CAPÍTULO 4

WESLEY 29 ANOS WL DONO DO MORRO

**Capítulo 4 – A Última Visita (Weslei)**

Já era quase meio-dia quando acordei.

Mas a cela ainda fedia a madrugada.

O lençol bagunçado, o corpo suado, a pele dela grudada na minha pele até no silêncio.

Só que ela não tava mais ali.

Nina.

A porra da Nina.

A mulher que passou sete anos longe, me arrancando do peito todo dia um pedacinho do que sobrou depois da traição da Letícia.

E quando aparece, mete o pé antes do sol nascer. Sem deixar bilhete. Sem olhar pra trás.4

Igualzinho quando foi embora do morro.

Mas ontem à noite...

Ontem ela não parecia querer fugir.

Ela tava entregue.

Gemendo meu nome com a boca cheia de raiva e saudade.

Arranhando minhas costas como se ainda quisesse me ferir e se curar comigo ao mesmo tempo.

Dizendo “fode minha alma, Weslei” com os olhos molhados, mas sem uma lágrima cair.

E eu fodi.

A alma.

O corpo.

A lembrança inteira que ela me deixou.

Mas agora… agora só tinha o vazio.

E o cheiro do perfume dela no travesseiro.

Me vesti sem pressa. Acendi um cigarro.

Fiquei olhando o teto rachado enquanto a cabeça latejava de um jeito que nem três tragos de maconha resolvia.

Peguei o celular escondido debaixo do colchão e disquei o número do GV.

Atendeu na primeira.

— Fala, patrão.

— Ela sumiu.

— Quem?

— A Nina, caralho! Ela vazou antes do dia nascer. Tu deixou ela sair?

— Ela saiu sozinha, patrão. Eu nem vi. As mulher das visita disseram que ela passou pela portaria e não olhou pra ninguém.

— Escuta aqui, GV... quero ela de volta. Na próxima visita. E dessa vez... vai ser a última.

Silêncio.

— Tu tá ouvindo?

— Tô, pô... Mas por que a última?

— Porque eu tô pra sair. Os advogados tão agilizando. E antes disso, eu quero resolver umas pendência.

— Tá certo. E... quer que eu siga ela?

— Quero que tu me diga tudo que sabe. E se não souber, descobre. Aonde ela tá, com quem fala, o que come, quem paga as contas. Tudo.

GV respirou fundo. Ficou calado uns segundos. Aí falou.

— A TIA Márcia, a tia dela, tá doente, patrão. Câncer avançado. Tão morando num canto bem caído, lá perto do Campinho. Nina voltou por causa da véia.

— Câncer?

— É. Das braba. Tão se virando como dá. A Nina ta procurando trampo pra melhorar a situação da tia.

— E tão morando onde?

— Num barraquinho todo zoado. Reboco caindo. Lugar feio, patrão. Sem portão, sem grade. Perigoso pra caralho.

A raiva virou outra coisa. Não sei explicar.

Um soco no estômago misturado com pena que eu não queria sentir.

— Muda ela de lá.

— Quê?

— Bota num lugar decente. A minha casa amarela, sabe qual? Aquela murada com portão preto, na parte alta. Tem ar-condicionado, geladeira nova, cama queen. É pra elas.

— Caralho, patrão... tu nunca fez isso nem pra Letícia... Tu sempre gostou de ficar sozinho lá.

— E nem vai comparar uma desgraça com a outra.

Agora escuta e obedece. Muda elas HOJE.

GV não respondeu de primeira. Aí riu. Aquele riso malandro, que eu já conhecia.

— Qualé, patrão… tu nunca foi de pegar cheinha. Vai dizer que é só porque é a Nina?

Minha mão fechou em punho. Se ele tivesse na minha frente, era tapa na boca.

— Vai se foder, GV. Tá querendo morrer, é? Ou quer que eu te espanque de novo? Tá ligado que eu não suporto gracinha, porra!

— Foi mal, patrão! Foi mal!

Ordem dada é ordem cumprida. Fé no pai, tu é o patrão. Tô indo lá agora.

Desliguei.

Mas a raiva ficou.

Raiva dela ter voltado.

Raiva dela ter ido embora.

Raiva de mim por ter deixado.

Eu lembro de cada detalhe daquela noite.

A forma como ela tirou a roupa encarando meus olhos, sem medo, sem vergonha, com a malícia de quem não é mais menina.

A pele macia. O cheiro de sabonete barato misturado com desejo.

O jeito que ela tremia e me mordia.

A boca pedindo mais.

A alma cobrando tudo que eu não dei sete anos atrás.

Ela virou mulher.

E eu ainda tô preso nas escolhas de moleque.

Mas agora...

Agora vai ser diferente.

Se ela acha que vai me usar como vingança emocional, tá muito enganada.

Porque dessa vez, quem manda sou eu.

E quando ela entrar por aquelas grades de novo, achando que é mais uma visita, achando que pode me foder e sair ilesa…

Ela vai entender o que é pagar com o corpo... e com o coração.

Porque Nina é minha.

Sempre foi.

Mesmo quando não era. Era apenas a minha irmãzinha que eu protegia.

E agora…

vai ser por inteiro.

Ou vai ser por sangue.

Mais populares

Comments

Leitora compulsiva

Leitora compulsiva

agora que está aí precisando de assistência gosta dela, vamos ver se fora daí o sentimento é o mesmo

2025-08-08

2

MEDUSA

MEDUSA

sei tô achando que esse negócio de consideração de irmã era mentira não quis assumir por dóis motivos ou ela era muito novinha ou pq é gordinha certeza

2025-08-09

0

Maria De Fátima Souza Corrêa

Maria De Fátima Souza Corrêa

se você era apaixonado por ela porquê se envolveu com outra mulher!

2025-08-08

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!