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“𝑴𝒖𝒊𝒕𝒐𝒔 𝒏𝒐𝒎𝒆𝒔 𝒗𝒂̃𝒐 𝒕𝒆 𝒅𝒂𝒓 𝒒𝒖𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒏𝒂̃𝒐 𝒕𝒆𝒎 𝒗𝒐𝒛.”
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Dormi até quase tá atrasado, acordando no susto com um sonho estranho que não lembrava, mas me deixou inquieto. Levantei rápido ainda mal, tonto, acabado. Foda-se. Só não queria ficar sozinho de novo. Caminho até o guarda roupa: camiseta branca justa, calça de alfaiataria preta, um all star branco; pronto, básico. Passei na cômoda sacando meus amuletos: o anel do vô, o colar de sempre da mãe, a pulseira de prata fina, discreta. Cabelo. Perfume. Carteira. Celular. Chaves. Cigarros. Ecobag. Saí.
No elevador, mandei mensagem pro Juan avisando que tava indo. Garagem. Carro. Rua. Dirijo até uma conveniência próxima e compro algumas cervejas, um maço e algo pra comer. Sigo em direção a casa da Gabi chegando logo em seguida.
Tentava não pensar em nada. Ter algo pra fazer era bom porque me deixava no automático. Assim, os pensamentos eram empurrados pra qualquer outro lado. Principalmente a vergonha que sentia de mim mesmo, mas enfim, já não era novidade.
Cheguei no local, pego a ecobag com tudo as coisa, desci ao estacionar o carro, interfone, elevador, entro pela porta no salão. Gabi era um amor, o tipo de pessoa que te cativa na mesma hora que conhece, ficamos amigos nos primeiros meses de trabalho juntos, e desde então seguimos mantendo amizade.
Salão lotado. Muita gente. Muito barulho. Luzes piscando coloridas e meus olhos se fechando instintivamente contra. Gabi vem até mim me cumprimentar e logo encaminha as coisas que trouxe pro seu devido lugar. Pego uma cerveja no freezer, abro, tomo. Primeiro gole: amargo como a vida. Sigo pra fora, procurando algum lugar pra respirar no meio dessa muvuca de gente. Um canto escondido ali atrás a céu aberto parecia perfeito.
Saco o maço, acendo, trago. Droga, devia ter ficado em casa, mas ao mesmo tempo era bom não estar sozinho. Olho por cima do ombro e vejo as pessoas se divertindo, conversando. Volto a olhar pra baixo, sinto alguém se aproximar.
Juan
Juan
E ai, achei que ia inventar uma desculpa
Ninguém
Ninguém
Devia ter feito isso *olha de canto pra ele*
Juan
Juan
Odeio quando tu fica assim, nem parece o mesmo
Ninguém
Ninguém
Eu também odeio *suspiro e dou um gole*
Juan
Juan
Quer dançar então? Vê se da uma animada
Ninguém
Ninguém
Tô afim hoje não Juan, foi mal
Juan
Juan
Hm.. pena *sai em direção a pista*
Dou a última tragada, apago o cigarro, suspiro fundo. Eu geralmente era animado, interagia fácil, e dançar era uma das coisas preferidas quando saía. Mas não… hoje. Não agora.
A festa se arrasta várias horas. Muita bebida. Muita música. Muita conversa. Vez que outra acabo encontrando um conhecido, converso meia dúzia de palavras, Gabi ocupada tentando dar atenção a todo mundo, Juan dançando e flertando por aí, eu mal sai do lugar a não ser pra pegar mais bebida já estando um pouco tonto. Apago o cigarro dos dedos e vou até o banheiro.
Passo por um monte de gente já meio embriagada, a cabeça volta a doer, merda. Devia ter comido algo melhor. Sigo caminhando passando pela porta. Entro. Faço o que tenho que fazer saindo da cabine em direção a pia. Sabão. Água. Foi aí que deu merda.
Ouvi o barulho da porta do banheiro abrir e fechar atrás de mim, não me dando ao trabalho de olhar pra trás. Escuto os passos cessarem e logo virem na minha direção. Olho pra frente pro espelho e pelo reflexo vejo ele, Augustín.
Ele se aproxima como quem vê uma presa, chegando mais perto do que deveria com aquele sorriso nojento no canto da boca, o cheiro de bebida forte vindo do seu corpo. Eu continuo o encarando sem desviar os olhos do espelho, enquanto franzo o cenho sem perceber. Sinto o seu corpo perto demais atrás de mim, ele apoia uma das mãos na pia próximo a minha que já estava ali.
Augustín
Augustín
Ora, ora, que bom te encontrar aqui
Ninguém
Ninguém
Vai pro inferno *respondo seco, ríspido*
Augustín… o pior erro que cometi nesse lugar. O cara que eu nunca deveria ter dado brecha nenhuma. Asco. Nojo. Péssimo ser humano. Acabei me envolvendo por insistência, dele. Foi a pior semana da minha vida e eu inclusive o ameacei quando tudo se tornou mais agressivo e possessivo.
Ele passou a mão pela minha cintura me puxando pra si, forte, alto e totalmente perturbado.
Augustín
Augustín
Não fica assim… só tô com saudades… sei que você também tá… *fala com um tom nojento sedutor, deslizando a mão pelo meu corpo*
Contraio o maxilar, o corpo todo tenso, sem desviar o olhar, o antebraço dobrado entre seu pescoço e meu rosto me afastando um pouco dele.
Ninguém
Ninguém
Tira essa mão de mim agora que eu não tô de bom humor pros teus joguinhos… *ameaço*
Augustín
Augustín
Seu merda, acha que pode me dizer o que fazer? Não aprendeu que eu posso fazer o que bem quiser com você? Inclusive, tá na hora de terminar o que a gente não conseguiu a última vez…
Ele me segura pelos braços e me empurra contra a parede, agressivo, me pressionando contra. Bato a cabeça no choque, ficando meio tonto. Sinto a mão dele na minha garganta, a respiração com dificuldade.
Última vez… maldita hora que esse merda soube que eu era ativo. Eu e ele saímos algumas vezes mas nunca tínhamos feito nada. Antes de acontecer qualquer coisa, a personalidade de merda dele entregou tudo e foi quando ele tentou me pegar a força. Quanto mais eu negava e mandava ele sair, mais obcecado ele ficava. Tínhamos alguns fetiches em comum, ou eu pensava que era isso, até conhecer ele melhor e perceber que éramos bem diferente. Me arrependo do dia que o conheci e falei demais.
Sempre tinham pessoas assim a minha volta, acho que sou um tipo de pararraio de desgraça, só pode. Agora esse aí, ressuscitou do inferno pra me atormentar. Maldito! Achei que ja tinha me livrado, dia errado, lugar errado, hora errada. Merda!
O ódio subia pelo meu corpo me fazendo ranger os dentes. O nojo de sentir ele tocar minha pele. Antes que pudesse ficar feia a situação pro meu lado, segurei a gola da sua camisa com as duas mãos com força dando uma cabeçada no seu nariz, assim que me senti livre da mão no pescoço, chutei o meio das suas pernas, finalizando com um soco bem dado no rosto. Odiava usar violência, mas as vezes era isso que restava. E ele era muito maior e mais forte, se eu vacilasse poderia dar merda. Muita merda. O observo, caído se retorcendo. Bem feito.
Ofegante. Adrenalina a mil. Saí com pressa do banheiro antes que ele pudesse se recompor. Liguei pro Juan. Sem resposta. Peguei minhas coisas, saio pela porta. Elevador. Garagem. Sem olhar pra trás, dei a partida saindo dali.
Além de tudo tem isso… a vida deve tá adorando brincar com minha sanidade. Mas aceito de bom grado. Castigo. Penitência. Azar. Karma.
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Comments

ɞ ·₊˚ Hε¢τσя Gυɨгคlє ˚₊· ʚ

ɞ ·₊˚ Hε¢τσя Gυɨгคlє ˚₊· ʚ

Essa é a vida adulta? QUERO MAIS NAUM 😔💔

2025-08-18

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ɞ ·₊˚ Hε¢τσя Gυɨгคlє ˚₊· ʚ

ɞ ·₊˚ Hε¢τσя Gυɨгคlє ˚₊· ʚ

CHUTA O OVO DELE 👹👹👹

2025-08-18

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ɞ ·₊˚ Hε¢τσя Gυɨгคlє ˚₊· ʚ

ɞ ·₊˚ Hε¢τσя Gυɨгคlє ˚₊· ʚ

Nunca se esquece do cigarret né? 😑

2025-08-18

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