O despertador irrompeu como um sino. Um banho rápido; o café, mais rápido ainda. Procurei o gato da noite
anterior pela casa — nada. O relógio não me dava trégua: estava na hora de ir trabalhar.
— Olá, senhorita Ângela? — Jack cumprimentou, já no salão.
— Bom dia, senhor Jack. Não estou atrasada, estou? — respondi, ajeitando o avental.
— Não, mas a Luana está quase atrasada — ele retrucou, seco.
— Oi, Ângela. — Matt apareceu, com seu costumeiro sorriso e um beijo na bochecha como saudação que
sempre me aquece por dentro.
— Você não teve pesadelo? — perguntou ele, curioso.
— Não... e por que eu teria pesadelo? — brinquei.
— Morou perto daquela casa, né? — ele insistiu, voz baixa.
— Não, não se preocupe. Eu encontrei um gatinho ontem à noite — respondi, tentando parecer casual.
— Sei que sou bonito, não precisava chamar de gatinho — ele riu.
— Eu não estava falando de você, Matt. — revidei, sorrindo.
— Um gato mesmo, que mia? — ele perguntou, curioso.
— Sim. Laranja, com listras, parecia um tigrezinho. — descrevi.
— Sério? Acho que você sonhou. — Matt deu de ombros.
— Quem sonhou com um gato? — Luana entrou na conversa, divertida.
— A Ângela, um gato bem grande? — Matt provocou.
— Vai parar de zoar comigo? — reclamei, fingindo ofensa.
— Espera, eu estava brincando — ele disse, levando a mão ao peito em fingida inocência.
— Matt, você pisou na bola. Vamos trabalhar. — Luana concluiu, puxando a ordem.
Eu ajeitava as mesas, cansada como sempre ao fim do dia, mas duvidava que tivesse sonhado com um tigre.
Matt falava sem pensar às vezes — e eu gostava disso.
— Senhorita Ângela? — uma voz calma chamou-me, interrompendo os pensamentos.
— Oi, posso anotar o seu pedido? — perguntei, aproximando-me da mesa.
— Um café e torradas, por favor. — respondeu o homem em uniforme; um policial.
— Já trago. — anotei. Enquanto pegava os copos, Matt cochichou: — Só um minuto... desculpa pelo transtorno,
chefe?
— Vai ter que suar mais do que isso para eu perdoar você. — respondi, em tom de brincadeira.
— Que tal uma noitada neste fim de semana? Por minha conta. — Matt sugeriu, olhando-me como se esperasse
resposta.
— Eu não gosto de lugares com muita gente. — disse, hesitante.
— A Luana vai também. Vai aceitar ou não? — ele provocou.— Tudo bem... mas achei que seria um encontro só nós dois. — confessei, corando ligeiramente.
— Não sabia que você queria tanto assim ficar comigo. Podemos aproveitar a noite na minha casa — só eu e
você. — A voz dele ficou mais baixa, intensa.
Sorri, não sabendo se aquilo era brincadeira ou convite. Jack cortou: — Voltem ao trabalho, os dois.
— Sim, senhor. — Matt respondeu prontamente.
— Senhor, aqui está o seu pedido. — servi o policial.
— Obrigado, senhorita Ângela. O meu pai falou que o cachorro dele bagunçou o seu quintal de novo? — o
policial comentou, enveredando pela rua.
— Ah, o senhor é filho do Gustavo? — perguntei, surpresa.
— Sim. Peço desculpas; fui eu quem deu o cachorro para ele. — disse, envergonhado.
— Entendo, mas não é a primeira vez. Ele pode prendê■lo ou levar para passear. — sugeri.
— Vou falar com ele. Se o cachorro destruiu o seu jardim, posso reparar. — ofereceu.
— Eu cuido disso, obrigada — respondi, mas ele insistiu: — Posso ajudar você este fim de semana, antes do
trabalho?
— Tudo bem, obrigado. — concordei. Ele sorriu: — Pode me chamar de Pedro.
(Quando saiu, Luana cutucou.) — Arrasadora de corações?
— Quem, eu? — perguntei, fingindo surpresa.
— O que falou para o policial? — Luana quis saber.
— Nada demais. Ele é filho do vizinho e vai me ajudar com o jardim. — respondi, evitando me alongar.
— O seu cavaleiro! Esse policial tem nome? — ela perguntou, ansiosa.
— Sim. Pedro. Mas chega de conversa, volte ao trabalho. — fechei, já correndo entre as mesas.
No fim do turno, exausta, Luana não parava de perguntar sobre Pedro. Matt comentou, risonho: — Um
passarinho contou que você já tem um cavaleiro de armadura brilhante.
— Sério? — respondi, envergonhada.
— O nome dele é Pedro, e não temos nada — esclareci.
— Os olhos dele seguem como um gato segue a presa: sem pressa, calculando. — Luana suspirou. — Vou indo.
Até amanhã, Ângela. — ela acenou e seguiu.
— Até, Luana. — eu disse, e senti a mão de Matt segurar a minha por um instante.
— Você gosta de homens de uniforme? — Matt perguntou, provocante.
— O que? — eu ri, surpresa com a pergunta séria. — Por quê?
— Quero saber para a minha festa à fantasia. — ele disse, brincando.
— Como devo me vestir? — desafiei.
— Pensei em enfermeira, roupa curta e colada. Algo que deixe seu corpo ainda mais sexy — respondeu ele, num
sussurro que me fez corar. — Depois eu adoraria tirar peça por peça... devorando cada parte do seu corpo com os olhos e com as mãos.As palavras de Matt incendiaram algo em mim. Os olhos dele brilhavam com luxúria. Não sou de me entregar
fácil, mas senti um calor subir pelo corpo; suas palavras eram um convite perigoso. Ele aproximou-se; fiquei
parada, esperando o toque, como alguém esperando o remédio que cura e que também consome.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
Iracilda Santana
kkkk, boa gostei
2025-08-20
3