encontro na chuva

A noite estava fria e chuvosa em Milão. Vivian saía do prédio onde trabalhava, radiante. Tinha acabado de receber a notícia da sua tão sonhada promoção. O sorriso em seu rosto iluminava até a rua molhada e vazia. Tentou chamar um táxi, mas nenhum parava.

Decidiu então caminhar, com o guarda-chuva fechado, permitindo que a chuva lavasse seu rosto. Alguns passos depois, uma música ecoou de algum bar próximo, uma melodia suave e envolvente. O coração leve, embalado pela felicidade do momento, fez com que Vivian deixasse a razão de lado: largou a bolsa em um canto seco, ergueu os braços e começou a dançar no meio da rua encharcada.

Seus cabelos negros e longos grudavam na pele alva. Os olhos verdes brilhavam mesmo sob a chuva, e seus lábios carnudos se curvavam num sorriso sincero. O corpo esguio e a cintura fina se moviam em uma liberdade rara, como se o mundo tivesse parado só para vê-la.

Do outro lado da avenida, um carro preto de luxo diminuiu a velocidade. Dentro dele, Gianluca observava a cena, completamente hipnotizado. O Dom da máfia, acostumado a controlar tudo e todos com punhos de ferro, se viu incapaz de tirar os olhos daquela mulher.

"Chi è questa donna...?" — murmurou,(Quem é essa mulher?) surpreso pelo fascínio repentino.

Sem pensar, estacionou o carro. A chuva deslizava sobre o terno caro, mas ele não ligou. Desceu, caminhou até o centro da rua e, sem pedir permissão, estendeu a mão para ela.

Vivian o olhou por um segundo, e ao invés de recuar, apenas sorriu. Não havia constrangimento, nem medo. Havia apenas aquela estranha sensação de que dançar ao lado daquele homem era a coisa mais natural do mundo.

E eles dançaram. No meio da chuva, ao som distante da música, os corpos se aproximaram. Os olhos dele não desgrudavam dos dela. As mãos firmes de Gianluca guiaram os passos, e a respiração dos dois se confundiu. Quando seus rostos se inclinaram, prestes a se tocar num beijo, Vivian recobrou a consciência.

O coração disparou. "Meu Deus, estou dançando com um estranho!" — pensou. Num ímpeto, se afastou, pegou a bolsa e correu, mas com coração acelerado com adrenalina a mil e o sorriso no rosto.

Na esquina, finalmente um táxi apareceu. Entrou apressada e desapareceu na noite.

Gianluca ficou parado na chuva, ofegante, tentando entender o que acabara de acontecer. Então, sorriu sozinho. Pela primeira vez em muitos anos, não havia sido o Dom frio e calculista. Havia apenas sido um homem... encantado por uma desconhecida. Linda magnífica e completamente inesquecível