Capítulo 2: O Dono dos Olhos que Ela Tentou Esquecer
O tempo parecia ter parado.
Aurora não conseguia se mover. O nome dele ainda ecoava dentro dela.
Derick.
A voz era a mesma. Grave, firme, perigosa.
Ela segurou a maçaneta com força. A pele da mão suava. O coração batia tão forte que Adam olhou pra ela com os olhos arregalados, como se sentisse o perigo no ar.
Adam
— Mamãe? Quem é?
Aurora respirou fundo, agachou-se ao lado do filho e olhou nos olhos dele.
Aurora
— Sobe pro quarto, Adam. E tranca a porta.
Adam
— Mas...
Aurora
— Agora.
Ele obedeceu. Sempre obedecia quando ela usava aquele tom.
Só não sabia que aquele seria o dia em que as respostas que tanto pedia… iriam chegar.
Aurora fechou os olhos por um segundo. E então destrancou a porta.
O mesmo olhar escuro, firme, com aquele tom arrogante que fazia o sangue dela ferver — de raiva e de outra coisa que ela odiava admitir.
Mais maduro. Mais forte. Ainda mais homem.
Derick
— Você demorou pra abrir — ele disse, com um sorriso cínico.
Ela cruzou os braços, como um escudo frágil entre o corpo e o passado.
Aurora
— O que você quer?
Derick
— Você sabe.
Aurora
— Se for sobre mim, é tarde demais. Se for sobre o Adam...
Os olhos dele brilharam com o nome.
Derick
— Então é verdade — ele disse, dando um passo à frente —. Ele é meu.
Aurora ficou em silêncio.
Derick riu, mas sem humor.
Derick
— Sete anos. Sete malditos anos. Eu procurei por você em todos os buracos desse país. E você estava aqui… com o meu filho?
Aurora
— Nosso filho. E eu fugi porque eu sabia exatamente o tipo de mundo que você traria pra vida dele.
Aurora
— Você não me deu escolha!
Ela se aproximou, o olhar pegando fogo.
Aurora
— Eu estava grávida, Derick! E você estava com sangue nas mãos na mesma noite em que eu descobri. Você quer que eu ficasse pra criar uma criança em meio a tiros e cadáveres?
Ele respirou fundo, tenso.
Derick
— Você acha que eu teria deixado algo acontecer com vocês?
Aurora
— Eu acho que você destrói tudo que toca. Inclusive a mim.
Por um instante, ele pareceu hesitar. Os olhos endureceram. Mas havia dor ali.
Derick
— Eu não sou o mesmo homem de antes, Aurora.
Aurora
— Não. Você é pior. Agora tem mais poder, mais sede de controle. E quer arrastar o Adam pra esse inferno também?
Derick
— Eu quero conhecê-lo. Quero olhar nos olhos dele. Você me deve isso.
Aurora riu, amarga.
Aurora
— Eu não te devo nada.
Ela tentou fechar a porta, mas ele segurou com força.
Derick
— Isso não acabou, Aurora. Você pode me odiar, mas eu sou o pai dele. E agora que eu sei… não vou embora.
Ela olhou pra ele, o peito ardendo de raiva, medo e sentimentos que não morriam.
Aurora
— Então se prepare, Derick. Porque se você for entrar na vida dele…
Vai ter que passar por mim primeiro.
Ele sorriu. Um sorriso perigoso.
Derick
— Isso é quase um convite.
Aurora bateu a porta.
Mas por dentro… o coração dela já estava em alerta.
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