O sonho

Gianluca narrando...

Fiquei parado ali, feito um idiota, rindo sozinho. Não consigo entender... Nunca fui impulsivo. Sempre pesei cada passo que dei, sempre agi com estratégia. Mas, de repente, me vi dançando na chuva com uma desconhecida.

Aquela bella ragazza...

Voltei para casa com o coração estranhamente leve, feliz de um jeito que nunca tinha sentido com nenhuma outra mulher. Mal fechei a porta e já peguei o celular. Liguei para Roberto. Eu precisava descobrir quem era ela.

📱 Roberto:

— Fala, fratello. Quem morreu? Pra você estar me ligando a essa hora

📱 Gianluca:

— Deixa de ser besta.Quero que você vá até a frente da empresa número 3. Descubra tudo sobre a mulher que estava dançando na chuva.

📱 Roberto:

— Considere feito. Depois você vai me contar essa história, boa noite fratello

Desliguei e entrei na mansão. Apesar de morar sozinho, a minha irmã ficava mais na minha casa do que na casa dos meus pais, mais hoje a casa estava vazia. Assim que cruzei a sala, Ana veio ao meu encontro.

Ana Maria Santos (governanta de Gianluca)

brasileira,

— Oi, menino... — disse ela, me olhando de cima a baixo. — Você está todo molhado. Aconteceu alguma coisa?

— Não, Aninha. — respondi, forçando naturalidade. — Estava chovendo muito lá fora, acabei demorando para achar o carro e me molhei, só isso.

Ela arqueou a sobrancelha, desconfiada, deu um sorrisinho de lado, mas não disse nada.

Ana é minha governanta, mas, na verdade, é mais do que isso. Foi babá minha e dos meus irmãos. Uma segunda mãe. Quando decidi morar sozinho, trouxe-a comigo. Desde então, ela cuida de mim como sempre cuidou.

— Você já jantou, menino? — perguntou com a doçura de sempre.

— Comi algo no escritório. Vou subir, tomar banho e dormir. Boa noite, Aninha.

— Boa noite, menino. Durma bem.

Subi direto para o quarto. Tirei as roupas molhadas, entrei no banheiro e liguei o chuveiro. A água quente descia, mas a única coisa que eu conseguia ver era o rosto dela. A mulher misteriosa que tinha feito meu coração disparar.

E então... meu corpo reagiu. Algo que nunca tinha acontecido apenas ao pensar em uma mulher. Foi estranho. Forte. Incontrolável.

Bufei, irritado comigo mesmo, e girei o registro para a água gelada. Tentei me acalmar. Terminei o banho, vesti apenas uma calça de moletom e deitei na cama.

Mas parecia que aquela maldita mulher não ia me deixar em paz. Nem tão cedo.

demorei para pegar no sono, e quando finalmente dormi, sonhei com ela

Sonho...

Aquela mesma mulher da chuva.

Só que, dessa vez, não era a rua molhada nem a tempestade ao nosso redor. Estávamos em um salão vazio, iluminado apenas por lustres de cristal. A música suave tocava ao fundo, e eu a conduzia pelo salão como se tivéssemos dançado juntos a vida inteira.

— Você está me olhando de novo... — ela sussurrou, com aquele sorriso que me desarmava.

— Como não olhar? — respondi, minha voz saindo mais rouca do que eu queria. — Você parece ter saído de um sonho.

Ela riu baixo, e esse som entrou em mim como um veneno doce. Seus olhos tinham um brilho que eu não conseguia decifrar. Me aproximei mais, sentindo seu perfume, e a cada segundo parecia que meu coração ia explodir.

De repente, o salão desapareceu. Estávamos em uma praia deserta, a lua refletindo no mar. Ela corria descalça pela areia, e eu a seguia, rindo feito um garoto, algo que não me lembro de ter feito desde a infância.

Quando finalmente a alcancei, segurei sua mão e a puxei contra meu peito.

— Quem é você? — perguntei, quase implorando.

Ela apenas sorriu, tocando meu rosto com a ponta dos dedos. — Sou aquilo que você nunca soube que precisava, Gianluca.

Quando seus lábios se aproximaram dos meus, senti o choque quente da sua respiração. Estava a um passo do beijo...

Mas acordei.

Sentei na cama, ofegante, com o corpo inteiro em alerta como se tivesse vivido aquilo de verdade. Levei as mãos ao rosto e xinguei baixo.

— Maledizione...

Eu não podia me dar ao luxo de me perder por uma estranha. Minha vida não tinha espaço para fraquezas. E ainda assim, ela já estava dentro da minha cabeça, nos meus sonhos, no meu corpo.

E eu sabia que, quando Roberto me trouxesse notícias dela, nada seria como antes.

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