— Você de novo? — a voz de Henry cortou o ar como uma faca recém-afiada.
Elaijh ergueu o olhar devagar, o café quente ainda meio esquecido na mão. Ele não esperava vê-lo ali, no mesmo café em que costumava passar antes de visitar um dos “negócios” mais limpos do clube. Henry estava parado ao lado da fila, com um olhar que misturava desprezo, tédio e uma pitada de “vou arrancar seu fígado se você respirar perto de mim”.
— Isso tá virando perseguição? — Elaijh sorriu com cinismo, dando um gole no café como se nada o afetasse. — Porque se for, tá falhando. Ainda não recebi seu número.
Henry soltou uma risada seca. — A única coisa que você vai receber de mim é uma multa, seu troglodita motorizado. Ainda lembro muito bem do meu retrovisor pendurado como um pênis de borracha depois daquela sua manobra idiota.
— Sabe que isso foi meio específico demais, né? — Elaijh arqueou a sobrancelha. — Tá tudo bem em casa?
— Tá tudo bem até demais, o problema é na rua. Especialmente quando ela tá cheia de idiotas vestindo couro achando que são personagens de série de motoclube barato.
— Filho da puta, você tem uma língua afiada, hein? — Elaijh riu, e foi sincero dessa vez. Henry parecia uma porra de gato arisco, mas com a postura de alguém que sabia o que queria e não se curvava pra macho nenhum. Aquele tipo de insolência deixava algo em seu peito inquieto… ou mais abaixo. — Isso é sempre ou só quando tá de TPM?
— Ah, então além de babaca, você é misógino? — Henry cruzou os braços, a camisa social alinhada, o cabelo preso de qualquer jeito por um prendedor com o nome “H. Harper” escrito à caneta. — Me diz, você quebrou o retrovisor porque tem um pau pequeno ou só não sabe pilotar direito?
— Com essa boca, você podia ser do clube.
— Com essa cara de presidiário aposentado, você podia ser réu no processo que tô organizando hoje à tarde.
Elaijh sorriu com gosto. Tinha uma coisa nele que era magnética. Talvez fosse o cheiro — havia algo ali que incomodava, como uma fragrância que ele não conseguia nomear. Mas não era o cheiro de um ômega. Isso ele reconheceria. Ou... não?
— Que porra você é? — Elaijh perguntou de repente, semicerrando os olhos. — Nunca vi um estagiário falar desse jeito.
Henry não respondeu de imediato. Encostou-se no balcão, pediu um café duplo e virou para encará-lo com toda a força da sua ironia.
— Sou seu pesadelo de salto baixo e código civil, gostosão.
O alfa soltou um assobio baixo.
— Sabe que eu podia me apaixonar por você, né?
Henry virou os olhos. — Cuidado, esse tipo de pensamento causa disfunção erétil em idiotas.
Mais tarde naquele dia, Henry se jogou na poltrona do escritório do Dr. Marcelo, o advogado sênior que revisava seus relatórios. O homem era simpático, mas sempre tinha cheiro de terno velho e desespero. Pelo menos não cheirava como ele. Aquele maldito alfa. Por que ainda sentia aquele cheiro na memória?
— Você parece nervoso, Henry. — Marcelo comentou, sem desviar os olhos da tela.
— É a cafeína. E o trânsito. E os ogros de colete que quebram retrovisores.
Marcelo riu, sem entender metade da fala. Henry bufou, puxando a pasta de documentos. Estava tudo sob controle. Ele era um ômega puro, escondia isso com perfeição, e ninguém, NINGUÉM, ia cheirar merda nenhuma. Nem mesmo aquele alfa com cara de pecado e língua afiada.
Ou assim ele queria acreditar.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Maninha Galvão
já estou gostando /Angry/
2025-08-05
1
Rosienne Vieira
comecei agora e gostei
2025-08-06
1
Monica De Carvalho Carvalho
Maravilhosa história!
2025-07-25
1