.
Da tua pele exala a pureza do alecrim e da alfazema,
Mas também o cheiro do pecado original.
O teu corpo é esculpido pelos deuses, à sua imagem,
E depois amaldiçoado, por ser perfeito demais.
Foste concebido entre o paraíso e as trevas.
Tu tens o dom de me fazer esquecer o certo e o errado,
O bem e o mal.
E por ti, eu me queimo, vou ao céu ao inferno.
A voz de Ryan falha, as palavras presas na garganta. depois de repetir repetir o poema, mas a sinceridade do momento pesa, a inadequação o domina. Ele sente o calor do toque de Zendaya em seu rosto, e isso o desarma ainda mais. 'Eu...', ele começa, mas a frase morre antes de nascer. A verdade é que ele não sabe o que sente.
Confusão, desejo, medo... um turbilhão de emoções o impede de expressar algo genuíno. Seus olhos se desviam dos de Zendaya, buscando refúgio em qualquer ponto que não revele sua hesitação. Ele sente o aperto da mão dela diminuir, e a carícia em seu rosto se torna mais leve, quase hesitante. Zendaya percebe a farsa, a dissonância entre o poema apaixonado e a resposta vazia.
Um traço de decepção cruza seu rosto, e ela se afasta ligeiramente, quebrando o contato visual. O silêncio que se instala agora é diferente, carregado de desapontamento e incerteza. Ryan sente o peso do erro, a oportunidade se esvaindo entre seus dedos. Ele queria desesperadamente corresponder, mas a incapacidade de se conectar emocionalmente o impede de dar o próximo passo. A bolha de intimidade se rompe, e o mundo ao redor volta a se fazer presente, com seus ruídos e olhares curiosos.
Ryan se sente exposto, vulnerável, e a vontade de fugir se torna quase irresistível. Ele queria desesperadamente sentir o mesmo, mas a barreira emocional que ele construiu ao longo dos anos se mostra mais forte do que ele imaginava. E agora, ele teme ter perdido a chance de derrubá-la.
Ryan se move por instinto, impulsionado por uma necessidade desesperada de reconquistar o momento. Ele se aproxima de Zendaya, o corpo tenso, o coração acelerado. A hesitação ainda o assola, mas a urgência de desfazer o erro o impulsiona adiante. Ele se aproxima, quebrando a distância que havia se instaurado. Zendaya não recua, mas também não se aproxima, os olhos fixos nos dele, indecifráveis. Ryan inclina o rosto, o olhar suplicante, buscando permissão.
Ele sente o perfume dela invadindo seus sentidos, uma mistura inebriante de flores e mistério. A proximidade é quase insuportável, a pele dele formigando em antecipação. Ele fecha os olhos, se entregando ao momento, e sela seus lábios aos dela. O toque é suave, hesitante, mas carregado de intenção. Ryan espera uma reação, um sinal de receptividade, mas Zendaya permanece imóvel, os lábios rígidos, os olhos fechados. Ele sente um arrepio percorrer seu corpo, a rejeição o atingindo como um balde de água fria.
O beijo se torna um ato unilateral, um esforço desesperado para reacender uma chama que parece ter se apagado. Ryan se afasta lentamente, o rosto corado, a vergonha o consumindo. Ele abre os olhos e encontra o olhar frio de Zendaya, distante e avaliador. Ela não diz nada, mas o silêncio fala por si só. O beijo não foi bem-vindo, não foi desejado. Ryan se sente exposto, vulnerável, e a humilhação o impede de encontrar as palavras certas.
Ele queria desesperadamente consertar as coisas, mas o beijo forçado apenas agravou a situação. Zendaya se afasta, quebrando o contato físico e visual, e se afasta em direção à multidão, deixando Ryan sozinho, com o peso da rejeição em seus ombros. O momento se foi, e a chance de reconquistá-la parece cada vez mais distante.
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Atualizado até capítulo 29
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