Quando a noite caiu, a cidade do Rio de Janeiro se acendeu em um brilho cintilante. As luzes dos prédios pareciam estrelas presas no chão, e o barulho dos carros se misturava ao riso das pessoas nos bares e restaurantes. No meio de todo esse caos, Gabriela e eu estávamos no Shopping Rio Sul, prontas para a nossa missão: renovar o meu guarda-roupa.
— Estamos na sessão de guerra agora, Helena. Prepare-se para ser invadida por cores, tecidos e sapatos que nunca imaginou usar — Gabriela disse, com um sorriso divertido. Ela estava usando um vestido preto, um casaco de couro e botas de salto alto. Ela parecia uma artista de rock pronta para subir ao palco.
Eu, por outro lado, estava me sentindo como uma garota do interior em uma loja de grife. Meus jeans e minha blusa branca pareciam gritar que eu não pertencia àquele lugar.
— Sinceramente, Gabi, não sei se consigo — murmurei. — Essa loja é tão chique. Tudo é tão caro.
— Relaxa. Temos que ter uma mentalidade de que estamos investindo no nosso futuro. A roupa certa pode te dar a confiança que você precisa para conquistar o mundo. E, além disso, eu conheço umas lojas mais em conta também — ela disse, com um olhar tranquilizador.
Ela me puxou para dentro de uma loja, e uma avalanche de roupas elegantes e modernas me atingiu. Gabriela me fez experimentar dezenas de peças: saias de couro, blazers coloridos, vestidos justos e calças de alfaiataria. Eu me olhava no espelho e não me reconhecia. A Helena com jeans e blusa branca parecia ter sido deixada na porta do shopping.
— Não sei, Gabi. Não sou muito fã de saias curtas... — eu disse, puxando a barra de um vestido que parecia ser feito para uma bailarina.
— Helena, você tem pernas lindas. Tem que mostrar. E você tem que sair da sua zona de conforto. A vida na cidade grande não é para quem tem medo. É para quem se arrisca.
A frase dela me atingiu como um soco. A Gabriela estava certa. Eu não podia ter medo. Eu não podia ser a mesma garota do interior. Eu precisava me reinventar, me adaptar. Eu precisava me tornar a Helena que morava no Rio de Janeiro.
O próximo item que ela me fez provar foi um vestido tubinho vermelho, de seda, com uma fenda lateral na perna. Ele era simples, mas ao mesmo tempo ousado. O tecido deslizou pelo meu corpo de um jeito que eu não esperava. Ele destacava as minhas curvas de uma forma que nunca tinha visto. Meus cabelos estavam presos em um coque frouxo, e a cor vibrante do vestido me fez sentir poderosa, uma sensação que eu não sentia há muito tempo.
Quando saí do provador, Gabriela abriu um sorriso de orelha a orelha. — UAU, Helena! Esse vestido foi feito para você. É a sua cara!
Eu estava me olhando no espelho, com a mão na cintura, admirando a nova pessoa que estava surgindo, quando a porta da loja se abriu. Um vento gelado entrou e, junto com ele, uma figura alta, com cabelos loiros esvoaçantes, e ao seu lado, Arthur.
Ele estava com uma calça jeans preta e uma jaqueta de couro. Seus cabelos escuros estavam bagunçados e seus olhos fixos na loira. Ela estava com o braço enganchado no dele, rindo de algo que ele tinha dito. Eles pareciam um casal de capa de revista. A loira parou para olhar um casaco na vitrine, e nesse momento, o olhar do Arthur se desviou.
Ele passou o olho pela loja e seus olhos escuros se arregalaram. Ele me viu, e a sua expressão de deboche desapareceu. Ele ficou parado, boca aberta, me encarando por um bom minuto. A loira o chamou, mas ele não a ouviu. Ele estava fixado em mim, como se eu fosse a única pessoa na loja. Ele analisou cada detalhe do meu corpo, e por um momento, me senti nua.
De repente, ele pareceu voltar à realidade. A loira o chamou novamente. Ele se virou para ela, piscou os olhos rapidamente, e com o braço em volta da cintura dela, ele saiu da loja.
Eu me virei para a Gabriela, com o coração acelerado. Ela estava com os braços cruzados, e um sorriso de canto de boca.
— O que foi isso, Gabi? — eu perguntei, confusa.
— Eu é que te pergunto. O que que rolou aqui? Aquele cara ficou de boca aberta te olhando. Ele estava te devorando com os olhos — ela disse, eufórica.
— Não sei. Acho que ele só me reconheceu. Só isso — eu disse, tentando parecer calma.
— Reconheceu? Helena, ele te olhou como se você fosse o futuro dele. Não me venha com essa. Aquele cara é um cafajeste, e eu vi o jeito que ele te olhou. Ele ficou sem ar — ela riu, de forma exagerada. — Agora eu sei por que você se sentiu intimidada por ele. Ele não é apenas um babaca, ele é um babaca com um problema. Ele se encantou por você.
A fala de Gabriela me fez corar, mas eu não consegui evitar a risada. Ela tinha razão. Ele parecia ter ficado hipnotizado, e por um minuto, a Helena insegura sumiu, dando lugar à Helena com o vestido vermelho.
No final da noite, saímos do shopping com seis sacolas cheias de roupas novas. Havia um blazer de tweed, um vestido de seda preto, uma saia de couro sintético e algumas blusas de malha em cores neutras. Eu tinha um novo visual, mais moderno e confiante.
— Gabi, muito obrigada! Eu me sinto uma nova pessoa — eu disse, abraçando-a.
— De nada. Agora você está pronta para mostrar para a GDM, e principalmente para o Arthur, que você não é apenas um "modelo em miniatura" — ela disse, com um sorriso malicioso.
O nome do Arthur me fez estremecer. Eu não estava me arrumando para ele. Estava me arrumando para mim mesma. Mas a ideia de mostrar a ele que eu era mais do que a sua piada boba era tentadora.
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