Capítulo 2 – Proposta Irrecusável
Gabriel entrou com Mariana desacordada em seu apartamento da Zona Sul — um lugar que guardava para os dias em que queria fugir do mundo. De frente para o mar, janelas de vidro do chão ao teto, silêncio absoluto. Era ali que se permitia lembrar que era apenas um homem, e não o império que construíra.
Colocou-a com cuidado no sofá e correu para buscar um copo d’água. Quando voltou, ela começava a despertar, com o olhar perdido, assustada.
— Você está bem? — ele perguntou, de joelhos diante dela.
— Onde…. onde eu tô?
— Em segurança. Você desmaiou na rua. Achei melhor te trazer pra cá. Já ia chamar um médico, mas… — ele hesitou — parece que você só precisava comer.
Ela assentiu, envergonhada. Encostou-se no encosto do sofá, o estômago revirando não só pela fome, mas pela angústia.
— Qual seu nome? — ele perguntou, observando cada detalhe de seu rosto cansado, mas bonito.
— Mariana — respondeu com a voz rouca.
— Gabriel — ele disse, oferecendo a mão. — Quer tomar um banho? Tem roupas limpas aqui, se quiser. Depois eu preparo algo pra você comer.
Ela hesitou, mas o olhar dele era sereno. Não havia malícia. Não havia pressa.
Minutos depois, já de banho tomado e vestindo uma camiseta dele que quase ia até os joelhos, Mariana surgiu na cozinha improvisada do apartamento.
— Pode se sentar — disse ele, servindo uma sopa quente, pão e suco natural. Ela comeu devagar, como quem não queria parecer desesperada, mas Gabriel percebia tudo.
Aquela garota estava quebrada. E, mesmo assim, havia algo nela que o prendia.
Depois do jantar, os dois sentaram no sofá. Ela contou tudo oque havia acontecido. O silêncio pairou por alguns minutos, até que ele soltou a pergunta.
— Mariana… posso te fazer uma proposta?
Ela franziu a testa, desconfiada.
— Que tipo de proposta?
— Um acordo. Um contrato. Eu venho procurando há algum tempo… uma mulher para ser barriga de aluguel. Já passei por várias entrevistas, perfis, agências. Nenhuma parecia certa. Mas você…
— Eu?
— Você não tem ideia de como é perfeita pra isso.
— Eu nem sei o que dizer — ela sussurrou, segurando a respiração.
— Você parece sozinha e me disse que perdeu o emprego. Eu poderia oferecer estabilidade, conforto… e um milhão de reais no nascimento do bebê.
Ela arregalou os olhos.
— Um milhão…?
Ele assentiu.
— O contrato é claro. Você vai morar aqui durante toda a gestação. Não terá contato com a criança após o parto. E, sim… o bebê será feito de forma natural.
— Natural… — ela repetiu, quase sem voz. — Você quer dizer…?
— Sim. Sexo. Sem romantismos. Sem complicações. Sem envolvimento emocional. Nem você por mim, nem você pelo bebê.
Ela mordeu o lábio, inquieta. Seu corpo tremia. E, por fim, ela explodiu.
— Você tem ideia do dia que eu tive? — os olhos se encheram de lágrimas. — Eu fui expulsa de casa por denunciar meu tio, que me abusava há anos. Fui chamada de mentirosa. Fui mandada embora do trabalho porque me defendi de um nojento. Eu… eu não tenho nada, Gabriel. Nada!
Ele não disse uma palavra. Apenas se levantou, foi até a mesa de canto e voltou com um envelope.
— Aqui está o contrato. Leia com calma. Não precisa decidir agora, eu sinto muito por você e por tudo que passou, Mas eu quero te ajudar. Quero que pense nisso como um acordo. Um recomeço.
Ela pegou o envelope com as mãos trêmulas.
— E se eu não conseguir… não me desligar? — sussurrou. — E se eu me apegar ao bebê? Ou… a você?
Gabriel olhou fundo em seus olhos.
— Não pode. Não deve. Isso não é uma história de amor, Mariana. É um contrato. Nove meses. E depois… cada um segue sua vida.
Ela abaixou os olhos, sentindo o peso daquela decisão engolir qualquer dúvida. Era frio, era direto. Mas… era a única chance que ela tinha.
E naquele momento, entre o medo e a necessidade, Mariana assinou o destino com as próprias mãos.
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Atualizado até capítulo 73
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