Capítulo 2 – Laura
O som do celular vibrando na cabeceira da cama fez Laura despertar com um pequeno sobressalto.
Diferente de Helena, ela não gostava de acordar antes do sol.
Espreguiçou-se, bocejou e sorriu sozinha ao lembrar que aquele seria seu primeiro dia no Hospital Central.
Finalmente, depois de anos de estudo e residência, iria trabalhar no lugar que sempre sonhou.
Laura Prado tinha vinte e nove anos, cabelos ruivos que caíam em ondas até os ombros e olhos castanhos escuros que pareciam sempre rir de alguma coisa.
Tinha uma energia quente, acolhedora, que encantava crianças — talvez por isso tenha escolhido pediatria.
Seu apartamento, em Pinheiros, era um reflexo de sua personalidade: colorido, cheio de plantas, quadros nas paredes e cheirando a café fresco.
Tudo ali parecia vivo.
Laura não vinha de uma família rica como Helena.
Seu pai era professor de história e sua mãe, enfermeira de posto.
Cresceu em um bairro simples, cercada por livros e histórias.
Aprendeu cedo a dividir o que tinha, a ser gentil com os vizinhos e a ouvir antes de julgar.
Quando tinha doze anos, viu a mãe chegar em casa chorando após perder um paciente.
Naquele dia, decidiu que queria ser médica.
Queria ser o tipo de pessoa que pudesse fazer diferença na vida de alguém, especialmente das crianças que não tinham voz.
Durante a faculdade, Laura se destacou por sua empatia.
Era a primeira a segurar a mão de um paciente assustado, a última a abandonar o plantão quando alguém precisava de atenção extra.
Colegas diziam que ela tinha o coração mole demais para aquela profissão.
Mas Laura nunca viu isso como fraqueza.
Para ela, ser médica era mais do que salvar vidas — era estar presente quando ninguém mais estava.
A residência em pediatria foi intensa, mas ela se apaixonou ainda mais pela especialidade.
Gostava do som das risadas infantis, dos desenhos colados nas portas do setor, de ver um pequeno paciente ir embora sorrindo depois de dias internado.
Mas também havia momentos duros: perdas que pareciam insuportáveis, casos que a faziam questionar tudo.
Mesmo assim, Laura seguia firme.
Sabia que seu lugar era ali.
Naquela manhã, ela vestiu o jaleco novo, prendeu o cabelo em um rabo de cavalo bagunçado e se olhou no espelho.
Estava nervosa, mas animada.
Sabia que o Hospital Central tinha fama de ser um lugar rigoroso, com médicos de personalidade forte e padrões altíssimos.
E sabia que encontraria colegas exigentes.
Mas estava pronta para o desafio.
Saiu de casa, pegou o metrô lotado das sete da manhã e, apesar do aperto, não perdeu o bom humor.
A cidade parecia maior naquele dia, como se compartilhasse sua ansiedade.
Quando chegou ao hospital, respirou fundo.
O prédio imponente se erguia diante dela, com suas paredes de vidro refletindo o céu nublado.
Era como entrar em um novo capítulo da própria vida.
Laura não fazia ideia de que, naquele mesmo lugar, uma mulher de olhos azuis e expressão séria estava prestes a mudar tudo o que ela pensava sobre amor, sobre limites — e sobre si mesma.
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Atualizado até capítulo 94
Comments
Fran Silva
Comecei agora perece muito bom tô animada!!!🥰
2025-09-29
1
Márcia correia
começando hoje ❤️
2025-10-10
0