capítulo 03

Com o passar das semanas, Henri e Julia se tornaram inseparáveis. No café, na biblioteca, no bar do Antônio, até nos corredores do campus — parecia que o destino encontrava sempre um jeito de aproximá-los.

Foi em uma tarde comum, depois de mais uma sessão de estudos, que Henri tomou coragem. Eles estavam sentados lado a lado no gramado, rindo de algo bobo, quando ele, sem planejar, se inclinou e roubou um beijo.

Por um segundo, Julia ficou imóvel, surpresa. Mas logo retribuiu, com um sorriso no canto dos lábios. A partir dali, não havia mais volta. Sempre que podiam, estavam juntos — estudando, conversando, ou simplesmente aproveitando o silêncio da companhia um do outro.

O pedido de namoro veio de forma natural, quase inevitável, e os anos seguintes consolidaram aquilo que ambos já sabiam: havia algo forte entre eles.

Quando a formatura chegou, trazendo consigo a sensação de novos caminhos e responsabilidades, Henri deu um passo além. Com um anel simples, mas carregado de significado, pediu Julia em noivado.

Ethan, que sempre observou o relacionamento da filha com um olhar atento, não hesitou em aprovar. Via em Henri algo que o tranquilizava: a maneira como ele olhava para Julia, com respeito e admiração, o tipo de olhar que não se aprende, mas nasce do coração. Para Ethan, não restava dúvida — Henri seria o homem certo para caminhar ao lado da filha.

Era uma noite tranquila. Julia e Henri estavam deitados no sofá da sala, a TV ligada em volume baixo, mas nenhum dos dois realmente prestava atenção. O calor da proximidade e o conforto da rotina tornavam aquele silêncio quase perfeito — até que Henri respirou fundo e quebrou o clima.

— Ju… eu tenho uma notícia.

Julia se virou para ele, curiosa.

— Que notícia?

Henri hesitou por um instante, como se procurasse as palavras certas.

— Eu consegui uma vaga em um hospital grande. Neurocirurgia. Em Boston. — Fez uma pausa e completou: — Eu estou cogitando aceitar… mas queria que você fosse comigo.

Ela piscou, surpresa.

— Boston? — repetiu, como se o nome da cidade pesasse no ar. — Mas… e o meu pai?

Henri a encarou com seriedade, mas também com ternura.

— A gente pode vir visitar nas férias, nos feriados. Amor, essa é uma grande oportunidade pra mim. E pra você também. Lá você pode encontrar uma empresa de arquitetura renomada, trabalhar com o que ama, construir seu nome.

Julia ficou em silêncio, mordendo o lábio. O coração estava dividido entre dois mundos: o do pai, Ethan, que sempre esteve com ela, e o futuro promissor ao lado de Henri.

— Pensa com carinho… — pediu Henri, segurando a mão dela.

Ele a beijou suavemente, tentando transmitir confiança, mas sabia que a decisão não seria fácil.

Julia apenas assentiu, os pensamentos embaralhados. Depois de alguns minutos de silêncio, murmurou:

— Eu vou falar com o meu pai.

Henri sorriu de leve, aliviado.

— Tudo bem.

Naquela noite, Julia sentou-se com o pai na varanda. Ethan estava com uma garrafa de cerveja na mão e um olhar tranquilo, mas bastou ela começar a falar que o tom mudou.

— Pai… o Henri recebeu uma proposta de trabalho em Boston. Ele vai ser neurocirurgião em um hospital grande. E ele me pediu para ir com ele.

Ethan ficou em silêncio por alguns segundos, observando a filha. Então respirou fundo e sorriu de leve.

— Julia, eu jamais impediria você de seguir sua carreira. Esse lugar aqui… — ele apontou para a rua calma de Willow Creek — é um fim de mundo. Eu sei que você pode ter muito mais.

Os olhos dela se encheram de lágrimas, mas o sorriso era verdadeiro.

— Pai…

Ele a puxou para um abraço apertado.

— Eu só quero que você seja feliz. E tenho certeza de que sua mãe estaria orgulhosa de você agora.

Julia encostou o rosto no ombro dele, emocionada.

Dias depois, tudo começou a mudar. Ethan já tinha conseguido um apartamento bem localizado em Boston. A mudança foi rápida e intensa — caixas, despedidas, ansiedade. Logo Henri começava sua rotina pesada no hospital, e Julia dava os primeiros passos entregando currículos em escritórios de arquitetura pela cidade.

A vida deles ganhou um ritmo novo. Julia quase não via Henri em certos dias, já que seus plantões eram longos e exaustivos, mas sempre que conseguiam dividir a mesa ou o sofá, se olhavam com a certeza de que haviam tomado a decisão certa.

Eles estavam cansados, sim. Mas estavam juntos. E, acima de tudo, estavam felizes.

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Comments

Júlia Caires

Júlia Caires

uma mudança bem grande, de cidade, de prioridades, de falta de tempo. Não é todo relacionamento que resiste

2025-09-18

0

Fatima Gonçalves

Fatima Gonçalves

CARAMBA SERÁ QUE VAI MUDAR ALGUMA COISA

2025-09-17

0

Dulce Gama

Dulce Gama

será que ela vai dá de cara com um mafioso possessivo 👍👍👍👍👍❤️❤️❤️❤️❤️🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹

2025-09-17

0

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