Capítulo 4 – Uma Tarde Entre Amigas
As sacolas se acumulavam em torno das duas como se tivessem passado semanas no shopping — e, de fato, haviam perdido a noção do tempo. Luísa era incansável. Marianna, por outro lado, já não sabia onde enfiar a cara.
— Luísa, acho que já tá bom… — disse, segurando mais uma sacola com uma caixa de maquiagem caríssima. — Isso tudo deve ter custado uma fortuna…
— Ah, não começa com isso — Luísa revirou os olhos e sorriu. — Meu irmão me deu carta branca. E convenhamos, você precisava. Não dava pra ficar só com uma camiseta velha e um tênis furado, né?
Mariana sorriu, meio sem jeito, olhando para o vestido de linho branco que Luísa tinha escolhido para ela minutos antes. Era lindo demais. Elegante demais. Ela se sentia deslocada.
Passaram pela praça de alimentação e Luísa não deixou passar:
— Vamos comemorar o novo guarda-roupa da futura mãe do meu sobrinho com milk shakes. Chocolate duplo com chantilly?
— Pode ser — Mariana riu.
Sentaram-se em uma mesinha pequena, cercadas de sacolas luxuosas.
— Obrigada… de verdade — disse Mariana, tocando de leve a mão de Luísa. — Você nem me conhece, e ainda assim tá sendo incrível comigo.
— Eu sou boa de instinto. E o meu diz que você é especial. Só tá ferida, sabe? Mas vai florescer de novo — respondeu com doçura.
Mariana sorriu, e um silêncio confortável se instalou entre elas.
— E seus pais? — perguntou Luísa, curiosa.
— Moram fora do Brasil. Fui deixada aqui com os tios quando eles aceitaram uma proposta de trabalho na Europa. Nunca quis preocupá-los… então, escondi tudo o que passava. Achei que dava conta sozinha.
— Você é mais forte do que imagina, Mari.
— Já ouvi isso hoje — ela sorriu lembrando de Gabriel. — Eu… também tive um namorado. Só um. Achei que era amor. Perdi minha virgindade com ele. E descobri que me traía com minha melhor amiga. Ou ex-amiga, né.
Luísa arregalou os olhos.
— Que babaca! A gente precisa queimar uma foto dele ou algo assim?
As duas caíram na risada.
— Obrigada por hoje, Luísa. De verdade.
— Já somos amigas, viu? Pode me chamar de Lu.
De Volta ao Apartamento
O céu já estava em tons rosados quando Luísa parou o carro na frente do prédio.
— Se cuida, tá? Qualquer coisa, me liga.
— Tá bom, Lu. Boa noite.
Mariana entrou com as sacolas nos braços, o coração leve pela primeira vez em muito tempo. Deixou tudo no quarto, tomou uma água e olhou o celular.
📞 Gabriel: “Estou indo aí.”
O coração dela disparou.
Será que é hoje?
Será que ele quer começar… agora?
Olhou para o relógio. Tinha pouco tempo. Foi até a cozinha, separou taças de vinho branco, uma massa fresca, algumas velas que havia visto no armário e montou a mesa na varanda da forma mais delicada que conseguia. Depois correu para o banheiro.
Ligou o chuveiro. A água quente a abraçou. Ela lavava o corpo com calma, mas a mente era puro turbilhão.
Vestiu uma lingerie nova que Luísa escolhera para ela — algo delicado, vinho, bonito sem parecer forçado. Por cima, o vestido branco simples, leve e elegante. Prendeu o cabelo num coque solto e passou um pouco da maquiagem nova.
Look
Olhou-se no espelho. Pela primeira vez em semanas, viu uma mulher. Uma mulher machucada, sim. Mas de pé.
Será que é hoje?
Será que ele vai querer me tocar?
Será que eu vou conseguir…?
A campainha tocou.
O coração dela bateu forte.
Era hora de encarar o acordo.
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Atualizado até capítulo 73
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