Como Tudo Começou (Parte 02)
“Dante está no bar com outros integrantes do clube. A conversa gira em torno de Hunter, o fazendo se lembrar da primeira vez que viu o campeão do clube de natação. Estava perdido em meio aos seus pensamentos, até que seus amigos chamam sua atenção.”
KNOX
(Voz distante, meio rindo)
Né, Dante?! Cê ouviu?
NOAH
Perguntei se o Hunter ronca. Já que dividem o quarto. Ou ele dorme igual nadador profissional? Silencioso e irritante?
(Dante força um sorriso, mas seus olhos estão distantes. Ainda vê o corpo molhado saindo da piscina.)
DANTE
(Seco)
Ele dorme pouco. E treina demais.
KNOX
(Rindo)
Parece descrição de filme pornô.
(Dante apenas toma a cerveja de uma vez, tentando engolir a memória junto.)
“Som ambiente abafado. Ecos de passos apressados. Vestiário agitado. Piscina olímpica em dia de seletiva. Vozes, cronômetros, respiração pesada. O som de um apito curto. Semana da seleção oficial. Dante se alonga no canto da piscina, os ombros tensionados, o olhar fixo na água.”
“O dia da seleção chegou. A chance de garantir a vaga na equipe principal… e com ela, a bolsa de estudos. A pressão era real. Tinha nadador bom ali. Gente rápida. Experiente. Dante sabia que precisava de um tempo excelente. Não bastava ir bem, tinha que ser o melhor. Ele gira o pescoço, estala os ombros. Controla a respiração. Foca. Mas algo desvia sua atenção.”
“O som de vozes masculinas, rindo baixo. Conversa informal. Dante ergue os olhos e vê: Hunter, na lateral da piscina, conversando com dois outros rapazes, o presidente e o vice do clube de natação. A pose descontraída, os braços cruzados, os olhos atentos. Ele está vestido, o que só piora. Calça jeans surrada, rasgada no joelho. Camiseta preta justa demais, marcando o peitoral e os ombros. O bíceps salta até parado. O cabelo loiro bagunçado emoldura o rosto de forma quase indecente. E os lábios... aquele maldito lábio carnudo entreaberto.”
DANTE
(Pensando)
Ele é gostoso de sunga. Mas vestido... é ainda pior. Hunter parece o tipo de problema que te fode antes mesmo de tocar em você.
“Som de apito corta o ar. O sinal para se posicionar. O corpo de Dante reage. Ele se volta para a raia. Sacode os braços, respira fundo. Precisa focar. Agora não era hora de pensar em Hunter. Ele precisava daquele tempo. Precisava daquela vaga. Precisava... respirar. Som abafado da água sendo cortada. Splash. Dante mergulha. O mundo vira silêncio e resistência. O corpo em movimento rápido, impulsionado por uma vontade que não era só de vencer, era de fazer parte da equipe principal. De estar ali. Com ele.”
“A virada é precisa. A braçada forte. A técnica limpa. Quando Dante emerge pela última vez e toca a borda… sabe que foi bom. Mas não o quanto. Ele se apoia na boia, arfando. A respiração acelerada. Só depois de alguns segundos nota o silêncio. Todos olham para o painel de tempos. O cronômetro digital mostra: Dante, melhor tempo da bateria. Vários segundos à frente. Na natação… isso era muito. O suficiente para mudar tudo. O presidente do clube se aproxima, animado.”
PRESIDENTE DO CLUBE
Santo Deus, garoto!
Qual o seu nome mesmo?
DANTE
(Disfarçando o nervosismo)
Dante.
PRESIDENTE DO CLUBE
Dante, você acabou de entrar pro time principal. Parabéns.
“Alguns batem palmas, outros se aproximam para cumprimentar. Dante agradece, tímido. Ele sorri, abaixa o olhar. Respira fundo. E então… sente. Aquele arrepio na nuca. Como se alguém o observasse. Dante levanta os olhos devagar. E lá está ele. Hunter. Encostado no corrimão da arquibancada. Os braços cruzados. O corpo relaxado, mas o olhar fixo nele. O mundo desacelera por um segundo. O resto some. Hunter o encara. Intenso. Avaliador. Como se estivesse testando Dante sem dizer uma palavra. Então, um quase sorriso se forma no canto da boca. Não inteiro. Só o suficiente para acender um alerta.”
“Dante não sabia o que significava aquele brilho nos olhos dele. Mas o corpo… respondeu antes da mente. Um calor subiu da base da espinha até o peito. Uma tensão que não era medo. Era instinto. Dante desvia o olhar. Engole seco.”
DANTE
(Baixo, pedindo licença)
Com licença... vou... me trocar.
“Ele se afasta da aglomeração. Segue sozinho para o vestiário. Som abafado de passos rápidos. Porta do vestiário rangendo. O eco do silêncio quando se fecha. Dante encosta nas portas dos armários. Fecha os olhos. Respira fundo.”
“Ele conseguiu a vaga. Conseguiu a bolsa. E, por algum motivo… conseguiu a atenção dele também. Hunter tinha olhado para ele. E agora Dante não sabia se aquilo era sorte… ou maldição.”
“De volta ao bar. O som ambiente retorna aos poucos: risadas, copos sendo colocados nas mesas, música baixa ao fundo. Dante pisca devagar, ainda preso às imagens do passado. A boca seca. O corpo tenso. Ele balança a cabeça, como se sacudisse algo por dentro.”
KNOX
(Reparando)
Tá tudo bem?
(Dante respira fundo. Finge um sorriso, mas não convence.)
DANTE
(Seco, contido)
Cansaço bateu. Vou nessa.
NOAH
Que isso, cara. Fica mais um pouco. Acabou de chegar.
DANTE
(Pegando a mochila)
Hoje não. Sério.
KNOX
(Voz mais baixa, desconfiada)
Tem certeza que é só cansaço?
“Dante não responde de imediato. Enfia a carteira no bolso, ajeita a alça da mochila no ombro. A verdade é que não queria ficar ali. Não com o nome de Hunter na conversa. Não com a pele ainda latejando do que tinham feito. Logo... ia acabar deixando escapar alguma coisa. Ele se despede com um aceno.”
“Os amigos protestam com um ‘ahhh, que chato!’, mas ele já está se afastando. Ele sai para a rua. Uma rajada de vento noturno o atinge. A brisa fria da noite toca sua pele quente. É bem-vinda. Ele respira mais fundo, os passos calmos pela calçada.”
DANTE
(Murmurando para si)
São dois quarteirões até o dormitório. O suficiente pra tentar limpar a mente.
(Pausa)
Droga! Mas não consigo.
“A lembrança da noite o invade. O calor da pele de Hunter pressionando contra a dele. Os dedos cravados em sua cintura. O hálito quente contra seu ouvido. O som da voz dele. A forma como o fodeu, firme, bruto, inegável. Dante balança a cabeça de novo. Mais forte.”
DANTE
(Baixo, para si mesmo)
Esquece isso. Esquece...
“Ele chega ao prédio do dormitório. Abre a porta com o cartão magnético. O corredor está silencioso. Seu quarto fica no térreo. Número 06. Uma das poucas vantagens. Ele gira a maçaneta com cuidado. Abre a porta. A luz está apagada. E ele a mantém assim. Sem dizer palavra, tira os tênis e entra devagar.”
DANTE
(Pensando)
Graças a Deus… minha cama é a mais perto da porta.
Eu só quero me deitar. Desligar. Apagar.
“Sem olhar para o lado, solta a mochila no chão. Senta na beira da cama. Suspira. Depois se deita, virado para a parede. O quarto permanece em silêncio. Mas o corpo dele ainda vibra. Ele fecha os olhos. Mas não consegue esquecer o toque. A pressão. O gemido. A mordida. A voz.”
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━✦❘༻ 𝐄𝐕𝐀 ༺❘✦━
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2025-08-13
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