Aurora
Ela olhava para a janela aberta, o vento bagunçando seus cabelos enquanto o relógio marcava 00:17.
O coração de Aurora batia tão forte que ela mal conseguia respirar. A mala pequena estava pronta, escondida no armário. Dinheiro roubado da gaveta do pai. Documentos falsos que Alice conseguiu com a ajuda de uma amiga antiga. O colar da mãe no pescoço.
Ela sabia que, depois daquela porta, não haveria retorno. Mas permanecer ali... significava morrer aos poucos.
Gregory estava cada vez mais agressivo. Naquele dia, ele tentou tocá-la à força. Disse que o casamento seria no civil, em uma semana, com ou sem consentimento. Que o pai dela já tinha assinado os papéis. Que ela era dele.
Aurora chorou no banho, se sentindo suja. Mas agora, ali, no silêncio da madrugada, ela só pensava nele. Cael.
Na moto, no cheiro de gasolina misturado com perfume barato. No beijo quente, nas mãos fortes segurando sua cintura. Nos olhos que diziam: eu te vejo.
Ela apagou a luz, pegou a mala e saiu pela janela como tantas vezes fizera. Mas dessa vez, com um rumo diferente: a liberdade.
Ele a esperava do outro lado da rua, encostado na moto, usando jaqueta de couro e boné abaulado. Os olhos azuis a encontraram, e ela sentiu o mundo girar. Ele estendeu a mão.
— Tem certeza?
Ela segurou firme.
— Nunca tive tanta certeza na vida.
Cael colocou o capacete nela, subiram na moto e partiram.
Para longe. Para o desconhecido.
Para o começo de tudo.
Cael
Enquanto pilotava a moto com ela colada às suas costas, Cael sentia o peso de algo que nunca tivera: responsabilidade sobre uma vida que não era a sua.
Aurora não sabia onde estavam indo. Mas ele sabia.
Não poderiam ficar no Rio. Gregory tinha contatos demais. O pai dele também não facilitaria. Mesmo que Ivan fingisse não se importar, ele sabia que Gregory representava uma peça importante nos negócios.
Cael optou por sumir no interior, onde tinha um de seus esconderijos. Uma casa simples, numa região de mata a algumas horas da capital. Lá, ele guardava armas, documentos, dinheiro e um carro. Ninguém sabia da existência do lugar além de dois amigos de infância.
Durante o trajeto, o corpo de Aurora se apertava contra o dele, e Cael lutava contra o desejo de parar a moto e beijá-la ali mesmo, no acostamento. Mas não era hora.
Quando chegaram, o céu já clareava.
A casa era rústica, mas aconchegante. Um quarto com colchão grande, cozinha pequena, sofá velho e um chuveiro que rangia. Assim que entraram, Aurora largou a mala e encarou Cael com os olhos marejados.
— A gente tá mesmo livre?
— Ainda não. Mas estamos longe o suficiente por agora.
— Ele vai nos procurar. Meu pai também.
— Eu sei. — Cael fechou a porta. — Mas ninguém vai te encostar mais. Eu juro por Deus.
Ela se aproximou.
— Você não é só um mecânico, é?
Cael ficou em silêncio. O peito subindo devagar.
— Não.
— E você vai me contar quem você é de verdade?
— No momento certo.
Ela assentiu.
— Tudo bem. Mas saiba que... eu escolhi fugir com você. Não importa o que eu descubra.
E então o silêncio se encheu de algo mais forte. Uma tensão que queimava.
Cael se aproximou, tirou o boné devagar, os olhos fixos nela.
— Você tá aqui, na minha frente. Eu te trouxe. Mas tem certeza que quer isso? Que quer ficar comigo, com tudo que isso significa?
Ela deu um passo à frente.
— Eu quero tudo que vem com você, Cael. Tudo.
E foi o fim da contenção.
Ele a puxou pela cintura com força, os lábios colando-se aos dela com fome, com urgência, com tudo que haviam guardado por dias. Aurora gemeu baixo, agarrando os ombros dele. As mãos dele desceram pelas costas dela, apertando sua cintura, seu quadril, seu desejo.
— Me mostra que estou viva — ela sussurrou entre os beijos.
Cael a pegou no colo e a levou para o colchão. As roupas foram caindo entre beijos, toques e suspiros. Aurora estava quente, entregue, e Cael queria devorá-la. Mas também queria cuidar. Queria marcar, mas também proteger.
Ela era fogo e flor.
E quando ele a penetrou, devagar, olhando nos olhos dela, ambos souberam: nada mais seria como antes.
Os corpos se moveram no ritmo da noite que terminava. Aurora arqueou-se sob ele, as mãos entrelaçadas, os lábios chamando o nome dele.
— Cael... — ela gemeu, no auge do prazer.
E naquele momento, ele soube.
Ela não era só uma garota rica.
Ela era sua ruína. E sua redenção.
* Mais tarde *
Aurora dormia abraçada ao peito dele, os cabelos espalhados como seda. Cael estava acordado, olhando para o teto.
O celular vibrava em silêncio.
Uma mensagem.
“Você se escondeu bem, mas não o suficiente. — G.”
Ele apagou a tela e apertou Aurora contra si.
A guerra estava apenas começando.
Mas agora... ele tinha algo pelo que lutar.
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Atualizado até capítulo 36
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