Capítulo 2 - Primeiras impressões

O sol ainda bocejava atrás das nuvens quando Luna foi despertada por três batidas secas na porta do pequeno quarto dos fundos.

— São cinco e meia. Madeleine quer você pronta em dez minutos — disse uma voz masculina.

Ela sentou-se na cama estreita, ainda com os olhos pesados de sono. O colchão era duro, o cobertor fino, mas ela não reclamaria. Não podia.

Vestiu o uniforme preto com o avental branco que Madeleine havia deixado na noite anterior. Prendeu os cabelos em um coque simples e calçou os sapatos confortáveis. Quando se olhou no espelho redondo preso à parede, viu uma versão de si mesma que ainda estava se ajustando a esse novo mundo.

Descendo as escadas dos fundos, chegou até a cozinha principal, onde já havia movimento. O cheirinho de café fresco se misturava ao som de panelas sendo organizadas.

— Luna, certo? — disse uma mulher mais velha, de olhos vivos e rosto redondo. — Sou Tereza, a cozinheira da casa. Bem-vinda ao hospício.

Luna riu, mesmo sem saber se era brincadeira ou aviso.

— Obrigada. Prazer em conhecê-la.

— Vai precisar mais de força do que de sorte por aqui, menina.

Enquanto isso, Madeleine surgiu como uma sombra silenciosa, os braços cruzados e os olhos afiados.

— A cozinha não é o seu setor, Santiago. Você é responsável pelo primeiro andar. Salas, hall principal, banheiro de visitas, academia e a biblioteca. Quero tudo impecável antes das oito. O Sr. Vilela desce às nove em ponto. E não tolere erros. Entendido?

— Sim, senhora.

Madeleine se afastou sem esperar resposta. Tereza apenas ergueu as sobrancelhas como quem dizia coragem e voltou a cortar frutas com a precisão de quem já viu muitos começos… e muitos finais.

Luna começou o trabalho em silêncio, com a firmeza que o nervosismo tentava sabotar. Cada superfície que limpava, cada móvel que organizava, era um esforço para se manter invisível. E eficiente.

A mansão parecia ainda maior por dentro. Havia uma grandiosidade que a fazia sentir pequena, mas também determinada. Ela não estava ali para se encantar. Estava para lutar por sua sobrevivência, como sempre fizera.

Enquanto polia a mesa da biblioteca, pensou em sua mãe.

Dona Joana havia sido empregada doméstica por trinta anos no Brasil. Morreu cedo, de um câncer silencioso, e Luna prometeu a si mesma que honraria o legado dela. Não com lamento, mas com dignidade.

“Eu só não quero morrer no mesmo lugar onde nasci sem tentar mudar a história”, ela dizia, nos dias em que faltava arroz, mas sobrava esperança.

Foi com essa força que atravessou oceanos, enfrentou a saudade e chegou até ali.

— Você é a nova? — uma voz masculina perguntou atrás dela.

Luna se virou. Um rapaz de sorriso fácil, uniforme preto e avental, segurava um aspirador desligado.

— Sou, sim. Luna.

— Diego. Faço manutenção e apoio aqui no primeiro andar. Se precisar de ajuda com os equipamentos, é só chamar. Mas só isso, tá? Madeleine é ciumenta.

Ela sorriu. Era bom ver um rosto leve em meio à rigidez da mansão.

— Obrigada, Diego. Eu me viro bem, mas aviso se algo travar.

— Bom saber. O pessoal daqui demora pra confiar, mas você me parece… diferente.

— Diferente como?

— Como alguém que sabe mais do que mostra.

Ela riu, surpresa. E antes que pudesse responder, ouviu passos firmes no corredor.

Os dois se viraram ao mesmo tempo.

Bernardo.

O CEO descia as escadas com uma presença que fazia o ar parecer mais denso. Usava calça social cinza escura e camisa branca dobrada até os antebraços. Os cabelos estavam ligeiramente bagunçados, como se recém-saído do banho.

Luna baixou os olhos rapidamente, voltando à limpeza da mesa. Mas sentia. Sentia o olhar dele cravado nela.

Bernardo passou devagar, sem dizer palavra. Diego ficou estático, como se congelado.

— Ele é assim sempre? — Luna perguntou, baixinho, depois que ele sumiu no corredor.

— Pior. Hoje até que tá calmo — respondeu Diego. — Dizem que ele já mandou três funcionários embora só por ouvirem música.

— E ninguém questiona?

— Quem vai? Ele paga bem. E tem olhos em todo lugar. A casa parece ter câmeras invisíveis.

Luna respirou fundo. Ela não tinha vindo até ali para medir forças com ninguém, mas não abaixaria a cabeça por qualquer um nem por um CEO mal-humorado.

Mais tarde, enquanto limpava o chão da academia, ouviu a porta se abrir.

Bernardo.

De novo.

Agora vestia uma regata preta e uma bermuda de treino. Os braços fortes, veias marcadas, expressão focada. Ela desviou o olhar rápido, mas não conseguiu evitar o calor que subiu pelo rosto.

Ele não disse nada. Pegou os halteres e começou a série de exercícios, como se ela não estivesse ali. Ou talvez… exatamente porque ela estava.

A cada movimento dele, Luna sentia seu autocontrole ser testado.

O que você está fazendo, mulher? Concentra!

Terminou de passar pano no último canto e foi sair da sala, mas ouviu a voz dele firme, sem olhar para ela:

— Você está fazendo um bom trabalho.

Ela parou.

Virou-se devagar, surpresa.

— Obrigada, senhor Vilela.

Ele apenas assentiu. Sem sorrisos. Sem emoção.

Mas Luna sabia reconhecer um elogio velado quando via um.

E por mais que tentasse não se afetar… o coração dela bateu diferente.

Capítulos
1 Capítulo 1 - A porta do impossível
2 Capítulo 2 - Primeiras impressões
3 Capítulo 3 - Corredores silenciosos
4 Capítulo 4 - Onde há silêncio, há inveja
5 Capítulo 5 - Confissões
6 Capítulo 6 - Cuidado ou controle?
7 Capítulo 7 - A escolha
8 Capítulo 8 - O quarto ao lado
9 Capítulo 9 - Feridas
10 Capítulo 10 - Desejo
11 Capítulo 11 - De volta ao silêncio
12 Capítulo 12 - O olhar de foge
13 Capítulo 13 - Silêncios que falam
14 Capítulo 14 - Rendição silenciosa
15 Capítulo 15 - O toque depois do silêncio
16 Capítulo 16 - Um jantar para dois
17 Capítulo 17 - Entre olhares e silêncios
18 Capítulo 18 - O que não se diz em voz alta
19 Capítulo 19 - O dono do silêncio
20 Capítulo 20 - Um almoço, dois mundos
21 Capítulo 21 - Suspiros
22 Capítulo 22 - Confissões e desejos ardentes
23 Capítulo 23 - Um novo começo
24 Capítulo 24 - Um jantar, dois corações
25 Capítulo 25 - Promessas
26 Capítulo 26 - Planos emocionais… Sensuais?
27 Capítulo 27 - Jogo de olhares
28 Capítulo 28 - Quando o desejo vira amor (HOT)
29 Capítulo 29 - Amanhecer com gosto de nós dois
30 Capítulo 30 - Até logo com gosto de saudades
31 Capítulo 31 - Dois corações em distância
32 Capítulo 32 - De volta pra ela
33 Capítulo 33 - Inimigo a vista
34 Capítulo 34 - O inimigo silencioso
35 Capítulo 35 - Primeira jogada
36 Capítulo 36 - Entregues outra vez
37 Capítulo 37 - Mudanças de vida
38 Capítulo 38 - Oficialmente nós
39 Capítulo 39 - Primeiro dia
40 Capítulo 40 - Portas que se abrem
41 Capítulo 41 - Na boca dos leões
42 Capítulo 42 - Projeto VIVA
43 Capítulo 43 - Intenções
44 Capítulo 44 - Raízes
45 Capítulo 45 - Fome de você
Capítulos

Atualizado até capítulo 45

1
Capítulo 1 - A porta do impossível
2
Capítulo 2 - Primeiras impressões
3
Capítulo 3 - Corredores silenciosos
4
Capítulo 4 - Onde há silêncio, há inveja
5
Capítulo 5 - Confissões
6
Capítulo 6 - Cuidado ou controle?
7
Capítulo 7 - A escolha
8
Capítulo 8 - O quarto ao lado
9
Capítulo 9 - Feridas
10
Capítulo 10 - Desejo
11
Capítulo 11 - De volta ao silêncio
12
Capítulo 12 - O olhar de foge
13
Capítulo 13 - Silêncios que falam
14
Capítulo 14 - Rendição silenciosa
15
Capítulo 15 - O toque depois do silêncio
16
Capítulo 16 - Um jantar para dois
17
Capítulo 17 - Entre olhares e silêncios
18
Capítulo 18 - O que não se diz em voz alta
19
Capítulo 19 - O dono do silêncio
20
Capítulo 20 - Um almoço, dois mundos
21
Capítulo 21 - Suspiros
22
Capítulo 22 - Confissões e desejos ardentes
23
Capítulo 23 - Um novo começo
24
Capítulo 24 - Um jantar, dois corações
25
Capítulo 25 - Promessas
26
Capítulo 26 - Planos emocionais… Sensuais?
27
Capítulo 27 - Jogo de olhares
28
Capítulo 28 - Quando o desejo vira amor (HOT)
29
Capítulo 29 - Amanhecer com gosto de nós dois
30
Capítulo 30 - Até logo com gosto de saudades
31
Capítulo 31 - Dois corações em distância
32
Capítulo 32 - De volta pra ela
33
Capítulo 33 - Inimigo a vista
34
Capítulo 34 - O inimigo silencioso
35
Capítulo 35 - Primeira jogada
36
Capítulo 36 - Entregues outra vez
37
Capítulo 37 - Mudanças de vida
38
Capítulo 38 - Oficialmente nós
39
Capítulo 39 - Primeiro dia
40
Capítulo 40 - Portas que se abrem
41
Capítulo 41 - Na boca dos leões
42
Capítulo 42 - Projeto VIVA
43
Capítulo 43 - Intenções
44
Capítulo 44 - Raízes
45
Capítulo 45 - Fome de você

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