Com o passar das semanas, Henri e Julia se tornaram inseparáveis. No café, na biblioteca, no bar do Antônio, até nos corredores do campus — parecia que o destino encontrava sempre um jeito de aproximá-los.
Foi em uma tarde comum, depois de mais uma sessão de estudos, que Henri tomou coragem. Eles estavam sentados lado a lado no gramado, rindo de algo bobo, quando ele, sem planejar, se inclinou e roubou um beijo.
Por um segundo, Julia ficou imóvel, surpresa. Mas logo retribuiu, com um sorriso no canto dos lábios. A partir dali, não havia mais volta. Sempre que podiam, estavam juntos — estudando, conversando, ou simplesmente aproveitando o silêncio da companhia um do outro.
O pedido de namoro veio de forma natural, quase inevitável, e os anos seguintes consolidaram aquilo que ambos já sabiam: havia algo forte entre eles.
Quando a formatura chegou, trazendo consigo a sensação de novos caminhos e responsabilidades, Henri deu um passo além. Com um anel simples, mas carregado de significado, pediu Julia em noivado.
Ethan, que sempre observou o relacionamento da filha com um olhar atento, não hesitou em aprovar. Via em Henri algo que o tranquilizava: a maneira como ele olhava para Julia, com respeito e admiração, o tipo de olhar que não se aprende, mas nasce do coração. Para Ethan, não restava dúvida — Henri seria o homem certo para caminhar ao lado da filha.
Era uma noite tranquila. Julia e Henri estavam deitados no sofá da sala, a TV ligada em volume baixo, mas nenhum dos dois realmente prestava atenção. O calor da proximidade e o conforto da rotina tornavam aquele silêncio quase perfeito — até que Henri respirou fundo e quebrou o clima.
— Ju… eu tenho uma notícia.
Julia se virou para ele, curiosa.
— Que notícia?
Henri hesitou por um instante, como se procurasse as palavras certas.
— Eu consegui uma vaga em um hospital grande. Neurocirurgia. Em Boston. — Fez uma pausa e completou: — Eu estou cogitando aceitar… mas queria que você fosse comigo.
Ela piscou, surpresa.
— Boston? — repetiu, como se o nome da cidade pesasse no ar. — Mas… e o meu pai?
Henri a encarou com seriedade, mas também com ternura.
— A gente pode vir visitar nas férias, nos feriados. Amor, essa é uma grande oportunidade pra mim. E pra você também. Lá você pode encontrar uma empresa de arquitetura renomada, trabalhar com o que ama, construir seu nome.
Julia ficou em silêncio, mordendo o lábio. O coração estava dividido entre dois mundos: o do pai, Ethan, que sempre esteve com ela, e o futuro promissor ao lado de Henri.
— Pensa com carinho… — pediu Henri, segurando a mão dela.
Ele a beijou suavemente, tentando transmitir confiança, mas sabia que a decisão não seria fácil.
Julia apenas assentiu, os pensamentos embaralhados. Depois de alguns minutos de silêncio, murmurou:
— Eu vou falar com o meu pai.
Henri sorriu de leve, aliviado.
— Tudo bem.
Naquela noite, Julia sentou-se com o pai na varanda. Ethan estava com uma garrafa de cerveja na mão e um olhar tranquilo, mas bastou ela começar a falar que o tom mudou.
— Pai… o Henri recebeu uma proposta de trabalho em Boston. Ele vai ser neurocirurgião em um hospital grande. E ele me pediu para ir com ele.
Ethan ficou em silêncio por alguns segundos, observando a filha. Então respirou fundo e sorriu de leve.
— Julia, eu jamais impediria você de seguir sua carreira. Esse lugar aqui… — ele apontou para a rua calma de Willow Creek — é um fim de mundo. Eu sei que você pode ter muito mais.
Os olhos dela se encheram de lágrimas, mas o sorriso era verdadeiro.
— Pai…
Ele a puxou para um abraço apertado.
— Eu só quero que você seja feliz. E tenho certeza de que sua mãe estaria orgulhosa de você agora.
Julia encostou o rosto no ombro dele, emocionada.
Dias depois, tudo começou a mudar. Ethan já tinha conseguido um apartamento bem localizado em Boston. A mudança foi rápida e intensa — caixas, despedidas, ansiedade. Logo Henri começava sua rotina pesada no hospital, e Julia dava os primeiros passos entregando currículos em escritórios de arquitetura pela cidade.
A vida deles ganhou um ritmo novo. Julia quase não via Henri em certos dias, já que seus plantões eram longos e exaustivos, mas sempre que conseguiam dividir a mesa ou o sofá, se olhavam com a certeza de que haviam tomado a decisão certa.
Eles estavam cansados, sim. Mas estavam juntos. E, acima de tudo, estavam felizes.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 40
Comments
Júlia Caires
uma mudança bem grande, de cidade, de prioridades, de falta de tempo. Não é todo relacionamento que resiste
2025-09-18
0
Fatima Gonçalves
CARAMBA SERÁ QUE VAI MUDAR ALGUMA COISA
2025-09-17
0
Dulce Gama
será que ela vai dá de cara com um mafioso possessivo 👍👍👍👍👍❤️❤️❤️❤️❤️🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹
2025-09-17
0