Vamos à Fazenda! - parte 2

O sol brilha forte, acordo cedo e não porque quero,meu sogro não deixa ninguém dormir até tarde.

—Bom dia! Bom dia! - grita Ayrton

Agora que cansou da vida política,foram dois mandatos como vice prefeito do meu avô e dois mandatos como prefeito, ele dedica-se mais tempo à fazenda, que é o que ele gosta mesmo, junto com a minha cunhada Manu. Os dois viajam por toda essa região do norte do estado,sul de Minas e São Paulo. Já a minha sogra Luiza, é ex-modelo, mantém uma rede clínicas de estéticas que gerência daqui mesmo,só vai à capital para resolver a parte burocrática.

O irmão caçula do Daniel é o Danilo, ele tem dezoito anos,acabou de passar no vestibular da federal e vai estudar no Rio. Irá morar conosco até meus sogros sentirem que ele tem maturidade o suficiente para morar sozinho na cidade.

Quando voltarmos para o Rio ele já vai conosco e Pedro começou coçar a cabeça, as minhas primas gêmeas,Laís e Maitê, são loucas por ele desde crianças.

—Ayrton, pra quê acordar todo mundo cedo?

—Fica todo mundo até tarde na cama e pra quê, minha potranca?

—Eles estão aqui à passeio. Que coisa! - Luiza aparece de roupão de seda e senta-se à mesa conosco para tomar café da manhã

Ele dá de ombros,pega Miguel e o coloca nos ombros.

—Vamos cavalgar com o vovô!

—Eba!

—Diz se eu não sou o seu avô preferido?

—Pai... - adverte meu marido

—Estou só brincando Daniel, pode falar nada também, que diacho!

Ele sai com o neto e eu acho graça, nossos pais nem parecem ser avós, são muito jovens e bonitos,não chegaram aos cinquenta ainda.

Manu senta rápido para tomar café.

—Daniel, preciso que você me explique melhor aquele balanço do último trimestre, as contas do pessoal do escritório não bateram com as minhas.

—Bom dia,família! Como todos estão? - minha sogra olha sério para ela que revira os olhos - Anda Manuela!

—Bom dia,família...- ela replica fazendo deboche e nós dois rimos - Agora responde,Daniel.

—Seu irmão está aqui para relaxar esse final de semana,deixe ele em paz. - a mãe o beija a testa e sai

—Por isso escolhi estudar outra coisa fora dos negócios da família,ficar nessa pressão ninguém merece! - diz Danilo

—Eu que o diga,por isso escolhi psicologia. Mateus e eu fomos na contramão de todos da família Lobato.

—Mas Danilo aloprou né, cunha? - diz Manu - Estudar física quântica? E o papai que não entende nada disso, acha que ele é tipo um Einstein e duvidou da paternidade dele,disse que filho inteligente ele pode ter ,mas gênio é demais.

Começamos a gargalhar. A meta do Dan é especialização em Harvard.

Após o café fomos andar pela propriedade, Ayrton sumiu com Miguel, ele o leva para a cidade, exibe para todos, leva em casa de parentes, em fazendas vizinhas e volta depois do almoço.

— Ele deve estar cansado pai, tem que tirar um cochilo. - fala Dani

—Ele já dormiu um pouco na casa da minha irmã, brincou até não poder mais. Agora vamos andar a cavalo de novo, já o estou ensinando a ser peão.

—Daqui a pouco temos que ir, meu pai vem nos buscar para o batizado da Alicinha amanhã. - falo

—Mas já?!Samuca egoísta, tá sempre perto,não pode deixar vocês aqui comigo! - Ayrton protesta

—Voltamos no próximo final de semana, é que o Mateus já vai voltar para a Espanha e agora só voltará ao Brasil daqui à quatro ou seis meses.- digo

Mesmo assim ele pega o neto e sai para cavalgar, ficamos olhando através da cerca com Manu ao nosso lado.

—Olha lá,seu pai chegou amor! - diz Dani - E José está com ele.

Manu logo fica irritada.

—Melhor eu dar ordens na lida dos cavalos.

—Esses dois...jogo de gata e rato! - digo

—José é bem mais velho do que a minha irmã, o que ele quer com ela também?

—Você acha que o meu tio vai fazer algo com ela?

—Não, mas...ele é experiente e vivido,ela não. A vida da Manu se resume a isso aqui,Bia!

—Sua irmã sabe se defender sozinha,Daniel. E outra coisa,tá na hora da Manuela sair para o mundo, né?

Vejo meu pai se aproximar apavorado da cerca.

—O que você tá fazendo,seu doido! Esse cavalo tá correndo demais!

—Oi Samuca! - grita meu sogro - Olha nossa neto aqui ,dá tchau para o vovô, Miguelzinho!

O menino acena,com chapéu na cabeça,segurando as rédeas do cavalo junto com o avô.Ayrton estava sem camisa, as funcionárias da fazenda sempre olham de soslaio, e ele gosta,o passado o condena.

—Bia! Como você deixa isso?E se ele cair do cavalo? Sabe da seriedade de uma queda dessas? Miguel é muito pequeno!

—Relaxa pai, todo mundo diz que meu sogro foi um dos melhores peões que já se viu por aqui.

—Isso é verdade Samuca. Painho sempre diz isso, eles trabalharam juntos lá na fazenda dos padrinhos, na época em que ele era noivo da Amália... - fala meu tio ba implicância

—Cala a boca José...- diz meu pai e meu tio começa a rir.

—Sempre certinho e preocupado com tudo. Calma,Samuel! - diz minha sogra.

—Oi Luiza,como vai?

—Tudo ótimo,e a Amália?

—Está bem também.

Meus pais e meus sogros são casais trocados...essa é uma longa e louca história,é um milagre da sociedade moderna estarmos convivendo no mesmo espaço e os filhos estarem casados.

José Roberto disfarça e sai de perto de nós.

—Bem,vou dar uma volta por aí,enquanto meu cunhado infarta vendo o neto cavalgando.

......................

Eu fui atrás dela, Manuela. Vivo minha vida no Rio e tranquilamente,mas é só eu chegar aqui que o meu coração fica inquieto e eu odeio isso, odeio essa sensação. Estava observando Manu no estábulo, enquanto ela dava ordens aos funcionários com uma autoridade natural, não pude resistir à tentação de surpreendê-la, e me aproximei sem fazer barulho.

Quando ela se assustou e gritou, eu não pude evitar um sorriso. Ela se virou para mim, com os olhos arregalados e uma expressão irritada.

— Você me assustou!

Sinto-me atraído por sua beleza e sua personalidade forte,não sei o que dá em mim.

— Desculpe, não foi minha intenção - eu disse, tentando parecer inocente. - Você está tão concentrada no trabalho que não percebeu que eu estava aqui.

— O que você quer, José? Estou ocupada - ela disse, tentando se livrar de mim.

Mas eu não queria ir embora. Eu queria conversar com ela, eu queria estar com ela...

— Você não sai da fazenda há muito tempo, não é? Precisa sair mais, conhecer o mundo lá fora. Vai mais na capital, vejo mais a sua mãe e o Danilo por lá do que você.

Manu revira os olhos.

— Eu não tenho tempo para isso - ela foge do assunto e de mim.

— Você está muito bonita hoje, Manu. Aliás,você tem ficado mais linda a cada vez que vejo você.

Manu se irrita com a minha observação e tenta se afastar, mas eu a puxo suavemente pelo braço.

— Não vá embora tão rápido - eu disse a olhando nos olhos, essa situação entre nós já está me enlouquecendo.

Mas ela se solta .

— Eu não quero conversar com você, José. Por favor, me deixe trabalhar em paz.

— Ah, Manu... sempre foi tão teimosa, arredia, e quanto mais é assim ,mas eu gosto disso em você.

Eu a observei enquanto ela se afastava, sentindo-me atraído por ela de uma maneira que não podia explicar. Eu sabia que precisava ser cuidadoso, mas eu não podia evitar a sensação de que eu queria mais dela. Não desisto e vou atrás.

—Espera Manu!

—Sai de trás de mim encosto!

Eu dou uma gargalhada

—Por que foge tanto de mim?

—Porque você me incomoda!

A puxo pelo braço e grudo seu corpo no meu.

—De qual forma eu te incomodo?

Ela perde as palavras, e olha minha boca, aquele era o sinal que ela desejava o que eu também desejava,então a beijei surpreendentemente. No início, ela tentou se livrar, mas logo se rendeu ao beijo apaixonado. Por um momento, nos esquecemos de tudo ao redor e nos perdemos no momento, eu senti o coração bater mais rápido e a paixão tomar conta de mim.

Mas logo Manu se soltou e, com um sorriso malicioso, me empurrou na lama. Eu caí de surpresa e senti a lama fria e úmida em minha pele,olhei para cima e vi Manu rindo ao me ver coberto de lama e bosta de cavalo.

— Você mereceu isso! - ela gargalha

— Isso vai ter volta! - digo, rindo com sarcasmo

Manu sorri e se afasta, deixando-me limpar a lama. Eu a observei enquanto se afastava, sentindo uma mistura de raiva e atração . A tensão entre nós era palpável, e eu sabia que o beijo havia mudado algo entre nós. Apareço coberto de bosta e lama e todos me olham.

—Não digam nada, só vamos embora logo!

—Vai na caçamba, não entra no carro assim! - diz meu cunhado.

Subo na caçamba enquanto eles se despedem, e vejo Manuela rir da minha cara ao longe e faço um juramento para mim mesmo.

—Vai ter troco...ainda vou te domar, sua fera arredia!

......................

No domingo de sol brilhante ,na capelinha de Santo Antônio da nossa fazenda onde acontece a quermesse todos os anos, que foi palco dos noivados de Samuca e Aninha e do casamento do Teteu, nossa neta caçula, Alicinha será batizada.

Os parentes reunidos, e amigos íntimos estão juntos para esse momento especial.

—Ela é linda demais! O Biel é a cara do Mateus e ela a cara da mãe. - diz Ítalo enquanto caminhamos juntos até a igrejinha.

—Verdade. Então voltou para a cidade grande?

—É melhor para o tratamento da Sandy, as sessões de acupuntura e fisioterapia...e ficamos perto dos filhos e netos também.

—Com certeza. Por isso Tomás e eu desistimos de ficar aqui, as crianças sentiam muito a nossa falta.

Olhamos a movimentação da circulação das nossas famílias, olho para nossos pés caminhando lado a lado. Nos conhecemos desde crianças, a nossa história de vida se fundiu e hoje, somos avós dos mesmos netos,filhos de Pietro e da Ana Carolina.

—Quando o Lipe nos dará um bisneto ,hein Suzana? Ele é o nosso neto mais velho.

—Pois é. Não quer casar...A Melinda tem sentido vontade, ela é mais velha tem aquilo do relógio biológico.

—Hum...verdade. Carreira consolidada, agora está voltada para a vida pessoal e o Lipe está voltado para a carreira. Estão em desencontro.

—Em breve eles se acertam,nego velho.

—Tem razão, dona onça.

Chegamos à igreja e vemos a nossa neta Tati, linda demais! Alta para a idade,loira e cacheada, olhos verdes e uma beleza mestiça que lhe confere um ar exótico.

—Pietro não quer que ela continue a fotografar como modelo e Tomás o apoia,dois ciumentos. Ela me pediu ajuda,Suzana.

—A mim também, quando voltarmos à cidade vamos tentar resolver isso.

A cerimônia começa, Tomás e eu vemos mais um neto receber o batismo, Alicinha nos braços dos padrinhos Melinda e Levi, tem a água aspergida na cabeça e sorri.

Logo depois, celebramos com um grande almoço ao ar livre, naquele mesmo dia,Teteu partiu de volta à Espanha com a família e nosso coração ficou apertado.

—Nós vamos até lá vê-los em breve amor,não vamos ficar esse tempo todo sem o nosso filho e nossos netos.- Tomás me consola

—Eu sei amor, a distância castiga, mas criamos os filhos para isso. Baterem asas e voarem.

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Recadinho meus amores...

●Não abandone a leitura pelo caminho esperando concluir,sei que vocês ficam ansiosas, mas quando fazem isso eu não ganho bônus pelo trabalho a qual tanto me dedico 😢 Eu atualizo todos os dias, vale a pena acompanhar, depois pode ler com calma tudo de novo. Eu levo histórias gratuitas para vocês, que me retribuem com o seu acompanhamento diário. ❤️

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