Capítulo 3 – Primeiras Impressões
O sol já havia se escondido no horizonte quando Mariana saiu do banho pela segunda vez no dia. Estava mais calma, os cabelos úmidos caindo nos ombros, os pés descalços tocando o piso frio do apartamento luxuoso.
Gabriel estava na cozinha, de avental e mangas arregaçadas, preparando o jantar como se aquilo fosse parte da sua rotina. Mas não era. Ele raramente cozinhava. Aquilo era… inusitado até para ele.
— Achei que milionários jantassem em restaurantes caros — ela comentou com um meio sorriso, recostada na bancada.
Ele a olhou de lado, sem tirar os olhos da frigideira.
— Às vezes, cozinhar é mais terapêutico do que assinar contratos milionários.
— Não imaginava você do tipo terapeuta.
— E eu não imaginava encontrar uma mulher como você desmaiando nos meus braços no meio da rua.
Mariana baixou o olhar, envergonhada. Gabriel notou.
— Ei — disse em tom mais suave. — Não foi uma crítica. Foi um sinal. Do destino, talvez.
Ela não respondeu. Apenas observou em silêncio enquanto ele terminava de montar os dois pratos.
Jantaram em clima calmo, quase íntimo, trocando poucas palavras, mas muitos olhares. Mariana ainda não havia tomado a decisão final, mas tudo dentro dela gritava por uma chance. Por um recomeço.
— Vou deixar você descansar — ele disse, ao terminar. — Esse lugar é todo seu agora. Meus irmãos estão passando o fim de semana na minha casa, então aproveitei para vir pra cá. Mas amanhã você já vai precisar fazer os exames com a médica que trabalha comigo.
— Tudo bem.
Ele ficou parado por alguns segundos, como se quisesse dizer algo mais… mas apenas pegou o paletó e caminhou até a porta.
— Mariana?
— Sim?
— Você é mais forte do que pensa. E… não precisa mais passar por nada sozinha.
Ela sentiu um nó na garganta com aquelas palavras. Apenas assentiu, e ele foi embora.
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Casa da Família Ferraz – Mais tarde naquela noite
Gabriel entrou na casa dos pais, onde morava com os irmãos desde que o avô ficara doente. Encontrou Luísa jogada no sofá com um livro aberto sobre o rosto e Gustavo digitando algo no notebook.
— Olha quem apareceu — disse Gustavo. — Pensamos que tinha fugido do país.
— Eu encontrei uma mulher — disse Gabriel, sem rodeios.
Luísa retirou o livro do rosto, arregalando os olhos.
— Você o quê?
— Calma, não é o que estão pensando — ele suspirou. — Ela estava passando mal, desmaiou na rua. Levei ela pro meu apartamento. Conversei com ela. Fiz a proposta.
— A proposta da barriga de aluguel? — Gustavo ergueu uma sobrancelha.
— Sim. Ela… ainda tá pensando. Mas a situação dela é complicada. Sozinha, sem casa, sem emprego. Uma história pesada.
— Eu quero conhecê-la — disse Luísa, já empolgada. — Quero ver se ela é digna de gerar meu futuro sobrinho!
Gabriel riu.
— Amanhã levo ela pra fazer os exames. Você pode ir junto se quiser.
— Óbvio que vou.
No dia seguinte – Consultório médico
Gabriel estacionou o carro em frente à clínica particular e olhou para Mariana, que estava no banco do passageiro, com os cabelos presos em um coque improvisado e uma expressão tensa.
— Vai dar tudo certo — ele disse, antes de descer.
Mariana assentiu em silêncio.
Luísa desceu do banco de trás com um sorriso largo e estendeu a mão para ela.
— Oi! Você deve ser a Mariana! Eu sou Luísa, irmã do Gabriel. Prazer em te conhecer!
— Prazer… — Mariana respondeu timidamente.
— Eu sou péssima com formalidades, mas ótima em escolher roupas. Depois disso aqui, você tá por minha conta, ok?
Mariana forçou um sorriso, sem saber se devia agradecer ou correr.
Na clínica, a médica fez os exames de rotina, colheu sangue e explicou os próximos passos para a fertilização — já que, por contrato, o processo seria natural.
Gabriel parecia ainda mais sério do que de costume. Mariana tentava fingir que estava tranquila, mas por dentro, era só caos.
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Almoço em Família
Após os exames, os três almoçaram juntos em um restaurante aconchegante.
Luísa e Mariana conversavam como se já se conhecessem há anos. Gabriel as observava de longe, admirando o jeito leve da irmã e a forma como Mariana aos poucos baixava a guarda.
— Então… você fazia faculdade de arquitetura? — Luísa perguntou.
— Sim. Quarto semestre. Mas agora… nem sei se vou conseguir continuar.
— Vai conseguir sim — Luísa respondeu com convicção. — Com meu irmão bilionário bancando tudo, você pode até construir sua própria faculdade se quiser!
Mariana riu, e Gabriel também.
Depois do almoço, Gabriel se despediu:
— Preciso ir para o escritório. Lu, cuida dela pra mim?
— Pode deixar — ela piscou.
Shopping – Mais tarde
Luísa levou Mariana ao shopping e fez questão de acompanhá-la em cada loja.
— Pode escolher o que quiser. Gabriel disse pra não economizar — disse Luísa, empurrando um carrinho com roupas e bolsas.
Mariana pegou uma blusa tímida e disse:
— Não sei nem como agradecer…
— Não precisa. Só precisa entender que agora você não está mais sozinha, Mari. De verdade.
Mariana segurou as lágrimas. Pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se acolhida. E mesmo que tivesse entrado nessa por desespero, talvez… só talvez… não fosse tão impossível assim criar laços.
Mesmo que isso não estivesse no contrato.
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Atualizado até capítulo 73
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