Sob o Alvo do Coração (456 X 001 - Gi-hun X In-ho)
Capítulo 1 – O Encontro
As ruas de Seul estavam estranhamente silenciosas naquela noite. O vento frio cortava a pele, mas Gi-hun mal sentia. Seus passos eram rápidos, decididos, quase desesperados. O celular em sua mão ainda vibrava, com a mensagem que mudaria tudo:
Gi-hun
*murmura* Se isso for uma armadilha… eu não volto.
O prédio diante dele parecia esquecido pelo tempo: janelas quebradas, paredes descascadas, cheiro de mofo. Mas havia algo que não combinava com o cenário decadente — uma porta vermelha, limpa demais, brilhando como sangue fresco no meio da sujeira.
Gi-hun
*encarando a porta* …É isso.
Ele estendeu a mão. Por um segundo, pensou em desistir. Mas sua raiva falou mais alto. Empurrou a porta, o rangido ecoando como um grito.
O corredor era longo, iluminado apenas por lâmpadas fracas que piscavam de vez em quando. O eco dos passos de Gi-hun era a única companhia, até que uma voz mecânica o envolveu.
Voz mecânica
Jogador 456… finalmente decidiu voltar ao jogo.
Gi-hun
*grita* Mostrem a cara de vocês! CHEGA DE BRINCADEIRAS!
O silêncio voltou, pesado. Então, de dentro da escuridão, surgiu uma figura. Um homem alto, de preto da cabeça aos pés, máscara rígida escondendo qualquer traço humano. Cada passo dele parecia ensaiado, calculado.
Gi-hun
*cerrando os punhos* Então… você é o chefe.
O homem parou a poucos passos de distância. O tempo parecia mais lento. Então, lentamente, ergueu a mão até a máscara. O clique frio do encaixe ecoou pelo salão quando a peça foi retirada.
Gi-hun arregalou os olhos. O ar pareceu sumir de seus pulmões.
O olhar do homem agora descoberto era frio, mas havia algo além da dureza. Uma tensão invisível os unia, mesmo separados por poucos passos.
In-ho
*voz baixa, firme* Demorou pra perceber, Gi-hun.
Gi-hun
*raiva crescendo* Você… tudo isso… eram suas mãos por trás?
O silêncio deles dizia mais do que qualquer palavra. Ali, no meio do vazio, não eram apenas inimigos. Eram dois destinos colidindo — e nada voltaria a ser como antes.
O salão parecia engolir o som. O eco dos passos de Gi-hun desaparecia antes mesmo de alcançar as paredes, como se o espaço quisesse sufocar qualquer sinal de vida.
Gi-hun
*voz firme, tentando se controlar* …Então é você.
À sua frente, In-ho largava a máscara nas mãos. O rosto agora revelado trazia uma frieza impossível de disfarçar, mas os olhos denunciavam algo além do comando e da violência: um peso escondido.
In-ho
*silêncio por alguns segundos* Não esperava me ver tão cedo, não é?
Gi-hun
*Sarcástico, com amargura* Eu deveria ter imaginado… desde o começo. O “Frontman” sempre teve um rosto por trás da máscara. Só não pensei que fosse o seu.
In-ho
*aproxima-se lentamente, voz baixa* E esse rosto… te decepciona?
Gi-hun avança um passo, os punhos cerrados, o peito subindo e descendo rápido. Seus olhos tremem de raiva e confusão.
Gi-hun
Não sei se é decepção. Acho que é raiva.
O silêncio pesa. Eles estão tão próximos que poderiam se tocar, mas o espaço entre os dois parece um abismo.
In-ho
A raiva pode te manter vivo… ou pode ser o que vai te matar aqui dentro.
Gi-hun
*sua voz falha por um segundo, mas volta firme* Não finge que se importa. Você é parte desse jogo sujo.
In-ho
*Respira fundo, desviando o olhar por um instante* Você não entende, Gi-hun. Nada disso é tão simples.
Gi-hun dá mais um passo à frente. Sua voz, carregada de dor, quebra o silêncio.
Gi-hun
Então me explica. Me explica por que eu deveria confiar em você… quando cada passo seu me parece uma mentira.
In-ho
*sussurra, encarando-o de perto* Talvez… porque eu seja o único que realmente quer te ver sobreviver.
O coração de Gi-hun bate mais forte. Por um instante, ele não sabe se a raiva é suficiente para mascarar o outro sentimento que surge, escondido e perigoso. O ar entre os dois fica denso, quase sufocante.
E naquele salão silencioso, sem guardas, sem tiros, sem máscaras… começa o jogo mais perigoso de todos.
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