O carro da segurança mal entrou no hospital e eu já abria a porta, sem esperar que ele parasse.
Saltei com ela nos braços, o corpo leve demais, o sangue quente ainda escorrendo pela minha roupa, tingindo meu peito como uma maldição.
Felipe - PRECISO DE SOCORRO! — minha voz ecoou no pronto-socorro. — AGORA! AGORA!
Os enfermeiros correram. Dois médicos vieram empurrando uma maca. Eu não queria soltá-la, não conseguia soltar.
Victor - Ela foi baleada na cabeça! — Victor gritou atrás de mim. — Perdeu muito sangue. Precisa de neuro imediatamente!
— Felipe… — um dos médicos tentou me afastar — …a gente cuida daqui.
Mas eu…
Eu não queria sair.
Felipe- EU VOU COM ELA! EU NÃO VOU SOLTAR! — gritei, a voz falhando, desesperada.
Eles me afastaram com força, e quando a empurraram corredor adentro, a cabeça dela virou levemente para o lado.
Os olhos estavam fechados.
O mundo… caiu.
Me deixei desabar no chão frio daquele hospital, com os joelhos firmes, os punhos cerrados contra a testa, como se aquilo me mantivesse inteiro.
Mas eu não estava inteiro.
Eu tava em pedaços.
Sangrando por dentro.
Morrendo com ela.
Victor se agachou ao meu lado. Não disse nada. Apenas me entregou o celular.
Victor - Karolaine tá ligando. Quer saber se ela tá bem.
Felipe - Não atende — sussurrei.
Felipe - Não ainda.
Eu não tinha forças pra falar. Pra explicar. Pra dizer que a mulher da minha vida estava naquela sala, lutando pela própria existência porque um psicopata que devia estar morto há muito tempo ousou tocá-la de novo.
Levantei com esforço, fui até a recepção.
As enfermeiras me olharam como se vissem um homem em ruínas.
Felipe - Eu quero notícia. Agora. — falei, com a voz rouca e os olhos vermelhos.
Felipe - Eu sou Felipe Castellani. E a mulher que entrou aqui comigo… é minha vida.
Todos me pediam calma mais como eu poderia me acalmar se Angelina estava entre a vida e a morte ?
O tempo ali dentro não seguia regra.
Minutos eram horas. Horas eram eternas.
Eu andava em círculos pelo corredor, com as mãos nos cabelos, a camisa encharcada de sangue seco, as lembranças da cabana me matando aos poucos.
Cada gemido dela.Cada lágrima.O instante em que ela se jogou entre mim e a bala.
Ela sabia.
E mesmo assim… ela escolheu.
A porta da sala de cirurgia se abriu. Um médico saiu.A expressão dele era neutra demais. Isso me deixou em pânico.
Felipe - ELA TÁ BEM? — corri até ele. — FALA COMIGO! ELA SOBREVIVEU?
Ele respirou fundo.
— A bala pegou de raspão, mas muito próxima da têmpora. Houve sangramento interno. Estamos drenando o hematoma agora. Ainda é cedo pra dizer qualquer coisa.
Felipe - MAS ELA VAI VIVER?
Ele me olhou.
Sério. Direto.
— Nós vamos lutar por ela, senhor Castellani. Mas agora… ela precisa querer ficar.
Querer ficar.
Me apoiei na parede, com os olhos fechados e os punhos cerrados.Angelina… se você me ama como eu sei que ama…
Luta… Luta por mim… Por nós.Porque se você se for…eu vou junto.
O corredor estava frio.Ou talvez fosse eu.
O banco duro, as luzes brancas, os pés inquietos. Tudo parecia longe. Surreal. Como se eu estivesse em outro tempo, outro lugar.
Mas o sangue seco na minha camisa e o vazio entre os braços me lembravam…Ela ainda estava lá dentro.E podia não voltar.
O celular não parava de vibrar no meu bolso.
Dez chamadas perdidas. Quinze.
Karolaine.
Suspirei fundo. A última coisa que eu queria era falar. Explicar. Ouvir a dor na voz de alguém que também amava a mulher que estava, agora, entre a vida e a morte.
Mas ela merecia saber.
Atendi.
Karolaine - Felipe? — a voz dela veio tensa, apressada. — Por que você não atendeu antes? Tô ligando há horas! Eu já tô em Milão. Tô com a Dona Celina.
Fechei os olhos e respirei fundo, o coração dando um salto no peito.Dona Celina. A mãe dela.
Meu Deus.
Felipe - Karolaine… — falei baixo, tentando manter a voz firme.
Felipe- Eu tô no hospital.
Silêncio do outro lado.
Karolaine - O quê? Como assim? O que aconteceu? Cadê a Angel?
Engoli em seco, sentindo a garganta fechar.
Felipe - Eu a encontrei… Eduardo estava com ela… — minha voz falhou por um segundo. — Ele a fez de refém. Tentou matar. E… ela levou um tiro. Na cabeça.
Karolaine - NÃO… — o grito de Karolaine veio abafado, um soluço logo atrás. — NÃO, MEU DEUS… ELA… ELA TÁ VIVA?
Felipe - Tá. Mas… tá mal. Ainda na sala de cirurgia. Os médicos disseram que agora depende dela… que ela precisa querer ficar.
Mais um silêncio.Só que agora era cheio de lágrimas do outro lado da linha.
Karolaine - A Celina tá aqui comigo… ela ainda não sabe de nada. Eu disse que você ia buscá-la, que estavam no caminho… Meu Deus, Felipe… o que eu vou dizer pra ela?
Felipe - Nada. — falei rápido. — Não agora. Eu vou esperar o médico sair. Eu… eu mesmo falo com ela. Não quero que ela ouça isso de ninguém além de mim.
Karolaine chorava baixo do outro lado. E eu…
Eu olhava pra porta daquela maldita sala como se minha alma estivesse presa do outro lado dela.
Karolaine - Felipe… — ela sussurrou. — Você acha que ela vai sair dessa?
Meus olhos se encheram de lágrimas pela primeira vez desde que tudo começou.
Felipe - Eu não sei, Karol.Mas eu… eu não sei viver num mundo onde ela não esteja.
O tempo não passava.E enquanto a porta da UTI seguia fechada…Meu coração gritava uma coisa só:
Fica comigo, Angel.
Por favor.
Fica.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Anamaria Dos Santos
ai não deixa ela em coma não nem perder a memória
2025-07-30
0
Liliane Ramiro
ela vai voltar forte.
2025-07-30
0
Vanildo Campos
😭😭😭😭😭
2025-07-30
0