Capítulo 5 — Fogo cruzado

A manhã começou pesada, mesmo com o sol brilhando sobre os telhados da mansão.

Nin se arrumava diante do espelho quando Win entrou sem bater. Ele usava uma camisa cinza clara, mas o olhar carregava tempestades.

— Você não vai sair hoje. — A voz dele não admitia discussão.

Nin ergueu o rosto lentamente.

— Vou, sim. Não serei uma prisioneira dentro da minha própria casa.

Win fechou a porta atrás de si.

— Ontem tentaram te matar. Não entendeu o recado?

— Entendi perfeitamente. — Ela ajeitou o brinco com calma. — Mas se me esconder agora, eles vencem sem precisar atirar outra vez.

Antes que Win respondesse, a porta se abriu novamente. Jay entrou, as mãos nos bolsos, o braço tatuado exposto pela manga dobrada.

— Concordo com ela. — Disse com frieza. — A fuga não é proteção, é sinal de fraqueza.

Win girou o corpo para encará-lo, a voz em tom de veneno.

— Não pedi sua opinião.

Jay avançou até ficar frente a frente com ele.

— Não precisa pedir. Ela é parte do pacto. A vida dela está tanto nas minhas mãos quanto nas suas.

O silêncio que se seguiu era grosso como fumaça. Nin suspirou, interrompendo:

— Vou sair. Ao templo, como planejei. Quem quiser me proteger, faça. Quem não quiser, que saia do caminho.

Win fechou os olhos por um instante, respirando fundo.

— Muito bem. Mas eu vou junto.

Jay assentiu.

— E eu também.

---

O comboio saiu da mansão com quatro carros. Nin no veículo do meio, Win ao lado dela, Jay no banco da frente. Oleg e Ton coordenavam os demais homens por rádio.

A cidade parecia calma demais. Bancas abertas, vendedores chamando clientes, crianças correndo pelas ruas. Mas Jay não confiava em calmarias.

Ele falou baixo, sem virar o rosto:

— Está quieto demais.

Win resmungou, olhando pela janela.

— Você vê fantasmas em todo lugar.

— E você prefere ignorar os vivos. — Jay retrucou, seco.

Nin rolou os olhos.

— Vocês dois conseguem ficar cinco minutos sem se provocar?

Antes que pudessem responder, um estampido ecoou. O carro da frente explodiu em chamas, jogando pedaços de metal contra o asfalto. O motorista do veículo de Nin freou bruscamente.

— Emboscada! — gritou Oleg pelo rádio.

Portas se abriram. Homens mascarados saíram de prédios laterais, armados com rifles automáticos. A rua virou guerra em segundos.

Jay puxou Nin para o chão do carro.

— Fica abaixada!

Win sacou a pistola e atirou pela janela quebrada, o olhar selvagem.

— Eu disse que isso ia acontecer! — gritou para Jay.

— Eu disse ontem! — Jay rosnou de volta, disparando contra os atacantes.

Oleg abriu fogo do carro de trás, derrubando dois inimigos. Ton coordenava os homens, mas algo no tom de sua voz soava estranho — quase hesitante.

Nin respirava rápido, o coração em disparada.

— Eles querem me levar viva… não me matar.

Jay a olhou de relance, entendendo rápido demais.

— Estão tentando te sequestrar.

Dois homens mascarados correram em direção ao carro de Nin. Jay saiu primeiro, disparando em movimento. Um deles caiu, o outro conseguiu se aproximar. Win saiu logo em seguida, derrubando o segundo com um chute no estômago e dois tiros certeiros.

Os dois se encontraram no meio da rua, costas coladas, atirando em direções opostas. O ódio entre eles deu lugar a algo que os dois entendiam: sobrevivência.

— À esquerda! — gritou Win.

Jay girou e atirou sem hesitar, derrubando o inimigo que vinha por trás de Win.

— À direita! — retrucou Jay.

Win respondeu com a mesma precisão, cobrindo o flanco de Jay.

Por minutos que pareceram horas, lutaram juntos, como se sempre tivessem treinado um ao lado do outro. Cada disparo era um pacto silencioso de sobrevivência.

Quando o último mascarado caiu, o silêncio voltou como um soco. A rua cheirava a pólvora e gasolina queimada. O carro da frente ainda ardia em chamas.

Nin saiu do veículo, trêmula, mas firme.

— Isso não foi um ataque comum. Eles sabiam exatamente onde estaríamos.

Jay olhou para Win, o rosto duro.

— Alguém de dentro entregou nossa rota.

Win respirava pesado, o suor descendo pela têmpora.

— Se descobrir quem foi… vou cortar em pedaços.

Jay se aproximou, ficando tão perto que os olhos cinzentos e os negros se encontraram em choque.

— Não. — A voz dele era baixa, carregada de raiva contida. — Quando eu descobrir quem foi… eu vou cuidar pessoalmente.

Win não recuou.

— Tente. Mas não se esqueça: esta é a minha cidade.

Jay inclinou a cabeça, o tom quase um sussurro.

— Não importa o mapa, Win. Eu sempre encontro o inimigo… até quando ele está dentro de casa.

Por um instante, estavam próximos demais, respirações se misturando. Nin percebeu o perigo daquela proximidade — não de armas, mas de algo ainda mais explosivo.

Ton se aproximou, suado, o olhar carregado de tensão.

— Temos que sair daqui antes que cheguem reforços.

Jay e Win se afastaram lentamente, ainda se medindo como se o próximo tiro pudesse vir de qualquer um deles.

---

De volta à mansão, Nin foi levada para descansar. Jay e Win ficaram sozinhos no escritório, a porta fechada. O silêncio entre eles era mais denso do que qualquer tiroteio.

Win quebrou primeiro:

— Você acha que foi alguém daqui.

Jay apoiou as mãos na mesa, o olhar fixo.

— Tenho certeza.

Win apertou os dentes.

— Se for… vai sangrar.

Jay deu um passo em direção a ele, frio, a voz baixa demais.

— Só não quero que seja alguém muito próximo de você.

O olhar dos dois se prendeu. Não havia armas entre eles, mas o ar era pólvora pura.

O pacto de sangue tinha sobrevivido a mais uma noite. Mas agora, Jay e Win já não lutavam apenas contra inimigos externos.

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Capítulos
1 Capítulo 1 — O pacto de sangue
2 Capítulo 2 — Território inimigo
3 Capítulo 3 — No centro do tabuleiro
4 Capítulo 4 — O corredor dividido
5 Capítulo 5 — Fogo cruzado
6 Capítulo 6 — Sombras no coração da casa
7 Capítulo 7 — Entre sombras e ferros
8 Capítulo 8— O traidor
9 Capítulo 9 — O peso do silêncio
10 Capítulo 10 — Entre a chama e a corrente
11 Capítulo 11 — Correntes de ouro
12 Capítulo 12— Máscaras e fendas
13 Capítulo 13 — Espetáculo de máscaras
14 Capítulo 14 — Fogo atrás das grades
15 Capítulo 15 — A cama dos inimigos
16 Capítulo 16 — O silêncio da manhã
17 Capítulo 17 — Chama nos lábios
18 Capítulo 18 — Negação em chamas
19 Capítulo 19 — O espelho do sangue
20 Capítulo 20 — Dor como desejo
21 Capítulo 21 — Entre correntes e ciúmes
22 Capítulo 22 — A festa de noivado
23 Capítulo 23— Ouro e silêncio
24 Capítulo 24 — O peso da véspera
25 Capítulo 25 — O dia do ouro manchado
26 Capítulo 26 — Correntes e aço
27 Capítulo 27 — O limite do aço
28 Capítulo 28 — O silêncio de Win
29 Capítulo 29 — Estrada de Fogo
30 Capítulo 30 — Entre Cicatrizes e Silêncios
31 Capítulo 31 — A manhã em que o mundo bateu à porta
32 Capítulo 32— A Noite dos Invasores
33 Capítulo 33 — Entre Ódio e Promessas
34 Capítulo 34 — Uma semana de carne viva
35 Capítulo 35 — O campo de batalha às seis
36 Capítulo 36— O dragão e a faca
37 Capítulo 37 — O jogo começa
38 Capítulo 38— O Dragão e a Faca
39 Capítulo 39 — O Dia Seguinte
40 Capítulo 40 — Correntes Invisíveis
41 Capítulo 41 — Depois do Estalo
42 capítulo 42: continuação
43 Capítulo 43 — A Isca
Capítulos

Atualizado até capítulo 43

1
Capítulo 1 — O pacto de sangue
2
Capítulo 2 — Território inimigo
3
Capítulo 3 — No centro do tabuleiro
4
Capítulo 4 — O corredor dividido
5
Capítulo 5 — Fogo cruzado
6
Capítulo 6 — Sombras no coração da casa
7
Capítulo 7 — Entre sombras e ferros
8
Capítulo 8— O traidor
9
Capítulo 9 — O peso do silêncio
10
Capítulo 10 — Entre a chama e a corrente
11
Capítulo 11 — Correntes de ouro
12
Capítulo 12— Máscaras e fendas
13
Capítulo 13 — Espetáculo de máscaras
14
Capítulo 14 — Fogo atrás das grades
15
Capítulo 15 — A cama dos inimigos
16
Capítulo 16 — O silêncio da manhã
17
Capítulo 17 — Chama nos lábios
18
Capítulo 18 — Negação em chamas
19
Capítulo 19 — O espelho do sangue
20
Capítulo 20 — Dor como desejo
21
Capítulo 21 — Entre correntes e ciúmes
22
Capítulo 22 — A festa de noivado
23
Capítulo 23— Ouro e silêncio
24
Capítulo 24 — O peso da véspera
25
Capítulo 25 — O dia do ouro manchado
26
Capítulo 26 — Correntes e aço
27
Capítulo 27 — O limite do aço
28
Capítulo 28 — O silêncio de Win
29
Capítulo 29 — Estrada de Fogo
30
Capítulo 30 — Entre Cicatrizes e Silêncios
31
Capítulo 31 — A manhã em que o mundo bateu à porta
32
Capítulo 32— A Noite dos Invasores
33
Capítulo 33 — Entre Ódio e Promessas
34
Capítulo 34 — Uma semana de carne viva
35
Capítulo 35 — O campo de batalha às seis
36
Capítulo 36— O dragão e a faca
37
Capítulo 37 — O jogo começa
38
Capítulo 38— O Dragão e a Faca
39
Capítulo 39 — O Dia Seguinte
40
Capítulo 40 — Correntes Invisíveis
41
Capítulo 41 — Depois do Estalo
42
capítulo 42: continuação
43
Capítulo 43 — A Isca

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