Capítulo 4 (Bella)

Durante a noite ele me acordou uma vez para tomar o medicamento, estava tão sonolenta que fiz no automático e voltei a dormir, quando amanheceu ele bateu na porta e entrou segurando uma bandeja com o café da manhã, e foi aí que percebi que por conta dos acontecimentos não sabia nem o nome do homem que me ajudou e me abrigou.

Ele se aproximou com cautela e colocou a bandeja na cama perto de mim, meu estômago roncou alto me fazendo corar de vergonha e ele sorriu, puta merda! O sorriso mais lindo que já vi em toda minha vida.

— Como se sente?

Ele perguntou se aproximando e olhando o soro pendurado no cabo de vassoura para ficar alto.

— Melhor do que eu deveria...Obrigada!

— Não diga isso, eu não sei o que você passou mais tenho certeza que não deveria...

Ele me encara, e então pega outra bolsa de soro e troca administrando mais medicamento.

— Como você se chama?

Pergunto observando ele se afastar e pegar algumas gazes provavelmente para trocar meu curativo.

— Dylan, e você? — Pergunta e então se aproxima apontando para minha barriga — Posso?

— Sim!

Ele se senta ao meu lado na cama e puxa um pouco a coberta, me recordo que estou usando apenas a sua camisa e fico envergonhada, mais ele é médico certo? Não deve ligar para isso...

Dylan então abre os botões da própria camisa revelando minha barriga, ele retira o curativo e o toque da sua pele na minha ao limpar o local faz meu corpo todo se arrepiar.

— Bella! — Falo e ele me olha sem entender já que estava concentrado na sua tarefa. — Meu nome é Bella.

Por um momento vejo o brilho em seu olhar, e segundos depois ele volta ao seu trabalho. Depois de cuidar da facada ele pegou uma pomada e espalhou pelo enorme roxo do chute que levei daquele desgraçado ontem e fecha cuidadosamente cada botão e me cobre escondendo minhas pernas.

— É um lindo nome e combina perfeitamente com você!

Ele diz enfim é meu coração acelera no peito me deixando desconcertada com essas sensações, em que momento virei esse mulherzinha diante desse homem! Eu sou uma mafiosa caramba, não deveria me sentir assim por um desconhecido.

— Obrigada, Dylan!

— Gostaria de fazer duas perguntas para você Bella, será que poderia responder?

Gosto de como meu nome sai de sua boca, e por sinal ele tem um boca linda, ou melhor ele é lindo!

— Se eu puder responder...

— Porque machucaram você assim?

Sua pergunta é óbvia, em algum momento ele iria querer saber o que houve comigo, é natural, porém para sua segurança quanto menos saber sobre mim é melhor, aliás, nem o meu nome verdadeiro ele poderia saber. Eu simplesmente não pude mentir quando ele perguntou, Dylan estava sendo tão gentil comigo que seria errado esconder isso dele.

— Eu....eu não me sinto preparada para falar e reviver tudo agora...sinto muito!

Falei mostrando fragilidade em minha voz, não que eu me sinta assim mais para ele é importante que acredite que eu estou vulnerável, fará por um tempo com que ele não me questione sobre isso.

— Tudo bem, não se preocupe! Você quer que eu chame as autoridades ou alguém de confiança? Você me pediu que não falasse para ninguém e não te levasse ao hospital. Bella, tem alguém atrás de você? É por isso que não quer ser encontrada, está com medo do que podem fazer contra sua vida é isso?

Acabo dando uma risada pela sua preocupação, e sinto um dor terrível que me faz fazer uma careta e ele toca minha mão como se me desse força para responder tudo.

— Acho que são mais que duas perguntas certo?!

— Eu só estou tentando entender o que houve ontem, em como uma moça como você passou por isso tudo.

— Prometo responder todas as suas perguntas em breve, no mais eu gostaria de assimilar tudo antes de poder conseguir explicar a loucura que foi tudo.

Aponto para minha barriga e ele apenas concorda com a cabeça antes de se levantar.

— Ok, posso esperar um pouco mais pelas respostas! Você deveria comer, preciso tomar um banho.

Ele diz e se afasta, entrando no closet e depois trancando a porta do banheiro me deixando sozinha, sei que ficou frustrado por não ter dito nada, porém, é melhor assim.

Observo tudo que ele trouxe e fico encantada, tomo o suco de laranja e depois como o croissant e o mamão, por último o pão de queijo e fico feliz em ter me alimentado, estava com fome.

Quando ele sai do banheiro já vestido com uma calça social que com certeza é feita sobre medida pois abraça seu corpor com perfeição e uma camisa branca, os cabelos ainda desalinhados os deixa uma verdadeira tentação.

— Preciso ir ao hospital, tenho uma cirurgia agora pela manhã mais volto na hora do almoço para trazer comida e trocar a bolsa do soro. Vou te ajudar a ir até o banheiro e fazer a sua higiene agora tudo bem?

— Sim...

Falo um pouco frustrada porque por algum motivo não gostaria de ficar sem ele aqui, mas entendo que como médico ele tem seus afazeres e suas responsabilidades.

Dylan se aproxima de mim e me ajuda a tirar o cobertor, apoia um dos braços atrás de mim e me ajuda a sentar, sinto um dor terrível mais controlável, depois ele me ajuda a colocar as pernas para fora e enfim ficar em pé.

— Está doendo muito?

— Um pouco. — Minto — acho que consigo ir sozinha.

— Não se preocupe, não vou entrar com você, só te ajudar a chegar lá e a voltar.

Ele diz como se lesse minha mente, seria desconfortável fazer xixi em sua frente. Com sua mão em minha cintura e o meu corpo apoiado no dele caminhamos lentamente até o banheiro, ele me deixa e sai encostando a porta, me sento com dificuldade e após terminar lavo o rosto e "escovo" os dentes com o dedo e o creme dental abro a porta para me deparar com ele totalmente pronto para sair.

Lindo!

Sentindo sei cheiro enibriante confundindo minha mente voltamos e depois de estar confortável na cama, percebo uma garrafa de água gelada e um copo junto com alguns biscoitos na mesinha ao lado da cama.

— Deixei aqui caso sinta fome e cede até eu voltar, aqui está o controle da televisão se quiser se distrair. Volto logo ok?

— Obrigada mais uma vez!

— Descanse e tente não se levantar certo?!

— Pode deixar doutor!

Ele sorri e sai me deixando sozinha, agora sim, tento colocar minha cabeça no lugar, preciso urgentemente avisar Maxim sobre onde estou, mais sem dúvidas sair daqui agora ferida é loucura. Porém, preciso que saibam que estou bem e colocar alguns dos nossos soldados aqui pelo perímetro fazendo a segurança.

Contra o protesto do meu corpo doendo me levanto com dificuldade a procura de um telefone mais infelizmente não encontro nada.

O apartamento e bem impessoal, mais parecido com um Studio não tem nada que mostre que Dylan de fato more aqui, provavelmente é alugado ou ele não é tão apegado a familia já que não tem nada que mostre suas origens.

Pelo jeito nos dois estamos no mesmo patamar, não sabemos nada um do outro a não ser o nome.

Volto para a cama e fico pensando uma forma de pegar o celular dele para avisar Maxim.

Acabo adormecendo provavelmente por conta das medicações.

Bella Rurik

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