Capítulo 05

Ela nem pensou duas vezes.

Helena: Sim. Claro que sim. E… obrigada. De verdade! Nossa, nem sei mais o que dizer…

Ela falou com sinceridade. Um grande sorriso se formou em seus lábios.

Ethan a observou em silêncio por alguns segundos.

Helena ainda estava paralisada no sofá, olhando para Ethan como se não acreditasse no que acabara de ouvir. Ele, por sua vez, mantinha o olhar firme, sério, e… um pouco demorado demais.

Ela percebeu. Havia algo diferente na forma como ele a encarava. Como se, por um momento, estivesse tentando decifrá-la.

Mas ele mesmo quebrou o gelo.

Ethan: Certo. Helena, então… amanhã eu espero você lá cedo. Pode ir no mesmo horário que seu irmão. Assim ele te ajuda com as suas coisas.

Helena: Que coisas?

Ela perguntou confusa.

Ethan: A vaga exige que você durma na mansão. Preciso de alguém que fique na casa o dia inteiro, inclusive à noite.

Helena se ajeitou no sofá, surpresa.

Helena: Mas o meu irmão… eu poderia vir e…

Ethan a interrompeu antes que ela terminasse.

Ethan: Seu irmão sabia que a faxineira de licença sempre estava à disposição na casa Leblanc, exceto depois de grávida.

Ethan ficou um pouco desconfiado por um instante.

Ethan: Está grávida?

Helena: Não, é claro que não…

Ethan: Tem um namorado?

Helena: Também não.

Ethan: Eu realmente preciso de alguém com disponibilidade integral, por isso essas perguntas, Helena. Mas fique tranquila — você terá seu próprio quarto, conforto, comida. E nada disso será descontado do seu salário. Você vai responder apenas pelas suas tarefas, e acredito que se sairá muito bem.

Helena balançou a cabeça lentamente, ainda olhando nos olhos dele.

Helena: Certo. Eu vou arrumar as minhas coisas então.

Ethan: Ótimo.

Ele se levantou. Ela também. Por um instante, ficaram frente a frente.

Helena: Me desculpa, senhor Leblanc… fui muito mal educada. Nem te ofereci nada. Quer uma água? Um café?

Ethan: Não, obrigado. Preciso ir. Já está ficando tarde.

Helena assentiu. Ele deu um passo à frente, então estendeu a mão.

Helena estendeu a sua também. A mão dele era firme, quente. A dela, suave e um pouco trêmula.

Os olhares se encontraram. Confusos, ela estava nervosa e ele um pouco constrangido com aquela situação.

Até que Ethan soltou a mão dela, quebrando o momento.

Ethan: Me perdoe por vir sem avisar. E obrigado por me receber.

Helena: Eu que agradeço pela nova oportunidade… de verdade.

Ethan: Até amanhã, Helena.

Ela o acompanhou até a porta. Ele saiu. Ela ficou ali, parada, olhando o corredor por onde ele havia passado.

Fechou a porta devagar… e encostou as costas nela, ainda com a expressão atônita. Sua boca estava levemente entreaberta, o coração acelerado.

“Ele veio até aqui… Ele me pediu desculpas… E quer que trabalhe lá…”

Ela passou a mão pelos cabelos, ainda sem acreditar.

Na volta da festa, Ricardo e Vanessa chegaram em casa animados, mas logo perceberam algo diferente no olhar de Helena. Sentaram-se com ela na sala, e, entre risos e expressões de surpresa, Helena contou tudo. Desde a ligação do porteiro até a visita inesperada de Ethan Leblanc, o pedido para que ela voltasse à mansão… e o convite para morar lá como a funcionária fixa morava.

Ricardo a olhou com atenção.

Ricardo: Helena… tem certeza de que é isso que você quer? Ele não foi grosseiro com você? Você pode ficar aqui o tempo que quiser, sabe que não irá lhe faltar nada.

Helena balançou a cabeça, confiante.

Helena: Não, ele não foi grosseiro. Ele só ficou assustado por me ver no quarto dele. Mas pediu desculpas. Eu tô bem. Quero muito ficar nesse trabalho. Mesmo que seja temporário, até lá tenho como procurar outras oportunidades.

Ricardo trocou um olhar com Vanessa, que apenas sorriu.

Naquela noite, Helena arrumou suas poucas roupas em uma mochila. No dia seguinte, se despediu de Vanessa com um forte abraço e, logo cedo, saiu com Ricardo rumo à mansão Leblanc.

Quando chegaram, Helena parou diante do imenso portão, observando a fachada elegante da casa.

Segurava a mochila nos ombros. Respirou fundo.

E, com os olhos fixos naquela porta que agora se abriria para uma nova fase da sua vida, Helena deu o primeiro passo.

Helena mal teve tempo de tocar a campainha. Camila apareceu na porta com um sorriso gentil, mas o sorriso logo deu lugar à surpresa ao ver quem estava ali.

Camila: Helena?!

A porta abriu por completo, e Nathan, que vinha do corredor, parou no mesmo instante ao vê-la ali. O semblante dele também se iluminou.

Nathan: Helena… você voltou?

Helena sorriu, um pouco tímida, com a mochila nos ombros.

Helena: Na verdade, eu recebi um convite… do senhor Ethan. Ele me pediu pra aceitar a vaga de volta.

Antes que pudessem reagir, os dois olharam por reflexo para trás — e lá estava Ethan, parado a alguns passos. Ele observava a cena com um olhar indecifrável, esforçando-se para manter a expressão séria. Apenas murmurou um “bom dia” seco e seguiu direto para a cozinha, sem esperar resposta.

Camila e Nathan voltaram os olhos para Helena, ainda processando.

Camila: Bem… que ótimo! Seja bem-vinda, de verdade. Vem, vou te mostrar o seu quarto. Eu já esperava que você fosse ficar, então ontem mesmo ele ficou pronto para te receber.

Ela pegou a mochila de Helena antes que a moça pudesse protestar.

Nathan: Eu tô feliz por tê-la aqui.

Ele se aproximou e a abraçou. Helena correspondeu com um sorriso.

Helena: Eu que agradeço por serem tão gentis comigo, estou muito grata.

Nathan: Tô indo pra cozinha. Nos vemos depois, seja bem-vinda.

Enquanto Helena subia com Camila, o cachorro Pingo correu atrás de Nathan, balançando o rabo animadamente.

Na cozinha, Ethan estava de costas, bebendo um copo d’água em silêncio. Nathan entrou devagar, sentou-se à mesa. O silêncio se manteve, tenso e denso. Pai e filho apenas coexistiam no mesmo espaço por alguns instantes.

Ethan terminou de beber, colocou o copo na pia, prestes a sair.

Nathan: Pai.

Ethan parou. Virou-se parcialmente, sem encará-lo diretamente.

Nathan: Obrigado.

Ele foi direto.

Ethan nada respondeu. Apenas virou-se completamente e saiu da cozinha… com um sorriso discreto nos lábios — que Nathan, de costas, não viu.

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