Narrado por Felipe Castellani
A porta da cabana era velha, frágil, mas não mais frágil do que o controle que eu lutava pra manter desde que saí do carro.Victor e a equipe estavam cercando pelos fundos. Eu vim pela frente.
Sozinho.Como ele queria.Como eu precisava.
A primeira coisa que senti foi o cheiro. Umidade, sujeira, madeira podre. O tipo de lugar onde gente doente se esconde.Mas entre tudo isso… eu senti o perfume dela. Fraco, misturado ao suor e ao medo. Mas ainda dela.
Meu corpo inteiro reagiu.
Empurrei a porta devagar, a arma firme na mão, os olhos varrendo o interior da cabana com precisão.
E então eu a vi.
Angelina.
Sentada no chão, os pulsos amarrados, o rosto machucado.Mas os olhos dela…
Ainda eram meus.
Dei um passo.
Felipe - Amor… — minha voz saiu grave, contida, mas embargada de alívio.
Felipe - Tô aqui.
Angelina - Felipe… — ela sussurrou, os olhos marejando, o peito arfando.
Angelina - Ele…
Foi tudo em um segundo.
Um único segundo.
Eduardo surgiu de um canto escuro como um rato, com a arma já apontada para a cabeça dela. Agarrou-a pelos ombros, puxando seu corpo contra o dele, com o cano cravado contra a têmpora dela.
Eduardo - Não dá mais um passo! — gritou, ofegante, enlouquecido.
Eduardo - Ou eu explodo a cabeça dela agora mesmo!
Parei.
O dedo deslizou pelo gatilho da minha arma, mas eu não atirei.
Porque ela estava ali. No meio. No centro do meu peito. No centro da mira.Meus olhos se cravaram nos dela. Ela estava assustada, mas firme.
Ela confiava em mim.
Felipe - Você não vai fazer isso — falei, calmo, mas com o ódio fervendo sob a pele.
Felipe - Porque se você encostar um dedo nela, eu juro por tudo o que me resta… que eu não vou atirar pra matar. Vou te fazer implorar.
Eduardo riu. Um riso quebrado, com saliva nos lábios, um olhar demente.
Eduardo - Você acha que me conhece? Acha que é o único homem capaz de amar essa mulher? — apertou o braço dela com mais força, e ela gemeu de dor.
Eduardo - Eu amei ela primeiro. Você só apareceu depois, com dinheiro, poder, promessas…
Felipe - Você não amou ninguém. — minha voz saiu cortante.
Felipe - Você tentou possuir. Você quis controlar. E agora, tá cercado… e desesperado.
Dei um passo à frente.Ele engasgou no próprio ódio.
Eduardo - Mais um passo e eu juro que atiro!
Angelina fechou os olhos por um segundo, como se sentisse que aquele momento estava no limite.
Angelina- Felipe… — a voz dela quebrou o ar.
Angelina - Eu confio em você.
Tudo em mim parou.Era só isso.Tudo o que eu precisava ouvir.
Levantei as mãos devagar, abaixando a arma.
Felipe - Me leva no lugar dela. Você me quer, não quer? Então solta ela. E faz o que quiser comigo.
Eduardo - Cala a boca! — ele gritou, sacudindo-a.
Eduardo - Você acha que isso aqui é algum filme idiota? Acha que vou cair nessa?
De trás da cabana, ouvi um ruído sutil. Victor se aproximando.Mas eu não podia contar com isso.
Era agora. Ou nunca.
Meu olhar voltou pra ela.
E os olhos dela me disseram tudo.
Ela estava pronta.
Mesmo com o cano da arma na cabeça.
Mesmo machucada.Ela era a mulher mais corajosa que eu já conheci.
Felipe - Eduardo — sussurrei, com a voz mais gelada que já usei na vida — …se você puxar esse gatilho, eu juro por Deus… que você vai morrer com dor. Muita dor.
Ele hesitou.
Foi o suficiente.
Angelina se moveu de leve. Uma inclinação mínima, mas o bastante pra desestabilizá-lo por um segundo.
E naquele segundo, eu disparei.
O som do disparo cortou o ar com violência.
Vi o corpo de Eduardo cambalear com o impacto. O tiro atingiu o ombro dele de raspão, arrancando sangue e um grito de dor. Mas ele não caiu. O desgraçado ainda estava de pé furioso, enlouquecido.
Angelina foi jogada para o lado com o movimento brusco, o corpo dela caindo com força contra o chão de madeira. Eu corri até ela, o coração despencando no peito.
Felipe - Angel! — me ajoelhei ao lado dela, puxando-a com cuidado, os olhos dela tentando se manter abertos.
Felipe - Você tá bem? Você tá comigo agora… eu tô aqui.
Angelina - Felipe… — ela murmurou, os olhos brilhando de medo e alívio, os pulsos ainda presos pelas amarras.
Não tive tempo… Eduardo me puxou pela camisa, me jogando com brutalidade contra o chão. A cabeça bateu contra a parede e tudo girou por um segundo.
Ele caiu por cima de mim, socando meu rosto com fúria cega.
Eduardo - VOCÊ ARRUINOU TUDO! — ele berrava.
Eduardo - ERA PRA ELA SER MINHA! SEMPRE FOI PRA SER EU!
A raiva me deu força.
Segurei o braço dele, o joguei pro lado e o empurrei contra o chão. Nós dois rolamos, lutando como dois animais selvagens. Socos. Chutes. Cotovelos.O sangue dele misturando com o meu.
De repente, a porta estourou.
Victor entrou armado.
Victor - Atrás! — ele gritou, e foi até Angelina, se ajoelhando rápido ao lado dela.
Victor - Calma, senhorita .. Eu tô aqui. Vamos tirar você disso agora. — ele puxava as cordas, cortando com o canivete de emergência.
Mas meu foco continuava em Eduardo.
Eu o prendi contra a parede, a mão na garganta dele, a arma caída no chão a poucos centímetros.
Angelina estava livre agora, mas fraca. Tentava se levantar com a ajuda de Victor.
Felipe - Eu vou acabar com você — rosnei. — Aqui. Agora.
Eduardo olhou pra mim com os olhos vermelhos de fúria… e então seus dedos deslizaram discretamente em direção à arma caída no chão.
Angelina viu antes de mim.
Angelina - FELIPE! — ela gritou, com a voz desesperada. — CUIDADO!
Ele agarrou a arma. Eu tentei me virar.
Mas ela… ela se colocou no meio.
Angelina: — Para, Eduardo! POR FAVOR, PARA! Isso tem que acabar!
Ele ergueu a arma, tremendo, os olhos vidrados nela.
Eduardo - Você destruiu a minha vida… — ele sussurrou.
Eduardo - E agora, eu vou destruir a sua.
O disparo veio antes de qualquer um reagir.
O som explodiu dentro da cabana.E então… o mundo parou.
Angelina caiu.
O corpo dela desabou no chão com um baque surdo. A cabeça tombou de lado, o sangue começando a se espalhar sob seus cabelos.
Felipe - NÃO! — meu grito veio de dentro do meu peito, rasgando o ar, a alma, tudo.
Victor atirou.
Um… dois… três tiros diretos em Eduardo, que caiu sem reação, sem grito, morto no chão.
Mas eu não vi.Não ouvi.Só conseguia olhar pra ela.
Angelina.
Deitada.
Sangrando.
Sem se mexer.
Me arrastei até ela, as mãos sujas de sangue, meu corpo todo tremendo.
Felipe - Angel… meu Deus, Angel, olha pra mim… FALA COMIGO! — a segurei nos braços, o rosto dela pálido, a respiração mínima.
Felipe - VICTOR! CHAMA! CHAMA AGORA! ELA NÃO PODE… NÃO PODE ME DEIXAR!
Mas ela não respondeu.
Os olhos dela… estavam fechando.
E eu…
Eu tava quebrando por dentro.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
luciane souza
Ai jesus que agonia 😭😭😭😭😭
2025-07-30
0
gata
😱
2025-08-01
0
Liliane Ramiro
😭😭😭😭😭😭😭😭😭
2025-07-30
0