O Convite: Ana

Ana estava sentada no sofá de seu apartamento, violão apoiado no colo, dedilhando os primeiros acordes de uma nova canção. A melodia era suave, melancólica até, e refletia exatamente como ela se sentia: presa em uma bolha de rotina confortável, mas silenciosamente sufocante.

A campainha tocou, interrompendo seu fluxo criativo. Era Vitória, sua parceira de vida e de música. Entrou sorridente, trazendo café e um embrulho de padaria.

— Trouxe croissant — disse, pousando o pacote sobre a mesa. — E trouxe também uma notícia.

Ana arqueou as sobrancelhas, curiosa, mas logo percebeu que havia algo em cima da mesa de jantar. Um envelope discreto, igual ao que Vitória segurava.

— Isso é sério? — Ana perguntou, quase num sussurro, quando leu as primeiras linhas da carta. — “Convite oficial para participação no Big Brother Brasil”?

Ela arregalou os olhos, recostando-se no sofá como se o convite fosse uma sentença perigosa.

— Eu não posso, Vi. Não dá. Isso é… muita exposição. Você me conhece. Eu mal consigo dividir minha intimidade em entrevistas. Imagina 24 horas por dia, câmeras ligadas, pessoas julgando cada palavra, cada gesto. Eu não nasci pra isso.

Como eu vou lidar com as pessoas, eu não conheço ninguém, vou ficar travada e calada, vou pra o primeiro paredão e sou eliminada de cara.

Vitória se aproximou, sentando-se ao lado dela, com um brilho firme no olhar.

— Justamente por isso você precisa ir, Ana. Você vive cantando sobre amor, entrega, coragem… mas, na vida, você se protege demais. Você se esconde atrás da música. Eu acho que isso pode mudar tudo. Te arrancar desse bloqueio, dessa bolha que você mesma criou.

Ana apertou o envelope entre os dedos, como se ele queimasse.

— Eu tenho medo, Vi. Medo de me perder, de me machucar, de… sentir demais.

Vitória sorriu, segurando a mão dela.

— E não é exatamente isso que a vida deveria ser? Sentir. Amar. Se jogar. Você sempre fala que quer escrever sobre algo maior. Talvez esteja na hora de viver esse “maior”.

O silêncio se instalou por alguns segundos. Ana olhava para a carta, para as palavras que prometiam mudar seu mundo. Ainda não tinha coragem de dizer “sim”, mas no fundo, uma faísca acendeu. A mesma faísca que fazia parte dela quando cantava sobre paixões que nunca tinha vivido — mas que, talvez, agora tivesse a chance de sentir.

Vitória apertou a mão dela com mais força, como se dissesse sem palavras: vai, você consegue.

Ana respirou fundo, o coração acelerado. Ela não respondeu de imediato, mas sabia que aquele convite já começava a abrir fissuras na sua bolha.

— Talvez… talvez eu esteja pronta para me arriscar. — murmurou, quase para si mesma.

E, pela primeira vez em muito tempo, o medo não pareceu tão assustador.

Dois dias depois Ana aceitou o convite, ela sentia medo e um frio na barriga que não havia sentido antes, mas sabia que precisava se desfiar, se reinventar e ser mais corajosa pra começar a parecer com suas canções.

Ela ainda não fazia ideia do que esperar, do que faria lá, assistiu a última edição do programa pra tentar se ver lá dentro em cada situação, e ao mesmo tempo que sentia medo, sentia que precisava estar lá.

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