Entre Rotinas e Sonhos
Violeta sempre foi uma mulher de silêncios carregados. Seus olhos castanhos, um pouco cansados pelo tempo, guardavam lembranças de batalhas que ninguém via. Desde muito cedo, aprendeu a ser mãe e pai ao mesmo tempo. Criou duas filhas sozinha, cada uma filha de um homem diferente — e nenhum deles teve coragem de assumir a responsabilidade. Ela, porém, não se deixou abater. Decidiu que não precisava de ninguém além dela mesma para dar às meninas o que mereciam.
Trabalhava como secretária de uma médica já havia mais de vinte anos. Começou nesse emprego quando Zoe, sua filha mais velha, tinha apenas quatro anos de idade. O consultório se tornou quase uma segunda casa, e a médica, uma espécie de confidente silenciosa, que muitas vezes lhe oferecia conselhos ou um ouvido atento. Foi nesse emprego que Violeta encontrou estabilidade, ainda que modesta. Com aquele salário, comprava o alimento, pagava as contas e sustentava os sonhos que carregava para dentro de casa.
Zoe cresceu sob o olhar atento da mãe. Desde pequena mostrava inteligência e dedicação aos estudos. Na escola, era uma das melhores alunas, cheia de potencial. Violeta acreditava que a filha teria um futuro brilhante, talvez até cursando uma faculdade de renome. Mas os anos do ensino médio trouxeram mudanças inesperadas. As amizades erradas apareceram, e com elas vieram as baladas, as bebedeiras e o maldito vício do cigarro. O que antes era disciplina virou desinteresse; o que antes era promessa virou vazio. Agora, com vinte e quatro anos, Zoe parecia viver apenas para o presente — sem planos, sem ambições, vivendo às custas da mãe e pintando sua vida de cores vibrantes que, para Violeta, tinham gosto de irresponsabilidade.
Mavie, a filha mais nova, seguiu por um caminho completamente diferente. Aos dezesseis anos, já havia concluído o ensino médio e trabalhava em uma grande empresa de construção e vendas de imóveis de luxo. Carinhosa e sonhadora, carregava dentro de si uma determinação incomum para a idade. Todos os dias acordava às quatro e meia da manhã, ainda de madrugada, e enfrentava ônibus lotados rumo ao trabalho. Nada parecia desanimá-la. Ao contrário, cada obstáculo servia como prova de que estava trilhando o caminho certo.
As três moravam juntas em um apartamento bem localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Era um espaço simples, mas confortável, cheio de marcas da convivência: risadas no sofá, discussões no corredor, lembranças na cozinha. Violeta gostava de olhar para as filhas ali dentro e pensar que, apesar das escolhas diferentes que cada uma fazia, ainda estavam unidas pelo mesmo teto. Mas também se perguntava, em silêncio, se havia falhado em algum ponto. Teria dado demais para uma e de menos para a outra? Teria fechado os olhos para erros que não devia?
Enquanto refletia, entendia apenas uma coisa: ser mãe era viver em constante incerteza. E, naquela casa, a diferença entre suas filhas era um lembrete diário de que a vida nem sempre seguia os planos que fazemos para ela.
"Ser mãe é como padecer no paraíso!"
Sempre vai ser cheio de desafios.
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Atualizado até capítulo 69
Comments
Maira_ThePuppetWolf
Despertou minha curiosidade!
2025-09-12
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