LUNA
Na manhã de segunda-feira, acordei com um mau pressentimento latejando no fundo da minha cabeça. Era como se o universo estivesse preparando alguma peça... e, francamente, eu não tinha mais energia para lidar com imprevistos.
Engoli meu café quase frio e saí correndo para o trabalho, torcendo para que o destino decidisse me deixar em paz por algumas horas. Mas, como sempre, ele riu da minha cara.
Assim que cheguei à recepção da Hudson Global, já dava para ouvir os sussurros das recepcionistas e assistentes, um zunido de curiosidade que se espalhava como fogo.
"Você viu o CEO novo?"
"Ele está no prédio agora."
"Disseram que ele é jovem e... meu Deus, sexy demais."
Empurrei a porta do elevador e entrei, tentando ignorar as vozes. Eu já sabia quem era o novo CEO. Sabia demais. Ele estava marcado no meu cérebro como um erro de 200 dólares que eu tentei enterrar sob camadas de negação.
Silas Hudson.
O homem com quem eu dormi.
O homem que me chamou de "experiência" como se eu fosse um drinque exótico em um cardápio caro.
O homem que eu havia pago.
— Controle-se, Luna. — murmurei para mim mesma, apertando a pasta contra o peito.
Quando cheguei ao andar executivo, meu coração disparou ao vê-lo de pé, encostado casualmente na parede de vidro da sala de reuniões. Ele estava de terno cinza escuro, com a gravata afrouxada e o olhar calmo... tão calmo que me deu raiva.
Como ele podia parecer tão confortável, quando eu estava prestes a derreter de vergonha?
Nossos olhos se encontraram por uma fração de segundo. O dele brilhou com algo entre provocação e curiosidade. O meu... bom, o meu só queria se esconder atrás da estante de arquivos mais próxima.
— Luna Carter? — A voz de Natalie, minha supervisora direta, soou animada. — O senhor Hudson pediu para você comparecer à sala de reuniões 3B. Imediatamente.
O chão pareceu ceder sob meus pés.
— Senhor Hudson. — cumprimentei, tentando soar profissional. Eu podia sentir o suor na base da minha nuca.
Silas ergueu os olhos devagar, como se já estivesse esperando por mim. Ele fechou o laptop com um estalo e apoiou os braços sobre a mesa.
— Senhorita Carter. Você é pontual, ao menos. — disse com um tom neutro, mas havia um certo divertimento nos olhos dele. Um tipo de diversão perversa.
— Em que posso ajudar? — continuei, fingindo que não havia nenhuma história constrangedora entre nós.
Ele se recostou na cadeira.
— Estou revisando a equipe que ficará sob minha gestão direta, e você foi uma das selecionadas.
— Selecionadas? — repeti, sem entender.
— Para ser minha assistente pessoal.
Senti a garganta secar.
— Senhor Hudson... isso não é apropriado.
— Apropriado? — Ele levantou uma sobrancelha. — Está insinuando algo, senhorita Carter?
— Não. É que... bem, dadas as circunstâncias... nossa breve interação...
— Está falando da noite em que você me pagou duzentos dólares por sexo? — Ele soltou, com aquele tom sereno que me dava vontade de atirar a cadeira na cabeça dele.
Minha respiração engasgou no peito. Como ele pôde dizer aquilo com tanta naturalidade?
— Isso foi um erro. — sussurrei.
— Foi um acordo. — Ele rebateu, se inclinando para frente. — E não me lembro de você parecer arrependida na hora.
— Você estava se oferecendo. — rosnei. — E eu só queria desaparecer depois que você me olhou como se eu fosse descartável!
Ele deu uma risada baixa.
— Você me deixou no quarto com uma nota de duzentos dólares e saiu sem dizer uma palavra. Acha mesmo que eu me senti valorizado?
Fiquei em silêncio.
— Sente-se, Luna. — disse ele com voz firme.
Sentei. Parte por medo. Parte porque minhas pernas estavam prestes a desistir de mim.
— Esta empresa é grande demais para escândalos. Eu não sou o tipo de homem que mistura negócios com... — ele fez uma pausa e me olhou de cima a baixo — ...noites impulsivas.
Meu rosto queimava.
— Ótimo. Então por que me escolheu para assistente pessoal?
— Porque você é qualificada. — disse, como se isso fosse óbvio. — E porque quero ver até onde vai sua ética profissional quando colocada à prova.
— Isso é um teste?
Ele não respondeu. Apenas sorriu, com aquele maldito charme que só piorava tudo.
Durante os dias seguintes, trabalhei direto com ele. Café. Relatórios. Agendas. Reuniões.
Era como conviver com uma tempestade elétrica constante. Silas era exigente, brilhante, e tão absurdamente irritante que me fazia querer gritar. Mas, ao mesmo tempo, ele sabia exatamente como desafiar tudo o que eu achava que sabia sobre mim mesma.
E o pior?
Ele nunca esquecia de mencionar a noite dos 200 dólares, como se fosse uma piada interna entre nós. Uma que só ele achava graça.
Até que, numa sexta-feira, após uma reunião tensa com investidores, ele me chamou em sua sala de vidro.
— Luna, feche a porta. — disse, sem levantar os olhos.
Fechei.
— Hoje é sexta. — comentou. — E você parece exausta.
— Eu estou. — admiti.
— Vamos jantar.
Arqueei as sobrancelhas.
— Isso é um convite?
Ele finalmente ergueu os olhos para mim.
— É uma ordem. Eu sou seu chefe, lembra?
— Isso ainda parece um convite... impróprio.
Ele sorriu.
— Então me processe depois. Agora, vamos. Estou com fome.
Fiquei ali parada por um momento, lutando contra todos os avisos internos que me diziam que isso era uma péssima ideia.
Mas, ainda assim...
Peguei minha bolsa e o segui.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 65
Comments
🦊Guminho🦊
não é bennet
2025-07-22
0