Narrado por Felipe Castellani
O carro rasgava a estrada como se tivesse fome.
E talvez tivesse.Fome de sangue.Meu coração batia mais rápido que o motor, e a imagem dela não saía da minha cabeça.
Angelina.
Amarrada.
Com aquele olhar que só ela tinha.
Desafiador. Quente. Machucado.
Mas vivo.
Eu queria gritar. Quebrar tudo.
Mas se eu perdesse o controle agora…
Perdia ela também.
Felipe - Victor, atualizações. — minha voz saiu seca, firme. Não tinha espaço pra dúvida.
Victor. Rastreamos o último sinal do celular dela até uma estrada secundária. Depois disso, entrou em zona morta. Sem sinal, sem câmeras. Mas estamos rastreando os pneus. Equipe aérea sobrevoando o perímetro.
Felipe - E a polícia?
Victor - Ainda não. Como você mandou.
Assenti. Não era hora de envolvimento oficial. Não ainda. Eduardo tinha que achar que estava no controle. Que tinha a vantagem.
Ele não tinha nada.
Apertei o celular entre os dedos. A tela ainda aberta com a imagem que recebi minutos atrás.
Angelina. Naquele maldito cativeiro.
Com medo? Talvez.Mas o olhar dela me dizia outra coisa.
Ela acreditava que eu ia chegar.
E eu ia.
Peguei o telefone e disquei. Chamava… chamava…
Nada.
Joguei o celular no banco do carona com força.
Felipe - Ele tocou nela… — murmurei, sentindo a raiva escalar pelo meu corpo.
Felipe - Ele teve a ousadia de tocar nela de novo.
Victor não disse nada. Inteligente. Sabia que eu estava a segundos de perder a razão.
Felipe - Se ele machucou ela, Victor… — fechei os punhos.
Felipe - Eu não só acabo com ele. Eu apago o sobrenome inteiro.
O rádio zumbiu.
— Central pra Equipe Bravo. Drone identificou movimentação em uma cabana velha, próxima à represa desativada. Uma mulher foi vista sendo arrastada pra dentro por um homem. Câmeras confirmam identidade. É ela.
Meu corpo congelou por um segundo.
Felipe - Localização exata, agora. — exigi.
Victor já puxava o mapa.
Victor -Temos dois acessos. Entrada principal por trás da represa e uma trilha fechada pela frente.
Felipe - Eu vou pela frente. — informei, já abrindo a porta.
Victor - Felipe, você não sabe o que vai encontrar lá. Ele pode estar armado.
Felipe - E eu tô carregando o inferno inteiro dentro de mim. Ele que se preocupe.
Victor - Vai sozinho?
Felipe - Vai ser mais rápido. Vocês cercam por trás. Esperem meu sinal. E se eu não sair com ela… — olhei direto nos olhos dele — …vocês entram atirando.
Desci do carro com passos firmes, cada músculo pronto pra guerra.
Ela me esperava.Eu sentia.Ela podia estar com medo, mas não estava quebrada.
E eu…
Eu nunca estive tão pronto pra matar.
Narrado por Angelina Novak
A madeira do chão estava úmida. O cheiro mofado impregnava o ar como uma lembrança podre do que aquele lugar representava.Eu estava amarrada braços presos atrás do corpo, os tornozelos apertados com algo que cortava minha pele a cada tentativa de me mexer.
Mas não era isso que me assustava.
Não mais.
Era o silêncio.O tipo de silêncio que precede alguma coisa ruim.Eduardo não estava no cômodo. Tinha saído fazia pouco tempo, depois de derramar uma garrafa de água no chão e dizer que aquilo era “tudo o que eu merecia por ter rejeitado ele”.
Ele estava diferente.Mais cruel.Mais quebrado.
Mais perigoso.
Minha bochecha ainda ardia do tapa que ele me deu no carro.E mesmo com o rosto inchado e o sangue seco perto da boca, minha cabeça só conseguia repetir uma coisa:
Felipe vai vir.
Ele vai me encontrar.
Porque se tem uma coisa que eu aprendi com ele, é que promessas feitas entre dois corações machucados são mais fortes do que qualquer obstáculo.
Ele prometeu.Que não deixaria ninguém mais me tocar.Que eu nunca mais estaria sozinha.E mesmo aqui, nesse lugar esquecido, gelado e escuro, eu sentia ele chegando.
Meu peito apertava, mas não era medo.
Era antecipação.
Me ajeitei o máximo que consegui no canto da parede. Estava fraca, com fome, com dor… mas não quebrada.
Eu não ia dar isso pra Eduardo.
Ele entrou de novo alguns minutos depois. Passos lentos, braços cruzados, como se fosse dono do mundo.
Eduardo - Tá sentindo falta dele, não tá? — perguntou com aquele tom cínico.
Ergui o olhar pra ele, com dificuldade, mas sem desviar.
Angelina - Ele vai acabar com você, Eduardo. Você só adiou o inevitável.
Ele se ajoelhou na minha frente, pegando meu queixo com força.
Eduardo - Você acha que ele te ama? Acha que ele vai vir? Sabe quantas vezes homens como ele abandonam mulheres como você?
Sorri. Um sorriso fraco, com gosto de sangue.
Angelina - E sabe quantas vezes homens como você caem de joelhos quando ele chega?
Ele me soltou com violência e se levantou, irritado.E naquele instante, eu soube.Ele estava perdendo o controle.E eu estava ganhando tempo.
Porque Felipe não demorava.
Felipe agia.
A porta da frente da cabana estalou com o vento.Ou talvez não fosse vento.Talvez fosse o destino empurrando o inferno pela porta.
E quando ouvi um som abafado lá fora madeira rangendo, um vulto atravessando pelas árvores
meu coração parou.
Um segundo de silêncio.Um segundo de fé.
E então… um tiro.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
gata
Vixi o que é isso 😳 iniciando 31/07/2025
2025-08-01
0
Liliane Ramiro
eita lasqueira 😱😱😱😱😱
2025-07-30
0
Vanildo Campos
😱😱😱😱😱😱😱
2025-07-30
0