FELIPE NARRANDO
Desci os degraus da empresa sem pressa, o sol de Milão brilhando forte lá fora, mas nenhum calor se comparava ao que queimava sob minha pele. O gosto do desafio dela ainda estava na minha boca, e o veneno doce que ela achou que me fez engolir há um ano… estava prestes a voltar para ela em dose tripla.
Victor veio logo atrás, sóbrio como sempre, os olhos atentos ao movimento, mas a expressão dele… um pouco hesitante.
Victor: — Tem certeza disso, chefe? — perguntou em tom baixo, enquanto abria a porta do carro
Victor — Já faz um ano… talvez fosse melhor…
Felipe: — Melhor? — ri sem humor, ajeitando o paletó antes de entrar no carro
Olhei diretamente pra ele, o sangue ainda fervendo, o orgulho corroído e a lembrança daquela mulher me dilacerando como lâmina afiada.
Felipe: — Eu pedi pra você descobrir onde ela trabalhava, Victor. Pedi detalhes, pedi o nome da empresa… e você trouxe. Agora eu sei. E se ela acha que pode se esconder atrás de um crachá e fingir que virou outra pessoa… — meus lábios se curvaram em um sorriso frio — … ela não conhece nem metade do jogo.
Victor fechou a porta do carro e entrou do outro lado, o motor ligando, o ronco grave preenchendo o silêncio tenso.
Victor: — E o que exatamente o senhor pretende fazer? Só negócios… ou algo mais pessoal?
Me inclinei no banco de couro, os olhos fixos no vidro enquanto Milão passava lá fora, prédios, pessoas, vidas normais… tão diferente do caos que ela deixou dentro de mim.
Felipe: — Eu vou tirar tudo dela. — declarei, a voz baixa, carregada de rancor e desejo misturados
Felipe: — Tudo o que ela construiu… essa pose de mulher forte, esse teatro de indiferença, esse emprego novo, a nova vida… — apertei o punho fechado sobre a coxa — … e no final, ela vai lembrar. Vai lembrar exatamente quem eu sou. Quem ela pertenceu. E quem ainda manda no maldito jogo.
Victor ficou em silêncio por alguns segundos, antes de soltar um suspiro resignado.
Victor: — Só espero que o senhor aguente o próprio veneno, Castellani. Essa mulher ainda mexe demais com você.
Sorri de canto, o olhar perdido na cidade, o peito queimando, o orgulho ferido pulsando.
Felipe: — Eu sempre aguento, Victor. O problema… é quando ela não aguentar mais se esconder.
O carro acelerou, e o jogo… esse jogo maldito e delicioso… estava oficialmente aberto.
E dessa vez, ou ela cai de novo… ou cai comigo.
O portão eletrônico se abriu lentamente, revelando a fachada da minha cobertura em Milão. Luxo, vidro, mármore, aço. Tudo frio, calculado, impecável… como eu sempre gostei. Como eu aprendi a ser depois do que ela fez comigo.
Desci do carro sem pressa, o paletó jogado no banco de trás, as mangas da camisa arregaçadas, o relógio brilhando no pulso. O sangue ainda pulsava forte nas veias, a adrenalina da reunião… e o rosto dela… entalhado na minha memória como maldição.
Angelina Novak.
Ou, como ela fingiu ser hoje… Novak. Profissional. Indiferente. Distante.
Maldita.
Pisei no hall e o som dos saltos ecoou antes que eu a visse. Não precisei olhar para saber quem era.
Sabrina Vasquez.
Alta, cabelos castanhos lisos, corpo escultural, lábios vermelhos demais… e aquela maldita obsessão brilhando nos olhos castanhos dela.
Ela estava lá. Como sempre. Usando uma camisa minha, curta demais, o perfume forte dominando o ambiente, o sorriso colado no rosto como se pertencesse a algo maior do que ela tinha direito.
Sabrina: — Finalmente. — disse, o tom sedutor, se aproximando, os braços se enroscando no meu pescoço
Sabrina: — Achei que tinha me esquecido hoje… E depois da nossa noite ontem… não achei justo.
Revirei os olhos discretamente, as mãos no bolso da calça, o corpo rígido, sem retribuir o toque. Nunca retribuía. Não de verdade. Ela servia pra distração, pro vazio, pra preencher algumas madrugadas… mas gostar? Gostar, eu não gostava de ninguém desde ela.
Felipe: — Não gosto de cobranças, Sabrina. — disse seco, me afastando com um passo, os olhos frios
Ela sorriu, sem se abalar, como sempre fazia, como quem não enxerga limites.
Sabrina: — Eu sei. — a voz dela baixou, carregada de charme forçado
Sabrina: — Mas você também não gosta de dormir sozinho. E eu… sou paciente. Sei que ainda vai me olhar do jeito que olha aquela… — os olhos dela brilharam de amargura — … aquela que te partiu no meio.
Meu maxilar travou.
O sangue esquentou.
Felipe: — Cuidado com o que diz. — avisei, a voz baixa, o tom perigoso, o olhar afiado como lâmina
Ela ergueu as mãos em rendição, mas o sorriso insistia, teimava, como se ela não soubesse o quanto jogava com fogo.
Sabrina: — Só estou dizendo o óbvio, Castellani. — os lábios dela se curvaram — Você acha que está no controle… mas desde o dia em que ela sumiu da sua vida, você nunca mais foi o mesmo.
O peito apertou, mas o orgulho falou mais alto. Cruzei os braços, os olhos cravados nela, o tom gelado:
Felipe: — Ela sumiu porque eu deixei. — menti para mim mesmo e para ela — E agora que ela voltou… quem vai decidir quando e como ela cai… sou eu.
Sabrina se aproximou mais uma vez, mas dessa vez, o toque dela queimou de irritação, não de desejo. Peguei o que precisava da bancada, ignorei o cheiro do perfume barato demais e fui em direção ao meu escritório.
Felipe: — Se quiser ficar, fique. Se quiser ir, vá. — falei por cima do ombro — Mas não me testa, Sabrina. Hoje… hoje, o jogo recomeçou.
Fechei a porta atrás de mim, o peito ainda em chamas, e na tela do computador, o rosto da Novak — da Angelina — brilhava no prontuário da empresa.
Ela achou que estava segura.
Ela achou que seguiu em frente.
Mas eu estou aqui.
E ninguém, nem ela, nem Sabrina, nem o maldito mundo… vai tirar de mim o que é meu.
Angelina ainda era minha. E dessa vez… eu ia provar isso. Nem que tivesse que destruir tudo ao redor.
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Atualizado até capítulo 48
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