📖 CAPÍTULO 5 – ENCOSTO
A Monroe Sustainable Developments era movimentada naquela manhã.
Novas parcerias estavam sendo avaliadas, contratos sendo revistos, e um novo nome corria pelos corredores: **Leon Hartman**, investidor estrangeiro, CEO da Harttech Group — uma holding milionária com negócios em Dubai, Paris e Nova York.
Valentina estava sentada à cabeceira da mesa de reuniões, impecável como sempre: cabelo preso em um coque baixo, blazer branco sobre uma blusa preta justa e saltos finos. A postura dela era firme, mas o olhar estava exausto.
O novo investidor entrou como um furacão.
Alto, moreno, barba cerrada, olhos verdes. Vestia terno escuro, relógio de luxo e um sorriso cínico que mais parecia um convite ao pecado.
— “Senhorita Monroe?” — ele estendeu a mão. — “Ou devo chamar de senhora Gavin?”
Valentina manteve o olhar profissional.
— “Valentina Monroe está ótimo.”
Ele apertou sua mão com um pouco mais de firmeza do que o necessário, os olhos fixos nos dela. Não disfarçou o desejo. Não tentou ser discreto.
Durante os primeiros quinze minutos de reunião, Leon ouviu os detalhes da proposta de sustentabilidade e expansão urbana.
Depois, relaxou na cadeira, cruzou os braços e soltou:
— “Você sabe que é difícil se concentrar quando a CEO é uma mulher como você, não sabe?”
Os olhares ao redor congelaram.
Valentina manteve a expressão firme, sem reagir de imediato.
— “Acredito que minha competência fale mais alto do que meu vestido, senhor Hartman.”
Leon riu, genuinamente.
— “Fala, sim. Mas os dois juntos... são de parar o coração.”
A porta se abriu bruscamente.
Gavin.
Entrou como se tivesse sido atraído pela tensão no ar. O olhar dele varreu a mesa, e parou em Leon.
Frio. Ameaçador.
— “Interrompo alguma coisa?” — disse, com o maxilar trincado.
Valentina deu um pequeno suspiro.
— “Estamos em reunião.”
— “Ah, sim. Notei o tom... técnico.” — disse, olhando direto para Leon.
Leon levantou-se, estendeu a mão.
— “Gavin Monroe, o marido?”
— “Exatamente.”
— “Interessante. Você parece mais... inseguro do que eu imaginava.”
Gavin não aceitou a provocação com elegância.
Se virou para Valentina e disse em voz audível:
— “Você é casada. Um pouco mais de postura cairia bem.”
Valentina congelou.
Leon riu, pegou o cartão e se aproximou dela de novo.
— “Valentina…” — o tom dele era diferente agora. Mais calmo, mas firme. — “O dia que você estiver livre desse encosto… me ligue. E não pra falar de negócios.”
Colocou o cartão sobre a mesa.
Saiu como se nada tivesse acontecido.
O silêncio ficou como uma fumaça densa no ar.
Valentina pegou o cartão, girou-o entre os dedos e depois o deixou de lado.
Levantou-se.
Olhou para Gavin com uma calma que vinha de raiva engarrafada.
— “Na minha sala. Agora.”
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Gavin entrou e fechou a porta com força.
— “Você não vê o que ele queria?” — rosnou.
— “Vejo, sim. E vejo também o que você não quer admitir.”
— “Você está se jogando no colo de qualquer um agora?”
— “Ah, então agora você se importa?”
Ele andou até ela, olhos cheios de raiva.
— “Eu sou seu marido.”
— “No papel.”
— “Você me envergonha!”
— “E você me adoece!”
Valentina jogou a caneta sobre a mesa, cruzou os braços, os olhos ardendo.
— “Você nunca me defendeu. Nunca me amou. Nunca me desejou. E agora quer bancar o macho ferido porque outro homem viu em mim o que você finge não enxergar?”
Gavin a encarou como se estivesse vendo uma nova mulher diante de si.
— “Você virou uma vadia.”
Ela riu.
Gelada.
— “Não. Eu virei alguém que cansou de ser manipulada.”
Ela deu a volta na mesa, abriu a porta da sala e apontou para o corredor.
— “Sai. Agora.”
— “Você vai me expulsar da sua sala?”
— “Não só da minha sala. Da minha casa também. Não dorme lá hoje. Nem essa semana. Nem o resto do mês se for por mim.”
Gavin hesitou.
A raiva queimava no rosto dele, mas algo no olhar dela o impediu de avançar.
— “Você vai se arrepender.” — ele ameaçou.
— “Já me arrependo desde o dia em que disse ‘sim’ no altar.”
— “Você acha que é melhor que eu?”
— “Eu tenho algo que você perdeu: respeito por mim mesma.”
Ela bateu a porta na cara dele.
Pela primeira vez desde o casamento… ela sentiu paz.
Pouca, mas real.
Na mesa, o cartão de Leon ainda brilhava sob a luz da manhã.
Mas Valentina não o tocou.
Ela não queria pular no colo de outro homem.
Ela só queria pular fora da própria prisão.
E talvez… pela primeira vez em anos… tivesse encontrado a chave.
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Atualizado até capítulo 38
Comments
Bia 💙🐈⬛
ela precisa da a volta por cima dele fazer ele sofrer muito kkkk
2025-07-19
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